segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Educação em valores humanos




Instituto Sri Sathya Sai de Educação do Brasil
Programa Sathya Sai Educare Educando com Valores
“Semeie um pensamento e colherás um ato;Semeie um ato e colherás um hábito;Semeie um hábito e colherás um caráter;Semeie um caráter e colherás um destino”
Sathya Sai Baba
O instituto Sri Sathya Sai de Educação do Brasil é uma instituição sem fins lucrativos e promove cursos e oficinas para qualquer pessoa, especialistas ou não que trabalham na construção da solidariedade entre as pessoas, que vai de encontro ao objetivo da Terapia comunitária, promover rede de apoio e solidariedade aos diversos tipos de problemas humanos que trazem sofrimento. As atividades são oferecidas à sociedade sempre gratuitamente. A Educação em Valores Humanos conduz à excelência humana.”
O Programa Educare visa o respeito e a unidade de todas as religiões ( Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, ). Os Valores que norteiam o PSSE são os mesmos princípios éticos, filosóficos e espirituais de todas as Religiões e de todas as Culturas da Humanidade.
A proposta visa basicamente a formar pessoas de caráter, ensinando a reconhecer e viver o que existe de mais sagrado na vida: o Amor, a Verdade, a Paz, a Ação Correta e a Não-Violência. Com base nesses valores universais, realizam-se todos os projetos, visando o desenvolvimento do ser humano e a criação de uma cultura de paz, contribuindo de forma efetiva para resgatar a cooperação, a solidariedade e o respeito ao diferente, considerando todas as culturas e tradições.
Suas atividades promovem a construção do conhecimento e o desenvolvimento humano com consciência e ética, seguindo uma proposta que visa despertar nas pessoas seu compromisso com a construção de um mundo mais harmônico e justo através do exercício amoroso das competências, cognitiva, técnica, social e humana. Os resultados dessas atividades se traduzem através da aplicação e da vivência da proposta de Valores Humanos em todas as áreas de atividades, inclusive na Terapia Comunitária. Abaixo estão os sites para quem tiver interesse e achar em sua cidade lugares para fazer o curso básico em Educação em Valores Humanos.
www.saieducare.org.br/
www.sathyasai.org.br/


Instituto Sri Sathya Sai de Educação do Brasil
Programa Sathya Sai Educare Educando com Valores
“Semeie um pensamento e colherás um ato;Semeie um ato e colherás um hábito;Semeie um hábito e colherás um caráter;Semeie um caráter e colherás um destino”
Sathya Sai Baba
O instituto Sri Sathya Sai de Educação do Brasil é uma instituição sem fins lucrativos e promove cursos e oficinas para qualquer pessoa, especialistas ou não que trabalham na construção da solidariedade entre as pessoas, que vai de encontro ao objetivo da Terapia comunitária, promover rede de apoio e solidariedade aos diversos tipos de problemas humanos que trazem sofrimento. As atividades são oferecidas à sociedade sempre gratuitamente. A Educação em Valores Humanos conduz à excelência humana.”
O Programa Educare visa o respeito e a unidade de todas as religiões ( Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, ). Os Valores que norteiam o PSSE são os mesmos princípios éticos, filosóficos e espirituais de todas as Religiões e de todas as Culturas da Humanidade.
A proposta visa basicamente a formar pessoas de caráter, ensinando a reconhecer e viver o que existe de mais sagrado na vida: o Amor, a Verdade, a Paz, a Ação Correta e a Não-Violência. Com base nesses valores universais, realizam-se todos os projetos, visando o desenvolvimento do ser humano e a criação de uma cultura de paz, contribuindo de forma efetiva para resgatar a cooperação, a solidariedade e o respeito ao diferente, considerando todas as culturas e tradições.
Suas atividades promovem a construção do conhecimento e o desenvolvimento humano com consciência e ética, seguindo uma proposta que visa despertar nas pessoas seu compromisso com a construção de um mundo mais harmônico e justo através do exercício amoroso das competências, cognitiva, técnica, social e humana. Os resultados dessas atividades se traduzem através da aplicação e da vivência da proposta de Valores Humanos em todas as áreas de atividades, inclusive na Terapia Comunitária. Abaixo estão os sites para quem tiver interesse e achar em sua cidade lugares para fazer o curso básico em Educação em Valores Humanos.
www.saieducare.org.br/
www.sathyasai.org.br/

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Resiliênca, quando a carência gera competência

Toda carência gera uma competencia. A resiliência, um dos pilares básicos em que se apóia a Terapia Comunitária, se refere ao saber que a pessoa adquire ao longo da sua vida, pela experiência, a luta, as vitórias sobre dores que poderiam te-la quebrado ou, de fato, a quebraram durante anos.

Quando a pessoa emerge vitoriosa do processo de estranhamento de si mesma, quando ela recupera a sua autoestima, aprende que ela é alguém de valor sem igual na sua vida, alguém que por ter vencido todas as batalhas que se apresentaram até o momento atual, é dona de um saber e de um poder que nada deve a ninguém, mas apenas a si mesma.

Tendemos a valorizar em demasia algo que lemos, uma ajuda que recebemos, alguma pessoa ou muitas, a quem atribuimos valor enorme na nossa vida. Mas sem a nossa decisão de vencer, teriamos sucumbido. As pessoas do meio popular valorizam muito o saber aprendido na escola da vida.

A Terapia Comunitária reforça esta atribuição de valor, enfatizando que cada um é doutor na sua própria experiência. Saber que se aprende nos livros e nas escolas, o saber técnico-científico, na substitui mas se complementa com o saber experiencial, o que foi adquirido no dia a dia, ao longo dos anos, na luta contra circunstâncias adversas, quer seja na família, a primeira escola de cada um, quer na escola ou no trabalho, na vizinhança, nas distintas esferas sociais de atuação.

A pessoa resiliente valoriza os gestos de ajuda que recebeu e recebe ao longo da vida. Ela se nutre da generosidade, da infinidade de atos de amor que a acolheram e ampararam ao longo das vicissitudes que teve de atravessar. Ela sabe que cada um, cada ser humano, é a soma de infindáveis atos e gestos de colaboração que deram por resultado o ser que cada um de nós é agora.

A vida adquire um valor inestimável desde esta perspectiva, em que tudo que somos reúne os nossos ancestrais, os amigos que fomos tendo nas distintas etapas da vida, as lutas que tivemos que enfrentar, os ambientes e experiências adversos pelos que tivemos que atravesar, as vitórias que nos foi dado obter. Somos uma soma de atos de amor.

A pessoa resiliente sabe disto, e age em conseqüência, valorizando cada pequena coisa. É comum em famílias de imigrantes ou pessoas que sofreram necessidades como fome ou escassez, valorizar uma migalha de pão, uma gota de água, um pedaço de comida, um olhar de compreensão, uma escuta calorosa e atenta.

Quando a pessoa se vê na trama da vida, na teia da vida, como costumamos dizer na Terapia Comunitária, ela não dispensa nada, e o que a faz sofrer a faz crescer. Ela descobre isto na sua formação como terapeuta comunitário, quando reconhece o processo do qual é resultado. Si se sentiu abandonada, não querida, torna-se amorosa, sensível ä dor alheia, capaz de se doar sem nada esperar, sabendo da alegria de poder se integrar amorosamente na vida dos outros.

Se foi problema, tende a ser solução. Se se sentiu um estorvo, sabe acolher. No processo de se tornar terapeuta comunitário, a pessoa aprende a se tornar cada vez mais autônima, mas senhora de si, na medida em que sai do papel de vitima para o de vencedor. A complementação do saber científico com o experiencial, oriundo da vida e das vivências que cada pessoa passou e passa, cria essa capacidade resiliente que torna o individuo forte naquilo em que foi mais débil.

É a transformação da fraqueza em força, e cada ser humano é capaz de descobrir e descobre que isto ocorre na vida de cada pessoa. Neste sentido, pode-se dizer que é a vitória do ser humano sobre a adversidade. Eterna epopéia infindável em que todos estamos involucrados, e que não termina enquanto há vida.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Voltar, vencer

Na sexta-feira passada, passei por uma experiência que sinto necessidade de partilhar. Não desde o ponto de vista de uma vítima, embora eu e a minha esposa tenhamos ficado sob ameaça de arma de fogo e de faca, amarados, reféns na nossa própria casa, mas desde o ponto de vista humano, ou, melhor, desde um ponto de vista humano. Tenho pensado muitas vezes, desde então, o que é que os ladrões levaram de mais valioso desta vez.

Tenho voltado a ter as sensações que me acompanaram durane anos, de medo, paranoia, deconfiança, insegurança. Depois de muitos anos de árduo trabalho, tinha cmeçado a viver em paz, a confiar outra vz nas pessoas, a acordar de manhã e passar o dia numa calma benfazeja que me fazia apreciar a vida no que tem de mais belo. Isto virava poemas que partilhava com amigos e amigas, com colegas da terapia comunitária e do grupo de Igreja de que participo. Sei que isto voltará, náo sei quando, mas posso dizer, a todos e a todas que me lêem, que sei que hei de voltar novamente, como voltei da primeira vez, como continuarei voltando, porque é destino humano se ter de volta cada vez que nos perdemos.

Ninguém volta sozinho, isto sabemos, e sinto ao meu lado a presença de tantos seres amados, de luta e de força, incansáveis parteiros e parteiras da esperança e do amor. Sei que hei de vencer, porque o amor vence sempre e nada há superior ou maior do que o Amor.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Refletindo o Cuidar e ser Cuidado

Essas frases foram coletadas por mim e no final de cada uma contém uma pergunta reflexiva. Fiz um trabalho com funcionários dos CRAS de Campo Limpo Paulista, onde reunidos em grupos eles escolheram uma frase por membro para refletir em grupo num primeiro momento. Num segundo momento, da reflexão feita, eles bolavam uma frase síntese que seria então "publicada" na forma de folder e anexada em cada CRAS da cidade. Foi bem divertido e enriquecedor o trabalho, já que todos são cuidadores. Aproveitei para ter em mãos essas perguntas para utilizar como mote em momentos oportunos.

Cuidar e ser cuidado

1. Cuidar é respeitar cada ser, começando por você. Aceitar as diferenças, cada um é doutor de sua própria vida. Você tem aceitado as pessoas como elas são, sem tentar modificar, corrigir, julgar, convencer ou resolver pelo outro? E você tem sido respeitado?


2. Cuidar é perceber o sofrimento do outro e ser capaz de acolhê-lo e compreendê-lo com serenidade, amor e compaixão. Você tem acolhido com o coração aberto?

3. Ser Cuidado só é possível se eu me entrego ao cuidado, se me permito ficar vulnerável, na condição de humano frente aos outros. Você tem manifestado suas idéias, sentimentos, dúvidas, medos e inquietações em certos assuntos da sua vida?

4. Ser cuidado é a aquisição da confiança no outro, de que você também merece e precisa de cuidados. Como está sua confiança nas pessoas?


5. Cuidar é a capacidade de despir-se dos pré-preconceitos. Você tem revisto suas crenças e conceitos quando necessários?

6. Cuidar é mostrar ao outro que ele é importante e que vale a pena sempre investir nele mesmo. Como está sua confiança na capacidade do outro, na regeneração do ser humano?

7. Cuidar e ser cuidado é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. Você tem utilizado sua força de vontade, força interior, força adquirida das suas experiências de vida para transformar e aprimorar sua vida?

8. Ser cuidado é abrir-se para falar da intimidade com alguém que respeite nossos sentimentos e nossa luta com as circunstâncias da vida. Você tem um espaço para ser ouvido, compreendido em suas aflições, e compartilhado seus conhecimentos, suas experiências, suas riquezas?

9. Cuidar e ser cuidado é incentivar o outro e a si mesmo na busca por compreender-se e aceitar-se pelo que se é e não pelo que esperam que sejam. Você é o que você é ou o que os outros esperam que você seja? Você deixa as pessoas serem o que são ou mostra o caminho que você acha que seria o melhor para elas?

10. Cuidar é ter consciência da possibilidade do outro resgatar ou desenvolver potencialidades que possam ajudá-lo a realizar seu propósito essencial. Você tem dado apoio ao aprimoramento alheio sem alimentar a dependência em suas relações?

11. Cuidar é fazer aos outros aquilo que você gostaria que lhe fizessem. Como está sua balança da vida, tem feito pelos outros aquilo que gostaria de receber?

12. Cuidar é refletir sobre se os cuidados dispensados aos outros também são dispensados a você mesmo. Você tem pedido ajuda quando necessário? Você tem ajudado dentro de suas possibilidades?

13. Cuidar e ser cuidado exige um tempo para descontrair. Brinque, mexa e ria com você mesmo e com os outros. A vida não deixa de ser séria quando cultivamos alegria em nós e nos outros. Você tem celebrado as coisas boas da vida? Tem doado e recebido Amor e Alegria em sua vida?

14. Ser cuidado é assumir nossa posição humana, respeitando nossos limites e ritmo interno. Você tem respeitado seus limites e seu ritmo interno, sua maneira de ser, de se relacionar? Tem conseguido falar não quando necessário?

15. Cuidar e ser cuidado é preparar-se para enfrentar os desafios da vida (grandes ou pequenos; internos ou externos). Você tem mobilizado atenção e determinação para se conhecer, se aprimorar, vislumbrar e realizar seu propósito de vida para que a vida tenha valor?

16. Cuidar é não pretender fazer mais do que é possível (fazer pelo outro), nem menos do que é necessário (envolve compromisso e vínculo na relação). Como está sua prática no ato de cuidar?

17. Cuidar de si mesmo é empregar o tempo da melhor maneira possível. Como tem empregado o tempo na sua vida?

18. São Bartolomeu alerta-nos para o excesso quanto desperta seus discípulos ao dizer “(…) não descuides por causa disso o cuidado de ti mesmo, e não te dês aos outros até ao ponto de não restar nada para ti, para ti próprio”. Você tem pensado em você ou somente nos outros?

19. Cuidar é fazer de qualquer troca com outro ser humano, uma oportunidade para fazer uma conexão, através de um sorriso, de um gesto, de uma palavra. É fácil para você estabelecer conexão com os outros?

20. Cuidar-se é a melhor maneira de estar com outras vidas no seu dia-a dia, pois quanto mais você se cuidar, melhor cuidador será. O que tem feito para se cuidar?

21. Cuidar significa reconhecer que somos todos humanos e que todos sofremos algum tipo de dor. Você tem conseguido transformar suas dores em aprendizados, tirado as lições que precisa para seu aperfeiçoamento?

22. Cuidar e ser cuidado é ter consciência de que cada um de nós precisará de algum tempo e muito amor para se mostrar. Você tem dado aos outros e recebido o tempo, espaço e apoio com amor? Você tem expressado gratidão pela ajuda recebida?


23. “Saber cuidar e saber cuidar-se” é estabelecer relações harmoniosas entre as quatro dimensões da pessoa humana: relações consigo mesmo, com os outros, com o meio ambiente e com o Transcendente. Você tem se esforçado para se conhecer e conhecer o outro, penetrando nas profundezas do próprio eu? Tem cultivado seus valores pessoais?

24. Saber cuidar e saber cuidar-se é o exercício do Amor. Você tem se amado e se aceitado mesmo com suas limitações e dificuldades?

25. Cuidar é usar nossos talentos particulares para enriquecer as realizações das quais participamos, assumindo a parte que nos cabe. Você tem assumido a sua parte ( somente a sua e não a dos outros) de responsabilidade nas situações da sua vida?

26. Cuidar é desenvolver a relação de empatia, saber colocar-se no lugar do outro, seja em situações gratificantes ou de frustrações, sem contagiar ou impregnar-se com o que é do outro. Você consegue se envolver com os outros, acolhê-los sem pegar o problema para você?

27. Cuidar é não doar nossos cuidados exclusivamente para alguns e se distanciar de pessoas importantes da nossa vida. Todos precisam receber para poder dar. Quais são as pessoas do clube da sua vida que são importantes para você? Você tem dado e recebido atenção e cuidados destas pessoas?

Esse é o folder que foi anexado:

FRASES CÉLEBRES E REFLEXIVAS DE AUTORES MUITO ESPECIAIS

“O DESAFIO DE CUIDAR É APRENDER A DAR E RECEBER SEM INVANDIR O LIMITE DO OUTRO E SEM ULTRAPASSAR O SEU PRÓPRIO LIMITE”.
GISLAINE ; DJANIRA; GISLAINE

“VIVA O HOJE, CONHEÇA OUTRAS PESSOAS E DEIXE OS OUTROS TE CONHECER”.
DULCE; ISABEL; MARLENE

“DEVEMOS RETRIBUIR O QUE RECEBEMOS COM SENTIMENTO E AMOR, CONECTAR-SE NEM SEMPRE É FÁCIL, MAS QUANDO SE CONSEGUE, FICA-SE CADA VEZ MAIS LIVRE. SOMOS SERES HUMANOS PASSÍVEIS DE ERROS E ACERTOS. PARA CUIDAR DO OUTRO DEVEMOS NOS CUIDAR PRIMEIRO.”
ANTÔNIO; SILVANA; ROSELI

“CUIDE COM AMOR, ALEGRIA, ESPONTANEIDADE DE TODOS QUE NECESSITAR. NÃO ESQUEÇA DE PEDIR AJUDA QUANDO NECESSITAR, AFINAL VOCÊ TAMBÉM TEM SEUS LIMITES”.
VERA; SUELY; DÉBORA

“A BUSCA PELO EQUILÍBRIO INTERNO DE CADA UM REFLETE NAQUILO QUE PODEMOS COMPARTILHAR COM O OUTRO”.
DANIELA; VILMA; ILMA; SÔNIA

“NOS RECONHECEMOS, NOS ACEITAMOS E NOS COLOCAMOS EM BUSCA DE MELHORIAS, POR MEIO DA FÉ, DO TRABALHO E DETERMINAÇÃO, APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES NO DIA-A-DIA”. OSMAR; EDILEUZA; JOSÉ; MAGALI

terça-feira, 6 de julho de 2010

A teoria da comunicação humana, um dos pilares da Terapia Comunitária

A teoria da comunicação humana é um dos pilares básicos da terapia comunitária. Formulada por Watzlawick, Helmick-Beavin e Jackson, permite compreender a ação humana como um comportamento em que são transmitidas mensagens. Toda a conduta humana é transmissora de mensagens, inclusive quando nos propomos a não comunicar, estamos dizendo algo: você não existe, você não me importa, você não é de nada. Bem dizem que o contrário do amor não é o ódio, mas a denegação. Na terapia comunitária, aprendemos que uma pessoa deixa de ter sentido ou passa a ser ignorada deliberadamente, e isto acarreta conseqüências para a sua auto-estima, para a noção de si, para o seu modo de ser e de se comportar no mundo.

Uma criança que não foi desejada, desde o ventre materno soube disso, e veio ao mundo preparada para ter que agradar, para dizer que sim o tempo todo, para aceitar qualquer coisa em troca de um pouco de afeto. Uma que foi querida desde a conceição, ao contrário, é capaz de dizer sim quando quer, e não quando não quer. Estas constatações aparentemente muito simples, permitem com que a pessoa comece a ver a si própria desde outro lugar, desde uma possibilidade de auto-conhecimento autêntico, sem enganos, verdadeiro.

Muitas vezes, nas terapias ou nas formações de terapeutas comunitários, os participantes são levados a descobrirem as falsas imagens que fizeram de si mesmos, e que os tem aprisionado durante a vida toda, ou por longos períodos de tempo. Quando a pessoa começa a se perceber como alguém que venceu muitas batalhas, alguém que soube dar a volta por cima em circunstâncias que poderiam tê-la quebrado ou desviado do seu caminho, o conceito de si começa a emergir de uma maneira positiva. O sujeito se descobre capaz de direcionar sua própria vida, de dar um significado ao seu existir, de decidir o que quer que seja o seu próprio ser. “O que você quer para eu querer” (a criança ou a pessoa boazinha). “O que você quer para eu não querer” (o rebelde ou contestatário) são prisões em que a pessoa deixa de ser ela mesma, perde a sua liberdade, age por automatismos.

Quando aprendemos a decodificar as primeiras mensagens e a lê-las ao nosso favor, quebram-se os determinismos da nossa vida. Se alguém se sentiu abandonado, não querido, porque foi esperado menina e era menino, ou o contrário, isto determinou reações que estiveram fora do seu controle, da sua capacidade de decidir. Agiu durante anos contra o mundo, contra as pessoas, por vingança: não me quiseram, não os quero. Muitos comportamentos agressivos estão animados por uma reação de quem se sentiu não querido, não amado.

Muitas vezes a agressividade vai direcionada contra a própria pessoa, que passa a conviver com um tirano interno, um sabotador da sua felicidade e do seu direito a viver com alegria e segundo sua maneira única e irrepetível, no meio aos outros. Nas formações de terapeutas comunitários, um dos exercícios é a descoberta do animal com que cada um se identifica. Formam-se grupos e os coleguinhas que escolheram o mesmo animal, trocam figurinhas a respeito de si mesmos, dos seus modos de ser característicos.

Isto faz com que cada um descubra sua natureza mais comum ou freqüente, suas formas habituais de ser e de se comportar. Então, a pessoa deixa de se condenar e de se comparar com os outros, descobre sua forma única de ser, e a aceita. As mensagens recebidas (fui abandonado, não me quiseram) são re-codificadas em função do contexto interpretativo que a interpretação sistêmica e integrativa propõe, com base nos valores dos pais e da cultura em volta, e das escolhas próprias a pessoa. O que se aprende na terapia comunitária, em termos da comunicação, é a sair ou tentar quebrar as armadilhas da comunicação paradoxal, do duplo vínculo e das distorsões das mensagens equívocas que emitimos ou recebemos. “Carta certa para pessoa errada”, é quando emitimos uma mensagem que é correta no seu conteúdo, mas está sendo direcionada a quem não tem nada a ver.

Quando a reação é desproporcionada ao fato, estamos reagindo não ao fato, mas ao que ele nos remete. Estas chaves nos dão elementos para irmos re-programando a nossa conduta desde uma visão mais atual, mais presente, menos condicionada pelo passado. O passado é visto como o estrume necessário para o crescimento da planta. O presente desponta como um tempo novo, livre de amarras. O empoderamento das pessoas e das comunidades depende em boa medida da decodificação e re-codificação de mensagens recebidas e emitidas.

sábado, 26 de junho de 2010

Las raíces histórico-sociales y culturales en la formación del terapeuta comunitario y en el ejercicio de su práctica

El conocimiento vivencial, no sólo intelectual o informativo, de las matrices valorativas y de los procesos histórico-sociales de los pueblos latinoamericanos, es imprescindible para el autoconocimiento del terapeuta comunitario, tanto como para su ejercicio profesional. Esto es obvio, si se tiene en cuenta que en el proceso formativo, el terapeuta fue llevado a un intenso sumergirse en sí mismo, y allí, encontró sus padres, sus abuelos, sus orígenes, el lugar donde nació, sus experiencias de niño, reconstruyó su vida paso a paso, en un reencuentro fecundo con las experiencias que lo moldearon en las diferentes etapas de su vida.

Entonces se reconoció como parte de un pueblo, con sus luchas, sus avatares, los sueños, esperanzas, dolores y alegrías de ser latinoamericano, del modo como puede serlo quien nació y vivió en estas tierras marcadas por la colonización española y el mestizaje con las culturas indígenas, los neocolonialismos, el imperialismo, las dictaduras, los movimientos de liberación nacional, el socialismo, el bolivarianismo, el marxismo, las distintas ideologías nacionales y locales, en la conformación del mosaico de identidades que forman el rostro plural de nuestra América Latina.

Ser latinoamericano en Argentina, en Uruguay, en Chile o en Venezuela, como en los otros países que forman nuestra América, supone desafíos que todos, de un modo o de otro, llevamos marcados en la mente y en el corazón. Si el terapeuta comunitario es, como dice Adalberto Barreto, un políglota en su propia cultura, sabemos que esto significa, para cada uno de nosotros, un arduo camino de honestidad consigo mismo, para reconocer, en la vida y en el caminar de cada uno, errores y aciertos, en ese permanente aprender que es la vida.

Conocer las hablas del pueblo, sus formas de expresión, sus refranes, sus valores, sus creencias, sus vicios y defectos, sus alegrías y esperanzas, es transformarse uno mismo, en espejo y reflejo de una realidad de que somos parte indisociable. Es reconocerse en el habla, en la cara, en la voz, en las voces, en los acentos, en las tonadas, en las risas, en los llantos, en las oraciones y meditaciones, en las reflexiones, en el luto en la paz y en el silencio del otro, de los otros, que ya no son tan otros, sino más bien nosotros.

Quien tiene hoy alrededor de cincuenta años en nuestra región, ha pasado por tiempos comunes, que es necesario mapear. Recordar individual y colectivamente las canciones, los hechos, los dichos, las caras, los sueños, las esperanzas y las pesadillas sucedidas en las tierras de cada uno, año a año, o por décadas. Es impresionante la memoria que se recupera en estos ejercicios. Tengo certeza de que ya lo han hecho. Y tendremos que hacerlo, lo seguiremos haciendo siempre. Es un ejercicio infinito, incesante. O te alienas, o recuerdas. Si no te acuerdas, te desconectas, dejas de existir en el presente, te transformas en una abstracción. Y ninguno de nosotros es un hombre o una mujer genéricos, como dice José Comblin.

Todos somos alguien con una identidad, una memoria, unos valores, individuales y al mismo tiempo sociales, en parte compartidos y en parte únicos, como dice Ralph Linton en Estudio del hombre (Study of man). Otro antropólogo, Martin Buber (Yo y tu), así como Peter Berger, Karl Marx, Jesús Cristo, nos colocan frente a la evidencia de que sin ti no soy nada. Y esto no es una declaración de amor, sino un hecho. Me construyo en relación, y también, puedo destruírme en malas relaciones. Esto es lo que la terapia comunitaria define como el principio sanador de esta dinámica de vida que consiste en vivir en red. Sano al sanar contigo. Como no me enfermo sólo, tampoco me sano solo. Y juntos nos sanamos, o mejor, prevenimos el sufrimiento emocional, el aislamiento, el anonimato, la pérdida de identidad, la soledad, la alienación.

Identidad, memoria, historia, valores, raíces, pertenencia. De esto trata la Antropología cultural, como una de las bases o pilares de la Terapia Comunitaria.
El terapeuta comunitario es un hombre o una mujer de su tiempo. Conoce las raíces de su pueblo por conocerlas en sí mismo, y por vivir en red, se incorpora al proceso constante de la vida que, en relación conflictiva, progresa constantemente hacia ideales más elevados de justicia, fraternidad, solidaridad, cooperación, y realización plena de cada uno, en medio y con respeto a las diferencias.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

As dores da alma dos excluídos no Brasil, por Adalberto de Paula Barreto

O Contexto de nossa ação:

Assim como muitos países do mundo recebem refugiados de guerra, as grandes cidades do Brasil recebem refugiados que fogem de uma luta desigual contra as forças da natureza, no árido sertão nordestino e vitimados por uma política econômica que concentra poder e riqueza, excluindo a grande maioria das oportunidades de desenvolvimento e da partilha de bens materiais ou culturais.

Os movimentos migratórios, agravados pelas secas cíclicas, pela interrupção e vulnerabilidade das políticas agrícolas provocam o empobrecimento econômico, cultural, do “savoir -faire” e dos laços sociais e da imagem de si mesmo. Estes migrantes são personagens de uma batalha silenciosa, invisível fruto da política econômica injusta e excludente. Essa batalha, sem armas aparentes, deixa marcas profundas no corpo e na alma do homem. A chegada às grandes cidades acontece na mais profunda desolação. A cidade não os acolhe, não abre suas portas para recebê-los. Eles chegam, mas não a penetram, permanecem na periferia formando um cinturão de miséria.

Logo descobrem que os sonhos tornam-se pesadelos. Inicia outra série de problemas bem mais dramáticos: onde morar? Como construir casa se não há terra nem meios? Como alimentar e nutrir seus filhos? Como conseguir emprego, se não têm capacitação profissional? Como cuidar dos filhos, se precisam sair de casa á busca de trabalho e comida? Essas questões ilustram a “via cruxis” de indivíduos e famílias no quotidiano. São populações abandonadas pelos governantes, denegadas por uma economia selvagem que as excluem literalmente da partilha.

Para poderem se inserir na grande cidade têm que romper com barreiras invisíveis, verdadeiras muralhas de indiferença, hostilidade que tentam manter essas populações afastadas da vida social. Neste contexto profundamente diferente, a nova vida social e política e as atividades econômicas, por um lado, funcionam como elementos que agridem a identidade cultural e atingem a identidade pessoal provocando desagregações, desajustes e desequilíbrios. Por outro lado, desencadeiam um esforço criativo e desejo de inserção social muito grandes, por meio de inúmeros cultos religiosos ou movimentos associativos. A conseqüência imediata dessa exclusão é a cisão da sociedade em duas grandes correntes humanas:

a) uma, fixada na terra com seus imóveis e mansões bem protegidas, ostentando riquezas e bens visíveis;

b) outra, como fantasmas semivisíveis que ninguém quer ver, perambula de lá para cá, dentro do espaço urbano, movendo-se impulsionada pelas necessidades básicas, em busca de alimento, moradia, emprego constituindo-se na sociedade dos descolados sociais, ou das “almas penadas”.

Na cultura brasileira o termo “alma penada” define a situação de pessoas que morrem e não têm para aonde ir, que não conseguem seguir o destino de todas as almas após a morte, e vagam entre os vivos, sofrendo e gemendo entre a terra e o mundo espiritual. São as almas penadas, que tentam, sem sucesso, o contato, o diálogo com o mundo dos vivos (Barreto 1994).

Durante estes anos de trabalho com essas populações, nós podemos compreender o drama do homem das favelas das grandes cidades brasileiras. Ser migrante favelado é algo tão angustiante, tão frustrante quanto ser “alma penada” buscando contato com os vivos, sem jamais conseguir ser visto ou ouvido.

Talvez a familiaridade do termo junto às classes pobres traduza o real sentimento de uma vida sem reconhecimento e sem direito a espaços que garantam o desenvolver pleno da existência como pessoas, como cidadãos. A alma penada seria o protótipo das doenças da alma do século XXI?

Nossa intervenção:
Há 21 anos, o Departamento de Saúde comunitária da Universidade Federal do Ceará, com o apoio do Centro de Direitos Humanos do Pirambú - CE. e do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária, desenvolve um trabalho de promoção em Saúde Mental Comunitária, na segunda maior favela do Brasil, a favela do Pirambú, com 280.000 habitantes, situada na cidade de Fortaleza, nordeste do Brasil, metrópole com dois milhões de habitantes.

A ação da Universidade, no início, era voltada para as intervenções pontuais de indivíduos e famílias em sofrimento psíquico, cujos direitos de cidadãos tinham sido violados. Convidado a intervir como psiquiatra na favela, me dei conta de que o arsenal quimioterápico da psiquiatria moderna não podia ser a única arma na luta contra os efeitos de um contexto social desagregador e mutilador de indivíduos.
O uso indiscriminado tornava ainda mais caótico o estado psíquico de muitos usuários e os mesmos psicotrópicos usados para tratar distúrbios mentais eram usados indiscriminadamente nas insônias rebeldes e nos desequilíbrios emocionais ou até para aplacar o choro das crianças famintas. Esse contexto caótico exigia a criação de novos paradigmas capazes de estimular uma ação terapêutica criativa e efetiva, que nos permitisse:

1. Perceber o homem e seu sofrimento em rede relacional;
2. Romper com o modelo do “salvador da pátria”, do técnico iluminado, que traz as soluções e reforça um sistema de dependência;
3. Identificar não só a extensão da patologia, mas também o potencial daquele que sofre;
4. Como fazer o grupo acreditar em si, na sua competência;
5. Como resgatar o saber dos antepassados e a competência adquirida pela própria experiência de vida;
6. Como ultrapasssar o unitário para atingir o comunitário;
7. Fazer da prevenção, uma preocupação constante e tarefa de todos;
Para atuar de forma transformadora nesta dura realidade social, começamos a realizar encontros semanais entre as pessoas mais carentes de auxílio psiquiátrico, na favela, e acabamos criando nossa própria forma de trabalho, a Terapia Comunitária (Barreto 1994).

Em espaço livre, à sombra de um pé de cajueiro, reuniam-se as pessoas que estavam vivendo uma situação de crise para falar de suas angústias, problemas, sonhos, dramas e necessidades. Criamos então o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária, Organização Não Governamental, sem fins lucrativos e com base comunitária, que passou a oferecer, ao longo de 18 anos de trabalho, algumas opções terapêuticas à população: arte terapia – massagem anti-estresse, fitoterapias - Terapias comunitárias, sessões de resgate da auto-estima (Barreto 1994). Nossa ação procurava suscitar a capacidade terapêutica do próprio grupo ajudando o indivíduo a descobrir as implicações humanas e contextuais do quadro de sofrimento em que viviam.
Desta forma, nossa intervenção permitia a tomada de consciência do indivíduo em sofrimento psíquico dentro do corpo social, estimulando a transformação de um e de outro, tratando assim a saúde coletiva, e recuperando, com ações individuais, a saúde do corpo social.

Nesses anos de trabalho como psiquiatra, na favela, temos treinado cerca de 7.500 lideranças comunitárias que atuam em 27 estados do Brasil para assumirem o papel de mediadores dos conflitos, conhecidos como terapeutas comunitários. Eles atuam em comunidades carentes, nas escolas, postos de saúde, programas de saúde da família e em prefeituras como São Paulo, Londrina-Pa e Sobral-Ce.

Trata-se de um programa piloto na área de saúde comunitária que articula o saber científico com o saber popular na perspectiva de superação dos conflitos e na construção de redes sociais de apoio às pessoas em crise.

Nossa experiência tem dado a convicção de que estas “doenças da alma” podem ser tratadas pelo próprio grupo. Eles têm problemas, mas tem também as soluções e precisam ser estimulados a tomarem consciência do potencial humano e cultural que possuem.

É no próprio grupo, trocando experiências, refletindo, se apoiando, reforçando os laços afetivos e os valores da cultura local que o tecido social vai se consolidando, que a consciência social vai despertando, descobrindo coletivamente as saídas possíveis para a superação dos problemas, facilitando a inserção social em novo contexto.

Nós nos identificamos com o método (RAP)* Pesquisa-Ação-Participação, que temos adotado há vários anos, definido como “rejeição do monopólio universitário sobre a produção do conhecimento e fazendo apelo aos saberes da base, na base e para a base”…
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*-Atelier Nord Sud de méthodologie en analyse, Réseau Culture Bruxelles mars 1997
As doenças da alma
Nestes 21 anos de trabalho com as populações de excluídos no Brasil destacamos três categorias que atingem de forma contundente os indivíduos:
1. Disturbios do abandono.
2. Disturbios da insegurança.
3. Distúrbios da baixa auto-estima.

1-ABANDONO:

São populações inteiras, mergulhadas em forte sentimento de abandono e orfandade. Não fora um desejo muito forte de inserção social evidenciado pelas inúmeras associações de bairro e diversos cultos religiosos, a situação poderia ser bem mais caótica.

As agressões contextuais, como o desemprego, a falta de habitação, saúde, educação, aceitação social, a falta de uma política de inserção social mais abrangente, constituem–se no maior atentado á vida em sociedade.
Indivíduos e famílias entregues à própria sorte são levados a construir os próprios mecanismos de sobrevivência, modelos de funcionamento que só consideram o "aqui e agora" das necessidades fundamentais da existência humana, tais como saciar a fome, a sede, buscar segurança.

Os efeitos do sentimento de abandono são visíveis em todos os níveis:
-em nível individual: a própria aparência física: bocas desdentadas, rugas precoces, cabelos em desalinho;
-em nível familiar: mulheres abandonadas pelos maridos assumindo a responsabilidade de alimentar sozinha a família, famílias vivendo nas ruas, crianças abandonadas cheirando cola,
-em nível social: a própria configuração geográfica da favela, casas construídas com pedaços de papelão, caixas, madeiras nos reinviam a pedaços de existência de indivíduos, famílias e vidas.

Cada família, uma história, uma seqüência de sofrimentos, sentimento de exploração, de abandono e injustiça. Cada um parece prisioneiro de acontecimentos e, muitas vezes, emprega toda a sua energia para se defender do sentimento de estar “possuído” por forças ocultas, por espíritos dos mortos.

Talvez o “encosto,” forma popular de possessão, nos fale de perda de liberdade de vida, da perda da autonomia e do estado de dependência do outro, das pressões sociais do novo contexto (Barreto 1988).

Enquanto a dinâmica da urbis agrega pessoas em torno de lutas materiais específicas, como habitação, alimentação, saúde, através de associações e sindicatos, outras concentram as atenções no mundo secreto da espiritualidade.

São os líderes espirituais, os curandeiros que, no anonimato dos centros, no silêncio da noite, procuram com seus rituais, alimentar a fé que reanima a esperança de dias melhores, oferece a possibilidade de pertencer a uma família espiritual, e transforma o homem sofrido e solitário em pessoa pertencente a uma nova família, restituindo-lhe a alegria de viver.

Para muitos, ser devoto de santo católico, filho de algum orixá africano ou até mesmo se deixar incorporar por um espírito de luz permite que esses indivíduos abandonados possam sentir a plenitude de um sentimento quase esquecido, o de fazer parte de nação de luz, na qual os governantes os acolhem com respeito e afeição.
Aqui a cultura emerge como sustentáculo de uma identidade ameaçada pelo novo contexto. Tal qual a teia de aranha, a cultura é para o indivíduo o que a teia é para a aranha: ela agrega, une, alimenta e fortalece os vínculos que conferem a pertença.

Os mais jovens formam gangues, verdadeiras “internetes sociais,” como estratégia para suprir o sentimento de anomia, abandono e o desejo de inserção a grupo que lhe confira o sentimento e pertença.

Outros, ainda, geralmente os mais sensíveis, padecem de depressão, crises nervosas, alcoolismo, drogas, prostituição.

O que é mais dramático é que o sofrimento que padece o corpo e a família dos excluídos, no quotidiano, atinge violentamente as almas desses corpos.
Estabelece-se assim a guerra de valores em que o espírito das referências ancestrais fortemente paternalista se chocam com as novas referências do mundo urbano onde cada um tem que se virar para sobreviver.

É neste contexto que muitos se mobilizam para não perder a guerra interior, para manter viva a esperança, a crença em valores, para poder salvaguardar a identidade ameaçada, no novo mundo que exige adaptações rápidas.
Os espíritos cultuados nos diversos cultos, tornam-se em grandes aliados desses homens. Sacerdotes e curandeiros são procurados para ajudá-los a resolver os conflitos da alma.

Os curandeiros, guardiões da identidade cultural, através de cultos religiosos e rituais, tentam reanimar a alma desanimada pela dureza da vida.
Neste sentido, os cultos religiosos,católicos, espíritas, afro-brasileiros ou outros, funcionam como verdadeiras UTIs existenciais, para o homem sofrido, abandonado. Aqui a cultura tenta dar suporte, onde as instituições falharam.
Curando a dor da alma, conforta-se o corpo. Nestes contextos, os cultos tornam-se muito mais espaço de catarse coletiva, para reduzir o estresse, do que espaço de reflexão ou de tomada de consciência das implicações históricas e psicológicas do sofrimento.

Alguns cultos são terrivelmente agressivos, sobretudo algumas igrejas neo-evangélicas e pentecostais, que exigem de seus fiéis a recusa das crenças culturais. Trata-se de ruptura com o modelo referencial interiorizado há gerações, verdadeira destruição de identidades, de pertenças fundamentais, substituídas, por um falso EGO, construído sobre valores de uma religião da qual deve esperar tudo, e que se afirma pela negação do outro, do diferente.

Ela se impõe, o que reforça o sentimento de dependência, de submissão sectária.
No entanto, temos observado que outros cultos, como a umbanda, são muito mais respeitosos da diversidade cultural e oferecem a possibilidade de acolhimento, na neofamilia, na qual coabitam múltiplas imagens identificatórias, que podem, pelo respeito da cultura de base, se apropriar de modelo comunitário mais tolerante.
A doença do abandono é a porta de entrada dos cultos. De cliente, torna-se adepto. A explicação da origem de todo mal ou malestar é atribuída aos maus espíritos, que devem ser exorcizados através de rituais. Sob o pretexto de exorcizar o mal, exorciza-se o homem de si mesmo, de suas crenças, de seus valores ancestrais, do senso critico. Trata-se de verdadeiro culto de esvaziamento do homem de sua identidade cultural.

Estamos convencidos de que enquanto os indivíduos não entenderem as implicações humanas e contextuais de seus sofrimentos e não tiverem o senso de co-responsabilidade, não haverá desenvolvimento sustentável possível.

2-INSEGURANÇA:

O clima de insegurança é um fermento de violência, de divisão, de fraturas, de rupturas no seio da sociedade, estimulada e alimentada pelo medo e ações irracionais geradas pela insegurança. Nas favelas, o clima de violência, roubo, crimes têm se intensificado com o desemprego. O desejo de sobrevivência é bem mais forte levando indivíduos e grupos a se organizarem para roubar e pilhar bens de primeira necessidade ou bens simbólicos.

Esses indivíduos ou grupos organizados começam a impor seu poder gerando um clima de insegurança e medo nas pessoas de ambos os grupos sociais.
As casas tornam-se verdadeiras prisões, com grades de ferro para garantir a própria segurança, os moradores acabam construindo verdadeiras prisões para si mesmos. Trancadas em suas casas, as pessoas tornam-se reféns da violência.

Os mais pobres, os que moram nas favelas, vivem sobressaltados, com medo de perder um chinelo, uma peça de roupa, o botijão de gás, o que é ainda pior, de serem atingidos por alguma bala perdida durante as brigas de gangues.
O clima de desconfiança vai, aos poucos, quebrando os vínculos de solidariedade e acolhida, tão característicos das populações interioranas, gerando conflitos, intrigas, estupros, agressões contra vizinhos.

Os sintomas do distúrbio da insegurança atingem a todos: os jovens perdem o direito de circular livremente na cidade, onde as gangues já delimitaram seus territórios onde nenhum outro individuo de outra comunidade pode circular sem represálias.
As pessoas idosas são assaltadas quando recebem no banco, o dinheiro da aposentadoria. A ausência de uma policia cidadã que não inspira confiança torna o quadro ainda mais dramático. Em resposta a esse contexto, a cada dia, fica mais significativo o números de rituais de proteção usados, que vão desde o uso de símbolos protetores religiosos: como a cruz,os salmos, as medalhas, até o uso de cães e armas de fogo para sair às ruas.

A insegurança é o reflexo das condições sociais que se agravam a cada dia com a falta de emprego. Este clima de ameaça e de hostilidade leva os indivíduos a desconfiarem uns dos outros identificando qualquer pessoa desconhecida como possível inimigo. Com isso, praticam-se constantemente atos de discriminação, e exclusão contra o outro.

Existe também a cultura da violência que é estimulada e vivificada por uma contracultura, expressa nos filmes e programas de comunicação de massa, nos jogos de guerra e videogames que, transmitidos à nossa imaginação, sem critérios ou legislação adequada, reforçam a idéia de que o herói é aquele que consegue tudo através do uso da violência e da força contra o outro.

O espaço da família se vê invadido pela violência, na forma dos conflitos conjugais, na violência contra a mulher, nos maus tratos à criança.

No Brasil, ela toma contornos ainda mais dramáticos com o surgimento de programas televisivos que estão sempre mostrando cena de crime ao vivo com todas as cores da violência e crueldade. Se a segurança como fator social é necessária para que se possa inspirar a confiança recíproca dos homens, estar seguro e poder confiar em si mesmo, na sua capacidade de dominar, de comandar os instintos, transformando-os em força para viver,são necessidades básicas para a paz do indivíduo e a paz social que nele se origina . O que é preocupante é que o clima de insegurança pode ser fermento de violência e divisão no seio da sociedade, pelos medos e ações irracionais que ocasiona.

3- A BAIXA AUTO-ESTIMA:
É evidente que, além da violência e do abandono, a exclusão social gere sentimento de menos valia, de desvalorização do indivíduo. Soma-se a isso a força dos estereótipos e preconceitos sociais reforçados por uma educação que não leva em conta os valores próprios do indivíduo. Estes elementos contextuais: educação doméstica repressora, os estereótipos sociais que desvalorizam a pessoa acabam por anular, por dilapidar o patrimônio íntimo do homem: A confiança em si.
Desconhecem-se os dons inatos, aptidões e capacidades naturais. Desvalorizado, caso não consiga atingir os padrões intelectuais exigidos, introjeta o sentimento de incapacidade, e passa a não acreditar mais em si mesmo, se autoexclui, não se sentindo mais merecedor da felicidade, perdendo aos poucos a condição de amar e ser amado. Esse sentimento de descrença, em seu próprio potencial, se manifesta em vários níveis:

A) individual: leva as pessoas a calar sentimentos e emoções mais profundos, a apresentarem assim um alto índice de tensão psíquica e somatizações físicas ;
B) familiar: uma educação repressora baseada em xingamentos em que a criança, desde cedo, é desvalorizada, é vista como incapaz criando um campo fértil para nutrir a insegurança e o sentimento de desvalorização.
C) social: alto índice de abandono de empregos por se sentirem incapazes
O quadro mais dramático, dentro de uma favela, não é a miséria retratada nos casebres, e sim a miséria oculta no íntimo das criaturas. O sentimento de incapacidade e de descrença nos próprios potenciais é que vem reforçar a marginalização dos indivíduos no corpo social que, muitas vezes os faz perder chances de trabalho e inserção social que lhes aparecem, pois inconscientemente eles próprios auto boicotam todas as oportunidades para crescer e vencer.
Paralelamente às sessões de Terapia Comunitária, temos procurado minimizar este quadro criando grupos de reforço da auto-estima, através de técnicas e dinâmicas adaptadas às condições, procurando despertar o potencial humano amordaçado e colocá-lo a serviço de uma dinâmica individual e coletiva, levando as pessoas a se tornarem sujeitos da história e responsáveis pela existência.

Reflexões:


As síndromes relativas ao abandono, insegurança e baixa auto-estima constituem um quadro preocupante em escala nacional. Constituem fermentos de violência e divisão no seio de uma sociedade, pelos medos e ações irracionais que podem ocasionar. Esse clima de tensão, desespero e muita angústia só pode desaparecer com a maior presença de instituições comprometidas com o bem comum. Quando as instituições estão ausentes ou são inoperantes, os indivíduos criam suas próprias regras e leis e tende a imperar a autodefesa, o salve-se quem puder, o que potencializa cada vez mais a violência fratricida.

Faz-se necessário criar instrumentos aptos a estimular uma “ação criativa” nos indivíduos que vivem nestes contextos anômicos. Eles devem se apoiar em valores individuais próprios e em valores culturais anteriormente desqualificados. Em nossa experiência, os novos instrumentos só podem ser concebidos num contexto grupal, participativo e comunitário.

Nossa experiência tem nos firmado na convicção de que a solução está no coletivo e em suas interações, no compartilhar, nas identificações com o outro, no respeito às diferenças. Portanto é do grupo que devem emergir as soluções adaptadas. Essa perspectiva exige, dos profissionais, uma tomada de distância critica dos modelos explicativos do sofrimento, e das intervenções que implicam, muitas vezes em condutas lineares e redutoras (Exemplo do modelo biomédico que supervaloriza a quimioterapia ou modelo social que impõe, do exterior, ações tanto educativas como repressivas.).

Os profissionais devem fazer parte dessa construção. Ambos tiram benefícios: A comunidade gerando autonomia e inserção social e os terapeutas se curando de seu autismo institucional e profissional, bem como de sua alienação universitária. Uma política de Autopromoção do indivíduo, como fator transformador do corpo social, deve permitir a ruptura de modelos paternalistas, que geram dependência e castra a criatividade.

Não se trata de ficar somente à espera de investimento financeiro, mas sobretudo de investir no capital sócio-cultural do indivíduo excluído, para permiti-lo sair do lugar de objeto vítima, para um lugar de sujeito, ator de seu destino para tornar-se co-responsável na construção de uma sociedade mais igualitária, seja capaz de fazer suas escolhas criticas em busca de sua autonomia.

Investir em políticas sociais capazes de promover e consolidar os laços afetivos e sociais, capazes de fazer surgir um sentido de pertença cultural inscrita numa comunidade de vida. Sair dos espaços para investir mais nos laços, ultrapassar o modelo individual, onde a solução de todos os males é esperada de um único individuo externo ou do político.

Precisamos estimular movimentos participativos em que cada um dê sua contribuição, o que permite paralelamente ao grupo desenvolver-se no conjunto como um todo. Como foi dito para o subdesenvolvimento, a perda da estima de si é um estado de privação em relação ao próprio saber. É importante iniciar e desenvolver os espaços de restauração identitário onde a palavra pode se liberar. Os saberes científicos devem reconhecer e integrar, enfim, os saberes ditos populares. A restauração da estima de si dos excluídos constitui a pedra angular da luta contra as doenças da alma do século XXI.

Referencia Bibliografica:

1-Barreto A.P. "UN MOVIMIENTO INTEGRADO DE SALUD MENTAL COMUNITARIA EN FORTALEZA, BRASIL" In Boletin Oficina Sanitaria Panamericana 117 (5), 1994

2-Barreto A. P. "L'ARAINEE ET LA COMMUNAUTE TISSENT LEURS TOILES" in Transitions nº 37 ( Rites culturels et Droits de la Personne) 135-142 Paris 1994

3-Barreto A. P. "LES AMES EN PEINE DANS LA VILLE" in Transitions nª 37 (Rites culturels et Droits dela Personne) 127-134 Paris 1994

4-Barreto A. P. ASPECTS CULTURELS SPECIFIQUES DU SYNDROME DE POSSESSION ET LA RELATION THERAPEUTIQUE Conferencia no 3º Seminaire inter-culturel Henry collomb na França em outubro 1988.
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O autor é o criador da Terapia Comunitária Integrativa e Sistêmica

domingo, 20 de junho de 2010

La comunidad como eje de la prevención: un relato de experiencia, por Rolando Lazarte

En cuatro años de acompañar la experiencia de la terapia comunitaria (en Brasil, México, Montevideo), me veo en el difícil transe de tratar de aclarar, para mí mismo y mis lectores, las cosas que aprendí en ese caminar. Significativamente, el trabajo comenzó en 2004, en la unidad de salud de familia del barrio de los ambulantes, en Mangabeira.

En una sala de la Asociación de Moradores, profesoras de la Universidade Federal da Paraíba, Depto. de Enfermería, y agentes de salud del barrio, se reunieron con moradores del mismo, una tarde de sol. En una pizarra escrito: juntos podemos vencer todos los problemas. Nada podría resumir mejor lo visto y lo vivido en estos cuatro años de acompañar la terapia comunitaria desde su llegada a João Pessoa a sus caminos en México, Montevideo, Ceará (Ocas do Índio, 2008).

De inicio como usuario, en tratamiento contra la depresión, ensayando caminos de reencuentro conmigo y con la vida, posteriormente como coadyuvante en los trabajos al lado de mi compañera María y la hermana Ana, Djair, Ana María, las alumnas del programa de posgrado en enfermería de la UFPB, Rosario (hoy presidenta de la Asociación de Moradores), Ailda, Socorro, Vania, Cida, Denise, Dona Terezinha, Seu João.

Hoy como terapeuta comunitario y sociólogo, puedo contar las cosas como las vi y las viví, como las sigo viendo y viviendo. Un camino de prevención del sufrimiento mental y emocional (que para mí son distintos, si bien que asociados), de ruptura del anonimato y el aislamiento, recomposición de la identidad personal, cultural y social, recuperación de la historia y la memoria, revalorización de sí mismo, su cultura y su encaje en el tiempo presente con proyección al futuro, la terapia comunitaria es eso y mucho más.

La primera vez que participé, conté de mi sufrimiento como sobreviviente de la dictadura que asoló Argentina entre 1976 y 1983, las secuelas del horror, el miedo, la paranoia, el insomnio, la pérdida de referencias, la disminución del valor de sí, la quiebra de la percepción del mundo y de la propia persona, que lo que la saña del terror de estado nos impusiera como pesada carga, venía minándome por dentro y en mi relación con el mundo. Vivía esperando el auto que vendría a buscarme, a acabar conmigo y mi familia, en el silencio de la noche. Armas me apuntaban desde la casa vecina.

Un jardinero era un asesino pronto para entrar a la casa y acabar con todos. Un señor que pedía conducción, un posible asesino. Además de 30.000 muertos secuestrados y desaparecidos, la dictadura de la antipatria dejó millones de deshabitados internos. Gente sin sí. Perdidos en el espacio y en el tiempo.

De esa herida brotarían flores. O, para decirlo con las palabras de Adalberto Barreto, el fundador de la Terapia Comunitaria, de esa herida nacería una perla. Aún recuerdo las palabras de Rosario: eso ya pasó. Hizo un gesto como de dar vuelta la página. Mis hijos lejos, en Argentina, yo divorciado, deprimido, con paranoia. Con los bailes, los abrazos, el cariño y las palabras de amor, las oraciones, las comidas de esa gente pobre y noble, empecé a volver.

Ver profesionales de la salud, universitarios como yo lo fuera (estaba jubilado entonces, con la sensación de no ser nada y nada valer), venciendo donde yo sentía haber fracasado, tratando a la gente como gente y no como cosa, haciéndoles sentir su valor, me daba coraje. Yo también podía. Empecé a frecuentar las reuniones en otros lugares. de pronto era México DF, de repente Montevideo. La semana pasada Ocas do Índio (Beberibe, Morro Branco, Ceará). Todo trae memoria de reencuentro, de recuperación de sí de una humanidad que insiste en traerse de vuelta, en dar la vuelta por cima.

La semana pasada los terapeutas de João Pessoa se reunieron en la Estación Ciencia, cerca del farol de Cabo Branco, en la Ponta do Seixas, y hubo unos cantos y bailes, y varias declaraciones de participantes de la terapia comunitaria en el Muncipio. Una señora con un niño en brazos dijo haber redescubierto su vida interior. Otra, que perdiera el marido por una bala perdida, postrada durante seis meses en un sofá sin salir de casa, reencontrar las ganas de vivir. Un niño que iba mal en la escuela y era testarudo, dijo ahora estar yendo bien gracias a la terapia. Otro grupo de jóvenes pasó adelante en el auditorio y declaró entre risas y timideces, lo aprendido en las ruedas de terapia.

La secretaria de salud del municipio y el intendente, enfatizaron, al final, cuánto se ahorraría en remedios ineficaces y horas de vida perdidas, si de hecho la terapia comunitaria se expandiera en los servicios de salud de la ciudad, en la atención básica del programa de salud de la familia.

En las distintas vivencias locales e internacionales, en los testimonios vividos por mí mismo y por personas y grupos de edades diversas y condiciones sociales también variadas, puedo decir que este trabajo colectivo de promoción de la persona humana y ejercicio de la ciudadanía, esta forma de autogestión de los afectos y la sociabilidad, es el mejor antídoto contra la depresión, la despersonalización y el abandono de sí.

Vi personas abandonar el alcoholismo. Gente dejando de sufrir por la violencia familiar. Unos ayudando a los otros con informaciones sobre empleo. Personas abrazándose y cantando oyendo su nombre pronunciado por otros que le esperan con cariño en reuniones semanales o quincenales. Alumnos saliendo de la esquizofrenia profesional, profesores saliendo del autismo universitario, gente dejando la alienación teoricista y tecnicista.

De inicio, confieso que pensaba ser una estrategia de la clase media culposa para redimirse con obras de caridad. No había nada de eso. Había, hay, cada vez más habrá en Brasil, gente dándose las manos para salir juntos de las trampas que el capitalisimo, ese sistema sin alma, tiende a los vivientes. Gente como cosas se descubre gente en las vivencias de centramiento. Gente sin nombre descubre la leyenda y el mensaje escondido en su nombre. Víctimas se descubren vencedores.

Después de haber transitado durante veinte años por consultorios psicológicos de distintas orientaciones, tratamiento medicamentoso de la depresión, siento haber llegado al lugar cierto. Como sociólogo, como padre de familia, como hombre de este tiempo, heredero de tradiciones diversas apuntando a la humanización y a la esperanza, a la fraternidad y a la divinización de la vida, siento estar haciendo lo que tengo que hacer.

Soy parte de una trama infinita, una corriente de solidaridad y de amor, paz y justicia. Es la corriente de la vida. Es la tela de la propia vida. Pudimos sentirnos derrotados por los golpes que asestó a nuestra vida el ingenio del odio. La tecnología del amor es mayor. Cuanto mayor el dolor, mayor la alegría. Ese es el mensaje de la terapia comunitaria, en mi experiencia.
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http://consciencianet.blogspot.com/2008/11/la-comunidad-como-eje-de-la-prevencion.html

sábado, 12 de junho de 2010

A vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia

A vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia, da natureza que for: empresarial, comercial, financeira, nem tampouco psicológica, teológica, sociológica ou ideológica.

A vida é mais, é sempre mais, é outra coisa. É algo que se nos escapa de contínuo, quanto mais a tentamos aprisionar, controlar, direcionar.

Dir-se ia que seria mais sábio, como diz a canção, nos deixarmos levar por ela: vida, leva eu.

Não há dia em que não venha alguma lembrança de um passado obscuro, tenebroso, aterrorizante, assustador, a ser visto como o adubo do qual nasce este presente, esta flor de lótus que é a hora atual, este instante fecundo do qual brotam todas as possibilidades.

Não há pessoa que não conviva com alguma sombra, com conflitos interiores que por vezes a levam a pensar que deveria se trair, que não haveria para ela esperança nem horizonte mais à frente.

No entanto, no meio da escuridão, ou às vezes depois da tormenta, aparece a luz. Ela brilha na escuridão de dentro de ti, de mim, de cada pessoa humana, porque isto não é para alguns e não para outros: ocorre com todo existente.

Não há luz sem sombra, diz o Tao. Não há movimento sem quietude, nem dia sem noite ou vida sem morte, a vida é o giro eterno do eterno círculo dos pólos contrários que se complementam na sua oposição.

Ao dizermos que a vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia, queremos dizer que a vida é mais, e sempre mais do que as nossas tentativas de compreendê-la e explicá-la, controlá-la ou direcioná-la.

Isto não significa que não se possa ou não se deva planejar, mas é necessário saber que estamos sempre a fazer esboços, e que o traço final será sempre imprevisível, sempre será algo que não estava nos nossos planos, pois a vida é o que nos surpreende, sempre.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Conferência Internacional sobre Os Sete Saberes para uma Educação do Presente

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www.uece.br/setesaberes


A UNESCO e a Universidade Estadual do Ceará, associadas à Universidade Católica de Brasília e à Universidade de Barcelona, acreditando na relevância das idéias e ideais estabelecidos na obra de Edgar Morin – Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro propõem-se a realizar, em Fortaleza/Ceará, no período de 21 a 24 de setembro de 2010, a Conferência Internacional sobre os Sete Saberes para uma Educação do Presente - e a encaminhar suas recomendações e sugestões à Assembléia Geral das Nações Unidades, até o final de 2010, para os devidos encaminhamentos de natureza político- administrativa. Este evento terá como Presidente de Honra o sociólogo e filósofo Dr. Edgar Morin e será presidido pelo Sr. Dr. Vincent Defourny, representante da UNESCO no Brasil, sendo prevista a participação local de mais de 1000 educadores e virtual de mais de 5000 pessoas, em salas de teleconferência distribuídas pelo país.


Objetivos e estrutura


Esta conferência tem por objetivos desenvolver uma escuta pedagógica sobre as facilidades e dificuldades apresentadas pela comunidade educacional no desenvolvimento de práticas pedagógicas coerentes com as questões propostas no referido documento e extrair, dos diferentes círculos de diálogos e das conferências plenárias, elementos substantivos capazes de nortear possíveis recomendações a serem encaminhadas às diferentes instituições nacionais e internacionais, para futuros desdobramentos e financiamentos de projetos e atividades relacionadas a esta temática. Pretende-se, também, iniciar um profícuo diálogo entre escolas e universidades, para intercâmbio de saberes e de práticas pedagógicas capazes de iluminar novos cursos de formação docente, a partir da complexidade. Outro objetivo importante refere-se ao interesse no compartilhamento de experiências inovadoras fundamentadas na complexidade, na transdisciplinaridade e na ecoformação, capazes de colaborar para o desenvolvimento de uma pedagogia alternativa, a partir desses referenciais teóricos.


A estrutura de conteúdos da Conferência está organizada ao redor dos Setes Saberes para uma Educação do Futuro, de autoria de Edgar Morin, articulando-se ao redor dos seguintes blocos temáticos:


As cegueiras do conhecimento;

Os princípios do conhecimento pertinente;

Ensinar a condição humana;

Ensinar a identidade terrena;

Enfrentar as incertezas;

Ensinar a compreensão;

A ética do gênero humano.


PRESIDENTE DE HONRA
EDGAR MORIN

PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA
Vicent Defourny – Representante da UNESCO/Brasil

VICE-PRESIDÊNCIA
Maria Cândida Moraes - Universidade Católica de Brasília (UCB)
Celina Magalhães Ellery - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

IX Congresso Internacional de Salud Mental Y Derechos Humanos

Por la presente los convocamos a presentar trabajos al IX Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos a realizarse entre el 18 y el 21 de noviembre de 2010 en la Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo, sita en Hipólito Yrigoyen 1584 y 1432, Buenos Aires, Argentina.

Hemos ido construyendo colectivamente un espacio de intercambio académico-polí tico fértil en el que han participado 28.000 compañeros de Amércia Latina y el Caribe, Europa, Asia.

Al interior de dicho acontecimiento se desarrollarán el VI Encuentro de Lucha Antimanicomial y el IV Encuentro Internacional de Detenidos en Movimiento y el 3º Foro Internacional de Salud Colectiva, Salud Mental y Derechos Humanos.

Consideramos que su presencia contribuirá a continuar construyendo espacios de intercambio científico-polí tico entre profesionales, trabajadores y militantes sociales en los que el desarrollo del conocimiento crítico se establezca a partir de vínculos fraternos, solidarios y creativos.

Tenemos la convicción que el sostén colectivo de espacios de encuentro, posibilita el aprendizaje mutuo, el respeto genuino por las singularidades, la producción de territorios fértiles en los que las reflexiones y acciones comunes sean deseables, necesarias y posibles.

A la espera de su respuesta lo saluda cordialmente.

Núcleo Organizador

IX Congreso Internacional

de Salud Mental y Derechos Humanos

terça-feira, 1 de junho de 2010

Conexões corporativas


Este texto foi escrito por uma grande amiga psicóloga e terapeuta comunitária Renata Terruggi

O mundo em que vivemos surge e se recria na dinâmica de nossa experiência como seres humanos em relação. São nos "espaços de convivência" - lugares que habitamos em parceria com outras pessoas, mesmo que temporários - que se criam e constroem novas possibilidades. Na interação - ação entre pessoas - é que surge o conhecimento, quebrando paradigmas e fazendo emergir um novo mundo compartilhado. De modo geral, as organizações humanas devem compreender a interação entre as estruturas formais e explícitas e as suas redes informais de relacionamentos. Valem aqui algumas reflexões acerca de como as emoções vêm sendo tratadas no contexto organizacional. Etimologicamente, a palavra “emoção” provém do latim emotionem, "movimento, comoção, ato de mover". No Aurélio, “emoção” é sinônimo de perturbação, agitação. Como, então, valorizar o "movimento perturbador" de um colaborador no ambiente empresarial?

Segundo a compreensão sistêmica, as organizações não podem ser controladas por meio de intervenções diretas ou por instruções. Podem, sim, ser influenciadas por impulsos significativos - ou perturbações – que, nesse caso, são bem vindos quando chamam a atenção da organização e podem desencadear mudanças estruturais, fazendo da emoção uma aliada para a obtenção de resultados, pois as organizações são sistemas vivos cooperando em conexões humanas com alto grau de complexidade.

Essa dimensão subjetiva, a que chamamos emoção, dirige, canaliza e influencia a ação das organizações tanto ou mais que as estratégias elaboradas de forma intencional e racional. A energia emocional é propulsora de vida e deve ser considerada e trabalhada para que a organização não se transforme em fábrica de infelizes, estressados e doentes.

Esse poder invisível, fruto das interações humanas, gera um movimento aleatório e pode tomar rumos diferentes segundo a validação, ou não, do gestor. Se decodificada pela linguagem, transforma-se em energia produtiva. Se não decodificada, seguirá o rumo da cristalização sintomática transformando-se em energia destrutiva, favorecendo perda de produtividade e enormes desgastes na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.

Contudo, o sucesso das organizações em uma economia altamente globalizada e competitiva dependerá do aproveitamento máximo do potencial humano, da capacidade e do cuidado em não extrair os recursos dos humanos, e sim maximizar os humanos com recursos, em prol do desenvolvimento dos projetos desafiadores e significativos da organização.

Com o objetivo de conhecer como os colaboradores lidam com suas emoções, e sabendo que muito do sucesso empresarial está ligado a esse fator, algumas organizações vêm implementando ações para o desenvolvimento da competência emocional das pessoas. A psicologia corporal, dirigida à gestão emocional das equipes, trabalha no sentido de desenvolver ferramentas para ampliar as competências que cada estrutura corporal possui a partir da própria forma física: corpo e emoções como recurso e diferencial colaborativo nas equipes.

Pela leitura corporal, o profissional pode fazer uma avaliação do indivíduo quanto às competências a serem desenvolvidas ou esperadas, assim como o reconhecimento das limitações estruturais. Essa avaliação pode ser feita também pelos gestores ao longo do tempo baseada no desempenho, nas atitudes e postura do avaliado. Não é um julgamento sobre o certo e o errado, mas a legitimação do outro. É possível desenvolver a auto e a hetero percepção sobre a postura perante a vida e seu relacionamento com o outro.

"A evolução não produz novidade do nada. Ela trabalha no que já existe, transforma um sistema para dar-lhe novas funções ou combina muitos sistemas para produzir um sistema mais elaborado" (teóricos dos sistemas...).

domingo, 30 de maio de 2010

O movimento da libertação interior, a revolução interior

Algumas vezes, tenho pensado que poderia ser interessante escrever alguma coisa sobre o movimento da libertação interior, ou sobre a revolução interior, que não são a mesma coisa, mês se parecem, estão inter-relacionados estreita e profundamente. Em ambos os casos, se trata de um movimento que a pessoa empreende em direção a si mesma. Um caminho que ela decide empreender para saber quem ela é. Devo dizer --abrindo aqui um parênteses-- que estas digressões não tem outro objetivo do que o clarear a minha própria trajetória de vida e, em algum sentido, o vasto esforço da humanidade como tal, desde as profundezas das origens da caminhada humana em busca de si mesma.

Aqui não há doutrinas nem organizações, tampouco fronteiras ideológicas ou qualquer outro tipo de afã privatizante ou exclusivista. Podemos dizer, como forma de começar esta conversa, (porque é disto que se trata, de uma conversa e não de um discurso, não há pretensão de exibir conhecimento ou convencer) que entendemos como movimento de libertação interior ou revolução interior –ainda tratando ambos em conjunto, quase como sinônimos, que não são—tudo que a alma faz para se ver livre do que a trava, do que a aliena, do que a confunde e engana.

Neste sentido, podemos dizer que a terapia comunitária é um movimento de libertação interior, que o pensamento de Karl Marx é um movimento de libertação interior, o pensamento de Paulo Freire, as idéias e a prática de Jesus, etc. Tudo que traga a pessoa de volta para ela mesma, tudo que dissolva as ilusões ou mentiras, os enganos ou preconceitos, é um movimento de libertação interior.

A meditação, a oração, a arte, o estudo das religiões e a sua prática, a partilha, a expansão da consciência a través do trabalho individual e coletivo, das ações solidárias ou solitárias, são também expressões ou formas de realização da libertação interior. Deve estar claro, neste ponto, que não há –como dissemos— receitas ou dogmas.

Da revolução interior podemos dizer que seja o processo de retorno da alma a si mesma, produzido por uma relembrança ou reintegro dela à matriz divina essencial que subjaz a toda manifestação, a tudo que existe. Talvez possamos dizer que esta revolução, que resulta da libertação interior, é o fim do caminho humano, é a conclusão da caminhada.

Alguns, como São Francisco de Assis ou Gandhi e o próprio Jesus, se tornaram exemplos desta possibilidade que está aberta a toda pessoa humana pelo mero fato dela existir. Os Beatles, John Lennon e George Harrison em particular, mas o conjunto como um todo, funcionaram --e funcionam ainda-- como promotores da libertação interior e coletiva pelo amor expansivo, o amor sem fronteiras, a fraternidade universal, a comunhão com tudo que existe.

Não há conclusões para este início de conversa, apenas a expectativa de que possamos nos lembrar, que possamos nos lembrar de nós mesmos.

sábado, 29 de maio de 2010

Poetizando a Terapia Comunitária

Enviei e-mail para o autor poder autorizar eu postar, mas até agora não tive retorno, mas achei tão encantador a forma dele falar sobre a TC que vou me arriscar a postar, mas claro com todos os dados dele no final.

Terapia Comunitária

Silas Corrêa Leite - Dezembro2006
“O que faz de qualquer número de pérolas um colar, é o fio invisível que as une todas numa certa ordem”Antonio Sérgio

O Filósofo Pascal dizia que a infinita solidão do espaço sideral o atraia. Paradoxalmente, a famosa bossa-nova de João Gilberto em áureos tempos, num belíssimo sincopado afirmava “é impossível ser feliz sozinho”. Para alguns poetas sonhadores, em estúdios íntimos buscando pérolas de ostras refratárias, a solidão é uma grande amiga. Pode circunstancialmente ser, mas, só para alguma ocasional reflexão ponderada, certa autovalorização com acompanhamento clínico. No entanto, nesses tempos de cada um por si e salve-se-quem-puder, até de um neoliberalismo que globaliza insanidades com grifes e sexismo, o problema do conviver social precisa ser repensado. As pessoas solitárias ligam o aparelho de televisão para terem companhia sonora. Outros buscam um frio amigo virtual para o descalabro de uma utopia internética. Quantos seres esperam o toque carnavalesco de um aparelho celular, em resposta a um pedido de socorro em vão?. Muitos carentes ainda se aventuram em canoas furadas e sofrem predações de todos os tipos, quando não fatais. Certas pessoas já são problematizadas nessa individuação que reflete no psicossomático, e assim vão ao shopping-center para não se sentirem sozinhos entre estranhos. Buscam ali se sentirem seguras entre vitrines e manequins, elas mesmas desfilando a sozinhês, o terrível mal desse início de terceiro milênio. E vai por aí o sentido da falta de companhia, de falta de diálogo, da tal ausência táctil. Eu mesmo, nas minhas gracezas poéticas, aventurando uma solidão-cangalha, cantei: “Acompanhe a maioria/Ande sozinho...” Ou, ainda, num poemeto-fuga ventilo a alma nau: “Eu faço poesia/Para ter companhia”. A utopia singular dos que ainda esperam e confiam, escrevem vivências e expectativas.
Nas grandes metrópoles de milhões desse chamado “gado marcado” para a sobrevivência possível, gaiolas-apês escondem carentes de toda sorte, quase sub-seres; pessoas sensíveis com gravíssimos conflitos por absoluta falta de diálogo-saída-de-emergência, isto é; de terem com quem conversar. Com falta do nutriente grupal de uma convivência ético-plural-comunitária. O ser humano é positivamente (e por isso mesmo evoluído) um ser social, dependendo do outro para se fazer Ser, se completar assim. Precisa, portanto, de companhia entre humanus. Mas não é fácil. Alguns brincam, trocadilhando: há bares que vêem pra bem. Isso só vale para a fauna notívaga que é bem realizada em todos os suportes afetivo-emocionais, quando não é só uma outra fuga para a solidão que dá nos nervos. Você é tudo o que você tem. Você é o seu próprio capital. As solidões são sábias?. Isso é pura poesia. A dura realidade da solidão é muito triste. E pode acabar em doença até.
Imagine então, na descalça periferia sociedade anônima, em vielas, becos, guetos, cortiços, favelas e palafitas, quando conflitos de baixa estima são resignados, quando tristes vexames extremos são sublimações em várias fugas emergentes e à mão; de ocasionais drogas a neuras mal sacadas. De eventuais violências domésticas a infrações tácitas, mais o medo sobrevivencial da difícil impossibilidade dos sem saída, dos sem açúcar e sem afeto. Isso dói. Um território de paradigmas.
Nesses vários e distintos brasis por atacado, de tantas sócio-historicidades problemáticas, certos tipos de “respostas” a essa gama de variadas situações são dadas aqui e ali, com retornos satisfatórios, e então, aleluia, tudo resultou num ocasional encaminhamento para a paulatina solução imediatamente possível, até como ocasional prevenção na área da saúde mental, entre outros retornos de qualidades múltiplas.
Estou me reportando à tão em voga Terapia Comunitária de ótimos resultados. Nascida lá na cidade de Fortaleza, Ceará, por criação técnico-ocupacional de um visionário psiquiatra a partir de reuniões de grupos em favelas, a idéia como um todo foi alicerçada e ganhou viço, foi experimentalizada aqui e ali, e hoje, arejada logra ocupar espaço de estudos com elenco de práticas também internacionais. É preciso saber ouvir. É preciso um canal propício a desabafos terapêuticos. Trocas. Somas. Pertences e questionamentos sócio-grupais. A boca fala? O corpo sara. A boca cala, o corpo fala. Quer saber? Sem falar, sem conversar (e assim muito bem conviver enquanto humanus) o corpo de certa forma intencionalmente avisa, “responde” direta ou indiretamente, imediatamente ou a curto, médio e longo prazo, por doenças difíceis de identificar causas; por falsos fantasmas, distúrbios mentais, seqüelas graves ou fatores de implicações até mesmo vitais, como o próprio câncer e suas seqüelas.
Como é bom ter com quem conversar. O ser humano é assim efetivado como ser humano, porque socialmente comunga princípios naturais da espécie e convive com o diferente de si, mas, próximo de si. O Ser precisa falar, precisa trocar para evoluir; precisa aprender, pensar, sentir, ter aberta sua tão natural e inerente caixa de diálogo, para então se reafirmar como ser-social e ocorrer a partir disso uma salutar inteiração evolutiva de meios e de princípios também.
Terapia Comunitária é exatamente isso: ter com quem conversar. Humanismo de resultados. Terapia de Amor. Colocar as pessoas para trocarem experiências, desaforamentos moderados, irem ao encontro de um seu semelhante, treinarem refinamento pessoais, alicerçarem bases, dizerem de seus problemas, sondarem soluções nos entornos, buscarem resultados amigáveis a partir de uma amizade estimulada enquanto solidária; tudo a partir de relações-parcerias, bases bilaterais de evoluções nesse propósito. Todos têm problemas, claro. Todos têm soluções? Na tal Terapia Comunitária têm. Médicos, psiquiatras, terapeutas, amantes, confidentes, poetas, parentes, amigos, colegas de trabalho e estudo, convivas, visitas, profissionais gabaritados, são saídas de emergência. Vazão de foro íntimo. Precisamos desesperadamente ter quem nos escute, de quem confie em nós, de quem nos ouça; precisamos inegavelmente de um ombro amigo, de quem opine, de quem releve, de quem sonde conosco uma luz no fim do túnel, de quem perdoe, pondere; do estojo de uma palavra-retorno-referencial; principio de contrariedade amistosa. Um beijo, um abraço, um aperto de mão. Vizinho íntimo. Tudo a ver. Essa é a idéia. Terapeutas de almas?
Deus não produz lixo, disse Erma Bordeck. Pessoas se reunindo buscam soluções reunindo opiniões diferentes, comparações potencializadas, versões difusas sobre o mesmo tema, inclusive em caso de doenças. Fortemente juntas as pessoas pensam melhor. Falam de sonhos impossíveis, desafios e arrebentações íntimas. Há uma escuta receptora. Faz bem para a pele da alma respirar a energia da arte que há no encontro. A sabedoria popular do diálogo. A vida é a arte de prosear. Conversando venceremos. As flores do jardim de nossa alma.
A competência de cada de cada um veiculada, promovida. A habilidade de cada um passada ao próximo, oferta e procura de seres. A informação-referencial, o aprendizado de trocas, a informação cara a cara, o conhecimento-questionamento, a busca semeadora, a escora divinizada, o suporte-empenho, o retorno de meio. Olhos nos olhos. Dor a dor. O que cada um sabe vale ouro para o outro. Experiências divididas, lutas revistas, conquistas sondadas, revisões de entendimentos antes fechados em prismas precários. Ficamos “doentes” se deixarmos de nos comunicar dinâmica e efetivamente. O chamado distúrbio mental é só isso: um esconderijo de impronunciamentos. Conversando vivemos a vida, levamos a vida, suportamos vida. Amizade assim vale o verbo viver.
Terapia Comunitária é gente se reunindo com gente, para se contar um ao outro, contar um com o outro. Faz diferença o refletir de cada um; seu sentir todo próprio, particular e assim dividido; inerente mas, pensado comunitariamente, solidariamente. Almas gêmeas se encontram assim. Gente é para brilhar, não para morrer de fome, cantou Caetano Veloso.
Numa Terapia Comunitária você saca melhor as perspectivas que antes solitário não via direito. Deposita créditos emotivos que sozinho não julgava ter. Poupa delírios que nem sabia em que comportamentais seqüelas escondia. Vive uma relação de se assumir em núcleo de iguais. Tem uma outra ótica renovada do seu problema que dilui no encorajamento das idéias em comum. Experimentações e desejos são regiamente partilhados. Todos por todos. A participação da dor de um, para um todo, esvazia o foco e o peso da dor. Cria teias salutares de novos rumos. Alavanca elos para mudanças radicais. Ser ouvido é uma delícia de Deus. Uma benção.
A Terapia Comunitária da conversa pública (falar/ouvir) é um olhar novo sobre horizontes plurais. Amor e flor.
Se você tem com quem conversar, isso compensa muita coisa. Se você não tem, não importa nada do que possui.
Solte as amarras. Proseie. Solte o verbo, solte a sua língua. Mostre-se.
Abra os armários de seu mundo interior, ventile idéias, alimente prosa nua e crua. Todo conhecimento é luz.
Passe a palavra adiante. Essa é a verdadeira terapia humanizada. Baixe essa guarda. Baixe esse peso.
-Como vai você? Eu preciso saber de sua vida, para também poder contar a minha vida. Isso tá parecendo uma balada dos anos 60, quem não dialoga vegeta. Quem não conversa, não se conserva, não se tem amor. Ame e dê-se: compartilhe-se. Feliz dia do amigo.

Sobre o autor:Silas Corrêa Leite – Estância Boêmia de Itararé, São Paulo.Teórico da Educação, Crítico Social e Jornalista Comunitário. Pós-graduado em Relações Raciais, Literatura na Comunicação (ECA) e Direitos Humanos (USP). Prêmio Lígia Fagundes Telles Para Professor Escritor. Autor de “Porta-Lapsos, Poemas”, Editora All-Print, São Paulo, 2005, Série Literatura Brasileira Contemporânea. Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm - Autor do e-book ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS, download free no site www.hotbook.com.br/rom01scl.htm - Texto da Série “Terapia das Almas”, livro inédito do autor. E-mail para contatos: poesilas@terra.com.br

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Adote Borgner uma cidade do Haiti

Adote uma cidade
No início deste ano o mundo assistiu uma das maiores catástrofes em forma de terremoto atingir o Haiti. Milhares de pessoas foram mortas e outras tantas perderam suas casas , seus entes queridos, sua saúde, suas profissões , seus sonhos e a possibilidade de olhar para o futuro com fé na vida. Assim como Porto Príncipe, Borgne uma pequena cidade vizinha que foi parcialmente atingida pela catástrofe abriga muitos cidadãos que vem de todas as partes da Capital em busca de segurança, aos poucos e com muitas dificuldades estas pessoas tentam se reerguer buscando apoio a quem possa ajudar. Sensibilizadas com esta situação .
O Quarteto A Quatro vozes resolveu adotar Borgne. Como se reconstroi uma cidade? Casas a serem reerguidas, escolas a serem estruturadas , pessoas a serem resgatadas e isso é possível com exercício de solidariedade e sensibilidade, ações, idéias e realizações. Contamos com a ajuda de todos que puderem ajudar de alguma forma.
A Quatro Vozes fará ações com a musica doando seu cachê . Desde já agradecemos a ajuda de todos na certeza de que arte é conceito ação e beleza que salvará o mundo. Show comrenda destinada ao Haiti
será 6/6 as 18:00 Local Centro cultural Rua Vergueiro n. 1000 São Paulo SP com participações do GRUPO VOZ , HOMEM DO BRASIL ,QUARTETO A QUATRO VOZES www.aquatrovozes.com.br
Segue carta de Pe Jan Haitiano amigo do Quarteto que nos pede ajuda

Borgne, Haiti, 19 de maio de 2010

Prezados irmãs e irmãos do Brasil, fãs de “A Quatro voz”, mulheres e homens sensíveis aos dramas da humanidade, saudações e paz!
As preocupações e as urgências causadas pelo terremoto do 12 de janeiro de 2010 nos levam a pedir ajuda...
Como todos vocês sabem, este drama pode ser considerado com um dos mais devastadores da história.
Antes deste acontecimento, Porto Principe e suas periferias, a despeito de suas tão fracas estructuras, foram considerados como um centro de atração para a maior parte da população haitiana. É um centro ao redor do qual giram a vida e o futuro dos haitianos. Para ter acesso à educação primária, secundária e universitária, para achar um trabalho, para ir aos médicos, para tirar carteira de motorista ou passaporte e outros serviços, todos são obrigados de ir a Porto Principe.
As consequências deste sombrio acontecimento são tão pesadas a tal ponto que os meios para nos reerguermos ultrapassam as nossas capacidades e não estão ao nosso alcance. Os números são longe de serem exautisvos. Foram enregistrados 230 mil mortos, 50 mil deficientes, 1.2 milhõess de desabrigados sem falar dos desaparecidos e do estrago que este drama causou ao nosso sistema econômico. Hoje em dia, e depois de mais de 5 meses, o atmosfero é de desolação. Um grande fluxo de migrantes sairam de Porto Principe e foram para todas as partes, e mesmo assim, não se dispõem, la onde eles estão, de estrutura de acolhimento.
O Borgne que um município do Departamento do Norte recebe seus filhos e filhas, sobreviventes, junto com as suas vulnerabilidades. Nós, pastores desta Paróquia, estamos tentando dar uma resposta pastoral a esta situação deshumanisante et humilhante. O que foi feito até agora? 1) Conseguimos um psicólogo para atender os sobreviventes. Tivemos duas sessões de terapia. Era pouco, mas ajudou enormemente. 2) Arrecadamos aqui na paróquia, roupas, louças e algumas coisas básicas para mandar para uma outra paróquia de Porto Principe. É interessante ver como os pobres também podem ajudar outros pobres! 3) Conseguimos de uma paróquia amiga dos Estados Unidos 100 mil gourdes ( 1 dólar = 40 gourdes) para pagarmos um ano escolar para 100 crianças.
O que está sendo feito agora? Constatamos que as ruas do Bairro estão cheios de todo tipo de gente que vieram de Porto Principe: Jovens, velhos, crianças sem rumos. Muitos estão numa situação mais do que miseráveis estamos organisando uma ação pastoral que tende a acampanhar de maneira eficaz, sobretudo os mais necessitados, os idosos, os menores de rua, os jovens etc...E mesmo assim, estamos longe de atingir a meta, porque o Estado esta meio ausente. Aqui, tudo fica por conta da Igreja...

Por isso tudo, nós nos dirigimos a vós, amigos do Brasil, sollicitando a sua ajuda afim de podermos acompanhar essas pessoas, trabalhar para que elas possam reintegrar a localidade.
Contando sobre a sua generosidade e sobre o seu espírito de colaboração, em nome da População do Borgne, os agradecemos por este gesto de bondade.
Padre Jean Molière Elarion
janwmache@hotmail.com

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A terapia comunitária e a recuperação da pessoa humana

Tratar de definir o que seja a espiritualidade, parece-me o começo necessário deste diálogo. Entendo por espiritualidade, a vivência de Deus ou do sagrado, por contraposição com a religiosidade, que é essa mesma vivência no âmbito de uma religião. A primeira, se processa no cotidiano, e, nesse sentido e contexto, tudo é sagrado. A segunda, se bem que possa estar incluída ou incluir a primeira, se processa sobre tudo, embora não exclusivamente, no âmbito definido como sagrado por uma religião.

Entendo por religião, um conjunto de práticas e crenças orientadas à vivência do sobrenatural e divino. Supõe, embora nem sempre, uma hierarquia sacerdotal ou de mediadores entre o humano e o divino, o que é suprimido tanto pela terapia comunitária --em que cada pessoa é o seu próprio mediador, se assim podemos nos expressar-- quanto na espiritualidade, âmbito por excelência da vivência mística ou da participação com Deus.

Pode ser contraditório, ou parecê-lo, colocar em âmbitos separados e até opostos, o que parece estar unido e ser uma única e a mesma coisa, isto é: a vivência e a crença. A experiência e a conceituação dessa mesma experiência. São como a forma e o conteúdo: indissociáveis. Mas, para fins da análise, devemos separá-los.

Uma coisa é crer em Deus, e outra, viver em Deus, ou com Deus, ser um com ele. Um é o âmbito da crença, como dissemos, outro o da experiência. Um o da religião, outro, o da mística.

Na terapia comunitária, abole-se a mediação entre o ser humano e o sagrado. Repõe-se no âmbito da sociabilidade que abole as barreiras de classe, social, de status socioeconômico, de nível intelectual, de aparência, raça, cor, religião, etc, a unidade e igualdade essencial da pessoa, seu pertencimento a uma realidade que a inclui, com seus atributos que lá fora, na vida anterior e exterior ao espaço da terapia comunitária como recriação da pessoa para si, opõe o igual ao seu igual, faz do irmão um inimigo, do vizinho um estranho, do diferente alguém perigoso, do pobre um desprezado que nada vale, do intelectual e do técnico, do doutor e do profissional, um que é tudo, que vale mais, e deve ser respeitado embora nem sempre mereça esse respeito.

Neste sentido, a terapia comunitária funciona como um embrião de religiosidade primitiva, sem o tom eclesiástico ou institucional que a palavra possa ter ou despertar. Religiosidade, no sentido de pertencimento, de união com o real, sem fissuras nem cisões. Aqui, a espiritualidade, nos parece, já se separa como uma prática ou um estado de consciência, em que a pessoa e a comunidade abolem as barreiras que a sociabilidade capitalista, a sociedade do pensamento único que classifica, que coisifica, que aliena o indivíduo de si mesmo e da vida, do tempo, da história e da memória, dos seus semelhantes.

Na terapia comunitária, a pessoa se reencontra consigo mesma, mas não com essa mesmidade que pode parecer coisa intimista ou excludente do coletivo, do social, e sim com a sua totalidade, com tudo que ela é. Ela recupera, vai recuperando gradativamente ou de uma só vez, a imagem do ser inteiro que ela é, da sua trajetória de vida, seus valores, os esforços pessoas e familiares de que é resultado, o seu projeto de futuro, ancorado num pertencimento coletivo que antes apenas podia vislumbrar e agora se lhe aparece como um horizonte concreto de existência.

Este processo ocorre nas rodas de terapia comunitária pelo Brasil afora, e, já, no Uruguay, onde desde o ano passado, um grupo de terapeutas comunitários vem trabalhando em setores como a recuperação de jovens uduários de drogas, e demais setores da atenção primária em saúde.

A pessoa, muitas vezes arremessada de cidades pequenas ou do campo para as grandes cidades, outras vezes, muito frequentemente, perdida na prisão de papéis sociais que lhe negam a identidade e a plena realização das suas potencialidades, redescobre o sentido da sua vida, depara-se novamente com a vida como algo a ser criado, construido epssoal e coletivamente, no seio da sua família, no convívio com vizinhos e coleags de trabalho ou de estudo. Em outras palavars, novamente se descobre autora do seu próprio destino, sujeito e não objeto.

Isto pode parecer ambicioso demais ou excessivo, se você não participou ainda destas experiências coletivas de recuperação de pessoas, mas quem já tem alguns passos dados nesta esrtarda, sabe o quanto se partilha de novos nascimentos cada vez que os terapuetas se encontram, cada vez que é posta a rodar novamente esta roda da vida que, não por acaso, se apoia essencialmente e muito fortemente, no pensamento de Paulo Freire, a pedagogia da autonomia, a educação como prática da liberdade.

Esta é uma das estradas, desses caminhos palmilhados por centenas de pessoas pelo Brasil afora, e, como dissemos, já em marcha no Uruguay, com entrada para a Argentina, na província de Misiones. São formas concretas de reconstrução da humanidade sobre novas bases, ou melhor, sobre bases olvidadas, que começam a ser redescobertas e postas em prática.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Espiritualidade e Terapia Comunitária

Nestes anos em que venho participando da Terapia Comunitária, já como curioso ou então como colaborador em distintos trabalhos, tenho tido a oportunidade de observar que a conexão entre espiritualidade e Terapia Comunitária é intensa e profunda.

As rodas de Terapia Comunitária concluem com rituais de integração. São momentos de comunhão com o sagrado, de reforço de laços solidários. São momentos em que revive a religiosidade adormecida. As pessoas se abraçam, formam-se rodas, cantam-se hinos religiosos, abençoam-se uns aos outros, incluindo os ausentes. Mas não quero me referir aqui somente a manifestações explícitas de religiosidade, e sim, pontuar o que me parece ainda mais importante, que é como, a partir da prática da terapia comunitária, da redescoberta de si mesmo e da nossa inserção num todo maior, praticam-se a fraternidade, o amor de uns pelos outros, o amor a si mesmo, o respeito e a reverência à vida nas suas distintas manifestações, na sua misteriosa inextinguibilidade.

Quando as pessoas aprendem a se escutar com atenção e respeito, e ao ouvir o outro percebo que ele e eu somos semelhantes, passamos por sofrimentos parecidos ou situações também parecidas, surge uma empatia. Eu e o outro não somos tão diferentes. Ela ou ele, e eu, temos muito em comum. Eu ajudo e sou ajudado. As redes, a teia de aranha, não são símbolos sem significado, mas realidades concretas.

Quando, na finalização da roda de Terapia, nos abraçamos uns aos outros, é porque juntos descobrimos uma força maior, uma que estava adormecida ou esquecida, como dissemos, e que foi revivida em poucos minutos.

Quando a Terapia Comunitária chegou em João Pessoa em 2004, no bairro dos Ambulantes, na louça da sala da Associação dos Moradores do Bairro em que se iniciaram os trabalhos, estava escrito: Juntos podemos vencer todos os problemas. Não poderia haver nada mais significativo. O reencontro da força coletiva, a recuperação da fé em si e na comunidade como ator social concreto, efetivo, no empoderamento das pessoas e na revitalização dos seus laços de pertencimento ao tempo e à vida, à sociedade e ao mundo atual, é profundamente religioso, no sentido original do termo.

Alguns alunos do Programa de Posgraduação em Enfermagem da UFPB tem pesquisado a influência ou presença da fé nas rodas de terapia no Rio Grande do Norte. Outros, tem levantado, em entrevista com profissionais da saúde formados em Pedras de Fogo, Paraíba, a autoconsciência do renascimento que se processa na pessoa no processo de formação em Terapia Comunitária.

Ainda, no México, no Uruguay, e na Venezuela, tenho observado a confluência de tradições místicas da humanidade, entre as pessoas na ENEO-UNAM, na Facultad de Enfermería de la Universidad de la República (UDELAR), e na Universidad de Crarabobo.

O clima de alegria, a sensação de as pessoas serem vencedoras, o sentirem-se parte de uma força ativa de saração, é profundamente espiritual. Pessoas tem visto cor violeta (Uruguay), após uma sensiblização realizada, na qual, no final, cantou-se o Ave Maria. No México, um reviver da tradição asteca e tolteca, na visita às pirâmides de Cholula e Teotihuacán. Na Venezuela, um eclodir da alegria espontânea e gratuita que se expressam na dança e na piada, no mútuo se alegrar com a companhia dos promotores da vida, dos parteiros da esperança.

Não estamos falando apenas –embora também—das formas de religiosidade explícita, mas, sobre tudo, de vivências do sagrado. Nas Ocas do Índio em Beberibe-CE, nos encontros de formadores ou nas vivências durante a formação como terapeutas comunitários, temos vivenciado em nós e no grupo, estas sensações de pertencimento, de uma calma que ultrapassa a compreensão, uma sensação de paz, um estado de inexprimível unidade.

Já não importa o cargo ou a profissão, o papel social da pessoa ou a sua educação (grau de escolaridade), mas entre todos se criam laços de união duradouros que perpassam o tempo e as distâncias. É isto.