domingo, 30 de maio de 2010

O movimento da libertação interior, a revolução interior

Algumas vezes, tenho pensado que poderia ser interessante escrever alguma coisa sobre o movimento da libertação interior, ou sobre a revolução interior, que não são a mesma coisa, mês se parecem, estão inter-relacionados estreita e profundamente. Em ambos os casos, se trata de um movimento que a pessoa empreende em direção a si mesma. Um caminho que ela decide empreender para saber quem ela é. Devo dizer --abrindo aqui um parênteses-- que estas digressões não tem outro objetivo do que o clarear a minha própria trajetória de vida e, em algum sentido, o vasto esforço da humanidade como tal, desde as profundezas das origens da caminhada humana em busca de si mesma.

Aqui não há doutrinas nem organizações, tampouco fronteiras ideológicas ou qualquer outro tipo de afã privatizante ou exclusivista. Podemos dizer, como forma de começar esta conversa, (porque é disto que se trata, de uma conversa e não de um discurso, não há pretensão de exibir conhecimento ou convencer) que entendemos como movimento de libertação interior ou revolução interior –ainda tratando ambos em conjunto, quase como sinônimos, que não são—tudo que a alma faz para se ver livre do que a trava, do que a aliena, do que a confunde e engana.

Neste sentido, podemos dizer que a terapia comunitária é um movimento de libertação interior, que o pensamento de Karl Marx é um movimento de libertação interior, o pensamento de Paulo Freire, as idéias e a prática de Jesus, etc. Tudo que traga a pessoa de volta para ela mesma, tudo que dissolva as ilusões ou mentiras, os enganos ou preconceitos, é um movimento de libertação interior.

A meditação, a oração, a arte, o estudo das religiões e a sua prática, a partilha, a expansão da consciência a través do trabalho individual e coletivo, das ações solidárias ou solitárias, são também expressões ou formas de realização da libertação interior. Deve estar claro, neste ponto, que não há –como dissemos— receitas ou dogmas.

Da revolução interior podemos dizer que seja o processo de retorno da alma a si mesma, produzido por uma relembrança ou reintegro dela à matriz divina essencial que subjaz a toda manifestação, a tudo que existe. Talvez possamos dizer que esta revolução, que resulta da libertação interior, é o fim do caminho humano, é a conclusão da caminhada.

Alguns, como São Francisco de Assis ou Gandhi e o próprio Jesus, se tornaram exemplos desta possibilidade que está aberta a toda pessoa humana pelo mero fato dela existir. Os Beatles, John Lennon e George Harrison em particular, mas o conjunto como um todo, funcionaram --e funcionam ainda-- como promotores da libertação interior e coletiva pelo amor expansivo, o amor sem fronteiras, a fraternidade universal, a comunhão com tudo que existe.

Não há conclusões para este início de conversa, apenas a expectativa de que possamos nos lembrar, que possamos nos lembrar de nós mesmos.

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