sábado, 26 de junho de 2010

Las raíces histórico-sociales y culturales en la formación del terapeuta comunitario y en el ejercicio de su práctica

El conocimiento vivencial, no sólo intelectual o informativo, de las matrices valorativas y de los procesos histórico-sociales de los pueblos latinoamericanos, es imprescindible para el autoconocimiento del terapeuta comunitario, tanto como para su ejercicio profesional. Esto es obvio, si se tiene en cuenta que en el proceso formativo, el terapeuta fue llevado a un intenso sumergirse en sí mismo, y allí, encontró sus padres, sus abuelos, sus orígenes, el lugar donde nació, sus experiencias de niño, reconstruyó su vida paso a paso, en un reencuentro fecundo con las experiencias que lo moldearon en las diferentes etapas de su vida.

Entonces se reconoció como parte de un pueblo, con sus luchas, sus avatares, los sueños, esperanzas, dolores y alegrías de ser latinoamericano, del modo como puede serlo quien nació y vivió en estas tierras marcadas por la colonización española y el mestizaje con las culturas indígenas, los neocolonialismos, el imperialismo, las dictaduras, los movimientos de liberación nacional, el socialismo, el bolivarianismo, el marxismo, las distintas ideologías nacionales y locales, en la conformación del mosaico de identidades que forman el rostro plural de nuestra América Latina.

Ser latinoamericano en Argentina, en Uruguay, en Chile o en Venezuela, como en los otros países que forman nuestra América, supone desafíos que todos, de un modo o de otro, llevamos marcados en la mente y en el corazón. Si el terapeuta comunitario es, como dice Adalberto Barreto, un políglota en su propia cultura, sabemos que esto significa, para cada uno de nosotros, un arduo camino de honestidad consigo mismo, para reconocer, en la vida y en el caminar de cada uno, errores y aciertos, en ese permanente aprender que es la vida.

Conocer las hablas del pueblo, sus formas de expresión, sus refranes, sus valores, sus creencias, sus vicios y defectos, sus alegrías y esperanzas, es transformarse uno mismo, en espejo y reflejo de una realidad de que somos parte indisociable. Es reconocerse en el habla, en la cara, en la voz, en las voces, en los acentos, en las tonadas, en las risas, en los llantos, en las oraciones y meditaciones, en las reflexiones, en el luto en la paz y en el silencio del otro, de los otros, que ya no son tan otros, sino más bien nosotros.

Quien tiene hoy alrededor de cincuenta años en nuestra región, ha pasado por tiempos comunes, que es necesario mapear. Recordar individual y colectivamente las canciones, los hechos, los dichos, las caras, los sueños, las esperanzas y las pesadillas sucedidas en las tierras de cada uno, año a año, o por décadas. Es impresionante la memoria que se recupera en estos ejercicios. Tengo certeza de que ya lo han hecho. Y tendremos que hacerlo, lo seguiremos haciendo siempre. Es un ejercicio infinito, incesante. O te alienas, o recuerdas. Si no te acuerdas, te desconectas, dejas de existir en el presente, te transformas en una abstracción. Y ninguno de nosotros es un hombre o una mujer genéricos, como dice José Comblin.

Todos somos alguien con una identidad, una memoria, unos valores, individuales y al mismo tiempo sociales, en parte compartidos y en parte únicos, como dice Ralph Linton en Estudio del hombre (Study of man). Otro antropólogo, Martin Buber (Yo y tu), así como Peter Berger, Karl Marx, Jesús Cristo, nos colocan frente a la evidencia de que sin ti no soy nada. Y esto no es una declaración de amor, sino un hecho. Me construyo en relación, y también, puedo destruírme en malas relaciones. Esto es lo que la terapia comunitaria define como el principio sanador de esta dinámica de vida que consiste en vivir en red. Sano al sanar contigo. Como no me enfermo sólo, tampoco me sano solo. Y juntos nos sanamos, o mejor, prevenimos el sufrimiento emocional, el aislamiento, el anonimato, la pérdida de identidad, la soledad, la alienación.

Identidad, memoria, historia, valores, raíces, pertenencia. De esto trata la Antropología cultural, como una de las bases o pilares de la Terapia Comunitaria.
El terapeuta comunitario es un hombre o una mujer de su tiempo. Conoce las raíces de su pueblo por conocerlas en sí mismo, y por vivir en red, se incorpora al proceso constante de la vida que, en relación conflictiva, progresa constantemente hacia ideales más elevados de justicia, fraternidad, solidaridad, cooperación, y realización plena de cada uno, en medio y con respeto a las diferencias.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

As dores da alma dos excluídos no Brasil, por Adalberto de Paula Barreto

O Contexto de nossa ação:

Assim como muitos países do mundo recebem refugiados de guerra, as grandes cidades do Brasil recebem refugiados que fogem de uma luta desigual contra as forças da natureza, no árido sertão nordestino e vitimados por uma política econômica que concentra poder e riqueza, excluindo a grande maioria das oportunidades de desenvolvimento e da partilha de bens materiais ou culturais.

Os movimentos migratórios, agravados pelas secas cíclicas, pela interrupção e vulnerabilidade das políticas agrícolas provocam o empobrecimento econômico, cultural, do “savoir -faire” e dos laços sociais e da imagem de si mesmo. Estes migrantes são personagens de uma batalha silenciosa, invisível fruto da política econômica injusta e excludente. Essa batalha, sem armas aparentes, deixa marcas profundas no corpo e na alma do homem. A chegada às grandes cidades acontece na mais profunda desolação. A cidade não os acolhe, não abre suas portas para recebê-los. Eles chegam, mas não a penetram, permanecem na periferia formando um cinturão de miséria.

Logo descobrem que os sonhos tornam-se pesadelos. Inicia outra série de problemas bem mais dramáticos: onde morar? Como construir casa se não há terra nem meios? Como alimentar e nutrir seus filhos? Como conseguir emprego, se não têm capacitação profissional? Como cuidar dos filhos, se precisam sair de casa á busca de trabalho e comida? Essas questões ilustram a “via cruxis” de indivíduos e famílias no quotidiano. São populações abandonadas pelos governantes, denegadas por uma economia selvagem que as excluem literalmente da partilha.

Para poderem se inserir na grande cidade têm que romper com barreiras invisíveis, verdadeiras muralhas de indiferença, hostilidade que tentam manter essas populações afastadas da vida social. Neste contexto profundamente diferente, a nova vida social e política e as atividades econômicas, por um lado, funcionam como elementos que agridem a identidade cultural e atingem a identidade pessoal provocando desagregações, desajustes e desequilíbrios. Por outro lado, desencadeiam um esforço criativo e desejo de inserção social muito grandes, por meio de inúmeros cultos religiosos ou movimentos associativos. A conseqüência imediata dessa exclusão é a cisão da sociedade em duas grandes correntes humanas:

a) uma, fixada na terra com seus imóveis e mansões bem protegidas, ostentando riquezas e bens visíveis;

b) outra, como fantasmas semivisíveis que ninguém quer ver, perambula de lá para cá, dentro do espaço urbano, movendo-se impulsionada pelas necessidades básicas, em busca de alimento, moradia, emprego constituindo-se na sociedade dos descolados sociais, ou das “almas penadas”.

Na cultura brasileira o termo “alma penada” define a situação de pessoas que morrem e não têm para aonde ir, que não conseguem seguir o destino de todas as almas após a morte, e vagam entre os vivos, sofrendo e gemendo entre a terra e o mundo espiritual. São as almas penadas, que tentam, sem sucesso, o contato, o diálogo com o mundo dos vivos (Barreto 1994).

Durante estes anos de trabalho com essas populações, nós podemos compreender o drama do homem das favelas das grandes cidades brasileiras. Ser migrante favelado é algo tão angustiante, tão frustrante quanto ser “alma penada” buscando contato com os vivos, sem jamais conseguir ser visto ou ouvido.

Talvez a familiaridade do termo junto às classes pobres traduza o real sentimento de uma vida sem reconhecimento e sem direito a espaços que garantam o desenvolver pleno da existência como pessoas, como cidadãos. A alma penada seria o protótipo das doenças da alma do século XXI?

Nossa intervenção:
Há 21 anos, o Departamento de Saúde comunitária da Universidade Federal do Ceará, com o apoio do Centro de Direitos Humanos do Pirambú - CE. e do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária, desenvolve um trabalho de promoção em Saúde Mental Comunitária, na segunda maior favela do Brasil, a favela do Pirambú, com 280.000 habitantes, situada na cidade de Fortaleza, nordeste do Brasil, metrópole com dois milhões de habitantes.

A ação da Universidade, no início, era voltada para as intervenções pontuais de indivíduos e famílias em sofrimento psíquico, cujos direitos de cidadãos tinham sido violados. Convidado a intervir como psiquiatra na favela, me dei conta de que o arsenal quimioterápico da psiquiatria moderna não podia ser a única arma na luta contra os efeitos de um contexto social desagregador e mutilador de indivíduos.
O uso indiscriminado tornava ainda mais caótico o estado psíquico de muitos usuários e os mesmos psicotrópicos usados para tratar distúrbios mentais eram usados indiscriminadamente nas insônias rebeldes e nos desequilíbrios emocionais ou até para aplacar o choro das crianças famintas. Esse contexto caótico exigia a criação de novos paradigmas capazes de estimular uma ação terapêutica criativa e efetiva, que nos permitisse:

1. Perceber o homem e seu sofrimento em rede relacional;
2. Romper com o modelo do “salvador da pátria”, do técnico iluminado, que traz as soluções e reforça um sistema de dependência;
3. Identificar não só a extensão da patologia, mas também o potencial daquele que sofre;
4. Como fazer o grupo acreditar em si, na sua competência;
5. Como resgatar o saber dos antepassados e a competência adquirida pela própria experiência de vida;
6. Como ultrapasssar o unitário para atingir o comunitário;
7. Fazer da prevenção, uma preocupação constante e tarefa de todos;
Para atuar de forma transformadora nesta dura realidade social, começamos a realizar encontros semanais entre as pessoas mais carentes de auxílio psiquiátrico, na favela, e acabamos criando nossa própria forma de trabalho, a Terapia Comunitária (Barreto 1994).

Em espaço livre, à sombra de um pé de cajueiro, reuniam-se as pessoas que estavam vivendo uma situação de crise para falar de suas angústias, problemas, sonhos, dramas e necessidades. Criamos então o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária, Organização Não Governamental, sem fins lucrativos e com base comunitária, que passou a oferecer, ao longo de 18 anos de trabalho, algumas opções terapêuticas à população: arte terapia – massagem anti-estresse, fitoterapias - Terapias comunitárias, sessões de resgate da auto-estima (Barreto 1994). Nossa ação procurava suscitar a capacidade terapêutica do próprio grupo ajudando o indivíduo a descobrir as implicações humanas e contextuais do quadro de sofrimento em que viviam.
Desta forma, nossa intervenção permitia a tomada de consciência do indivíduo em sofrimento psíquico dentro do corpo social, estimulando a transformação de um e de outro, tratando assim a saúde coletiva, e recuperando, com ações individuais, a saúde do corpo social.

Nesses anos de trabalho como psiquiatra, na favela, temos treinado cerca de 7.500 lideranças comunitárias que atuam em 27 estados do Brasil para assumirem o papel de mediadores dos conflitos, conhecidos como terapeutas comunitários. Eles atuam em comunidades carentes, nas escolas, postos de saúde, programas de saúde da família e em prefeituras como São Paulo, Londrina-Pa e Sobral-Ce.

Trata-se de um programa piloto na área de saúde comunitária que articula o saber científico com o saber popular na perspectiva de superação dos conflitos e na construção de redes sociais de apoio às pessoas em crise.

Nossa experiência tem dado a convicção de que estas “doenças da alma” podem ser tratadas pelo próprio grupo. Eles têm problemas, mas tem também as soluções e precisam ser estimulados a tomarem consciência do potencial humano e cultural que possuem.

É no próprio grupo, trocando experiências, refletindo, se apoiando, reforçando os laços afetivos e os valores da cultura local que o tecido social vai se consolidando, que a consciência social vai despertando, descobrindo coletivamente as saídas possíveis para a superação dos problemas, facilitando a inserção social em novo contexto.

Nós nos identificamos com o método (RAP)* Pesquisa-Ação-Participação, que temos adotado há vários anos, definido como “rejeição do monopólio universitário sobre a produção do conhecimento e fazendo apelo aos saberes da base, na base e para a base”…
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*-Atelier Nord Sud de méthodologie en analyse, Réseau Culture Bruxelles mars 1997
As doenças da alma
Nestes 21 anos de trabalho com as populações de excluídos no Brasil destacamos três categorias que atingem de forma contundente os indivíduos:
1. Disturbios do abandono.
2. Disturbios da insegurança.
3. Distúrbios da baixa auto-estima.

1-ABANDONO:

São populações inteiras, mergulhadas em forte sentimento de abandono e orfandade. Não fora um desejo muito forte de inserção social evidenciado pelas inúmeras associações de bairro e diversos cultos religiosos, a situação poderia ser bem mais caótica.

As agressões contextuais, como o desemprego, a falta de habitação, saúde, educação, aceitação social, a falta de uma política de inserção social mais abrangente, constituem–se no maior atentado á vida em sociedade.
Indivíduos e famílias entregues à própria sorte são levados a construir os próprios mecanismos de sobrevivência, modelos de funcionamento que só consideram o "aqui e agora" das necessidades fundamentais da existência humana, tais como saciar a fome, a sede, buscar segurança.

Os efeitos do sentimento de abandono são visíveis em todos os níveis:
-em nível individual: a própria aparência física: bocas desdentadas, rugas precoces, cabelos em desalinho;
-em nível familiar: mulheres abandonadas pelos maridos assumindo a responsabilidade de alimentar sozinha a família, famílias vivendo nas ruas, crianças abandonadas cheirando cola,
-em nível social: a própria configuração geográfica da favela, casas construídas com pedaços de papelão, caixas, madeiras nos reinviam a pedaços de existência de indivíduos, famílias e vidas.

Cada família, uma história, uma seqüência de sofrimentos, sentimento de exploração, de abandono e injustiça. Cada um parece prisioneiro de acontecimentos e, muitas vezes, emprega toda a sua energia para se defender do sentimento de estar “possuído” por forças ocultas, por espíritos dos mortos.

Talvez o “encosto,” forma popular de possessão, nos fale de perda de liberdade de vida, da perda da autonomia e do estado de dependência do outro, das pressões sociais do novo contexto (Barreto 1988).

Enquanto a dinâmica da urbis agrega pessoas em torno de lutas materiais específicas, como habitação, alimentação, saúde, através de associações e sindicatos, outras concentram as atenções no mundo secreto da espiritualidade.

São os líderes espirituais, os curandeiros que, no anonimato dos centros, no silêncio da noite, procuram com seus rituais, alimentar a fé que reanima a esperança de dias melhores, oferece a possibilidade de pertencer a uma família espiritual, e transforma o homem sofrido e solitário em pessoa pertencente a uma nova família, restituindo-lhe a alegria de viver.

Para muitos, ser devoto de santo católico, filho de algum orixá africano ou até mesmo se deixar incorporar por um espírito de luz permite que esses indivíduos abandonados possam sentir a plenitude de um sentimento quase esquecido, o de fazer parte de nação de luz, na qual os governantes os acolhem com respeito e afeição.
Aqui a cultura emerge como sustentáculo de uma identidade ameaçada pelo novo contexto. Tal qual a teia de aranha, a cultura é para o indivíduo o que a teia é para a aranha: ela agrega, une, alimenta e fortalece os vínculos que conferem a pertença.

Os mais jovens formam gangues, verdadeiras “internetes sociais,” como estratégia para suprir o sentimento de anomia, abandono e o desejo de inserção a grupo que lhe confira o sentimento e pertença.

Outros, ainda, geralmente os mais sensíveis, padecem de depressão, crises nervosas, alcoolismo, drogas, prostituição.

O que é mais dramático é que o sofrimento que padece o corpo e a família dos excluídos, no quotidiano, atinge violentamente as almas desses corpos.
Estabelece-se assim a guerra de valores em que o espírito das referências ancestrais fortemente paternalista se chocam com as novas referências do mundo urbano onde cada um tem que se virar para sobreviver.

É neste contexto que muitos se mobilizam para não perder a guerra interior, para manter viva a esperança, a crença em valores, para poder salvaguardar a identidade ameaçada, no novo mundo que exige adaptações rápidas.
Os espíritos cultuados nos diversos cultos, tornam-se em grandes aliados desses homens. Sacerdotes e curandeiros são procurados para ajudá-los a resolver os conflitos da alma.

Os curandeiros, guardiões da identidade cultural, através de cultos religiosos e rituais, tentam reanimar a alma desanimada pela dureza da vida.
Neste sentido, os cultos religiosos,católicos, espíritas, afro-brasileiros ou outros, funcionam como verdadeiras UTIs existenciais, para o homem sofrido, abandonado. Aqui a cultura tenta dar suporte, onde as instituições falharam.
Curando a dor da alma, conforta-se o corpo. Nestes contextos, os cultos tornam-se muito mais espaço de catarse coletiva, para reduzir o estresse, do que espaço de reflexão ou de tomada de consciência das implicações históricas e psicológicas do sofrimento.

Alguns cultos são terrivelmente agressivos, sobretudo algumas igrejas neo-evangélicas e pentecostais, que exigem de seus fiéis a recusa das crenças culturais. Trata-se de ruptura com o modelo referencial interiorizado há gerações, verdadeira destruição de identidades, de pertenças fundamentais, substituídas, por um falso EGO, construído sobre valores de uma religião da qual deve esperar tudo, e que se afirma pela negação do outro, do diferente.

Ela se impõe, o que reforça o sentimento de dependência, de submissão sectária.
No entanto, temos observado que outros cultos, como a umbanda, são muito mais respeitosos da diversidade cultural e oferecem a possibilidade de acolhimento, na neofamilia, na qual coabitam múltiplas imagens identificatórias, que podem, pelo respeito da cultura de base, se apropriar de modelo comunitário mais tolerante.
A doença do abandono é a porta de entrada dos cultos. De cliente, torna-se adepto. A explicação da origem de todo mal ou malestar é atribuída aos maus espíritos, que devem ser exorcizados através de rituais. Sob o pretexto de exorcizar o mal, exorciza-se o homem de si mesmo, de suas crenças, de seus valores ancestrais, do senso critico. Trata-se de verdadeiro culto de esvaziamento do homem de sua identidade cultural.

Estamos convencidos de que enquanto os indivíduos não entenderem as implicações humanas e contextuais de seus sofrimentos e não tiverem o senso de co-responsabilidade, não haverá desenvolvimento sustentável possível.

2-INSEGURANÇA:

O clima de insegurança é um fermento de violência, de divisão, de fraturas, de rupturas no seio da sociedade, estimulada e alimentada pelo medo e ações irracionais geradas pela insegurança. Nas favelas, o clima de violência, roubo, crimes têm se intensificado com o desemprego. O desejo de sobrevivência é bem mais forte levando indivíduos e grupos a se organizarem para roubar e pilhar bens de primeira necessidade ou bens simbólicos.

Esses indivíduos ou grupos organizados começam a impor seu poder gerando um clima de insegurança e medo nas pessoas de ambos os grupos sociais.
As casas tornam-se verdadeiras prisões, com grades de ferro para garantir a própria segurança, os moradores acabam construindo verdadeiras prisões para si mesmos. Trancadas em suas casas, as pessoas tornam-se reféns da violência.

Os mais pobres, os que moram nas favelas, vivem sobressaltados, com medo de perder um chinelo, uma peça de roupa, o botijão de gás, o que é ainda pior, de serem atingidos por alguma bala perdida durante as brigas de gangues.
O clima de desconfiança vai, aos poucos, quebrando os vínculos de solidariedade e acolhida, tão característicos das populações interioranas, gerando conflitos, intrigas, estupros, agressões contra vizinhos.

Os sintomas do distúrbio da insegurança atingem a todos: os jovens perdem o direito de circular livremente na cidade, onde as gangues já delimitaram seus territórios onde nenhum outro individuo de outra comunidade pode circular sem represálias.
As pessoas idosas são assaltadas quando recebem no banco, o dinheiro da aposentadoria. A ausência de uma policia cidadã que não inspira confiança torna o quadro ainda mais dramático. Em resposta a esse contexto, a cada dia, fica mais significativo o números de rituais de proteção usados, que vão desde o uso de símbolos protetores religiosos: como a cruz,os salmos, as medalhas, até o uso de cães e armas de fogo para sair às ruas.

A insegurança é o reflexo das condições sociais que se agravam a cada dia com a falta de emprego. Este clima de ameaça e de hostilidade leva os indivíduos a desconfiarem uns dos outros identificando qualquer pessoa desconhecida como possível inimigo. Com isso, praticam-se constantemente atos de discriminação, e exclusão contra o outro.

Existe também a cultura da violência que é estimulada e vivificada por uma contracultura, expressa nos filmes e programas de comunicação de massa, nos jogos de guerra e videogames que, transmitidos à nossa imaginação, sem critérios ou legislação adequada, reforçam a idéia de que o herói é aquele que consegue tudo através do uso da violência e da força contra o outro.

O espaço da família se vê invadido pela violência, na forma dos conflitos conjugais, na violência contra a mulher, nos maus tratos à criança.

No Brasil, ela toma contornos ainda mais dramáticos com o surgimento de programas televisivos que estão sempre mostrando cena de crime ao vivo com todas as cores da violência e crueldade. Se a segurança como fator social é necessária para que se possa inspirar a confiança recíproca dos homens, estar seguro e poder confiar em si mesmo, na sua capacidade de dominar, de comandar os instintos, transformando-os em força para viver,são necessidades básicas para a paz do indivíduo e a paz social que nele se origina . O que é preocupante é que o clima de insegurança pode ser fermento de violência e divisão no seio da sociedade, pelos medos e ações irracionais que ocasiona.

3- A BAIXA AUTO-ESTIMA:
É evidente que, além da violência e do abandono, a exclusão social gere sentimento de menos valia, de desvalorização do indivíduo. Soma-se a isso a força dos estereótipos e preconceitos sociais reforçados por uma educação que não leva em conta os valores próprios do indivíduo. Estes elementos contextuais: educação doméstica repressora, os estereótipos sociais que desvalorizam a pessoa acabam por anular, por dilapidar o patrimônio íntimo do homem: A confiança em si.
Desconhecem-se os dons inatos, aptidões e capacidades naturais. Desvalorizado, caso não consiga atingir os padrões intelectuais exigidos, introjeta o sentimento de incapacidade, e passa a não acreditar mais em si mesmo, se autoexclui, não se sentindo mais merecedor da felicidade, perdendo aos poucos a condição de amar e ser amado. Esse sentimento de descrença, em seu próprio potencial, se manifesta em vários níveis:

A) individual: leva as pessoas a calar sentimentos e emoções mais profundos, a apresentarem assim um alto índice de tensão psíquica e somatizações físicas ;
B) familiar: uma educação repressora baseada em xingamentos em que a criança, desde cedo, é desvalorizada, é vista como incapaz criando um campo fértil para nutrir a insegurança e o sentimento de desvalorização.
C) social: alto índice de abandono de empregos por se sentirem incapazes
O quadro mais dramático, dentro de uma favela, não é a miséria retratada nos casebres, e sim a miséria oculta no íntimo das criaturas. O sentimento de incapacidade e de descrença nos próprios potenciais é que vem reforçar a marginalização dos indivíduos no corpo social que, muitas vezes os faz perder chances de trabalho e inserção social que lhes aparecem, pois inconscientemente eles próprios auto boicotam todas as oportunidades para crescer e vencer.
Paralelamente às sessões de Terapia Comunitária, temos procurado minimizar este quadro criando grupos de reforço da auto-estima, através de técnicas e dinâmicas adaptadas às condições, procurando despertar o potencial humano amordaçado e colocá-lo a serviço de uma dinâmica individual e coletiva, levando as pessoas a se tornarem sujeitos da história e responsáveis pela existência.

Reflexões:


As síndromes relativas ao abandono, insegurança e baixa auto-estima constituem um quadro preocupante em escala nacional. Constituem fermentos de violência e divisão no seio de uma sociedade, pelos medos e ações irracionais que podem ocasionar. Esse clima de tensão, desespero e muita angústia só pode desaparecer com a maior presença de instituições comprometidas com o bem comum. Quando as instituições estão ausentes ou são inoperantes, os indivíduos criam suas próprias regras e leis e tende a imperar a autodefesa, o salve-se quem puder, o que potencializa cada vez mais a violência fratricida.

Faz-se necessário criar instrumentos aptos a estimular uma “ação criativa” nos indivíduos que vivem nestes contextos anômicos. Eles devem se apoiar em valores individuais próprios e em valores culturais anteriormente desqualificados. Em nossa experiência, os novos instrumentos só podem ser concebidos num contexto grupal, participativo e comunitário.

Nossa experiência tem nos firmado na convicção de que a solução está no coletivo e em suas interações, no compartilhar, nas identificações com o outro, no respeito às diferenças. Portanto é do grupo que devem emergir as soluções adaptadas. Essa perspectiva exige, dos profissionais, uma tomada de distância critica dos modelos explicativos do sofrimento, e das intervenções que implicam, muitas vezes em condutas lineares e redutoras (Exemplo do modelo biomédico que supervaloriza a quimioterapia ou modelo social que impõe, do exterior, ações tanto educativas como repressivas.).

Os profissionais devem fazer parte dessa construção. Ambos tiram benefícios: A comunidade gerando autonomia e inserção social e os terapeutas se curando de seu autismo institucional e profissional, bem como de sua alienação universitária. Uma política de Autopromoção do indivíduo, como fator transformador do corpo social, deve permitir a ruptura de modelos paternalistas, que geram dependência e castra a criatividade.

Não se trata de ficar somente à espera de investimento financeiro, mas sobretudo de investir no capital sócio-cultural do indivíduo excluído, para permiti-lo sair do lugar de objeto vítima, para um lugar de sujeito, ator de seu destino para tornar-se co-responsável na construção de uma sociedade mais igualitária, seja capaz de fazer suas escolhas criticas em busca de sua autonomia.

Investir em políticas sociais capazes de promover e consolidar os laços afetivos e sociais, capazes de fazer surgir um sentido de pertença cultural inscrita numa comunidade de vida. Sair dos espaços para investir mais nos laços, ultrapassar o modelo individual, onde a solução de todos os males é esperada de um único individuo externo ou do político.

Precisamos estimular movimentos participativos em que cada um dê sua contribuição, o que permite paralelamente ao grupo desenvolver-se no conjunto como um todo. Como foi dito para o subdesenvolvimento, a perda da estima de si é um estado de privação em relação ao próprio saber. É importante iniciar e desenvolver os espaços de restauração identitário onde a palavra pode se liberar. Os saberes científicos devem reconhecer e integrar, enfim, os saberes ditos populares. A restauração da estima de si dos excluídos constitui a pedra angular da luta contra as doenças da alma do século XXI.

Referencia Bibliografica:

1-Barreto A.P. "UN MOVIMIENTO INTEGRADO DE SALUD MENTAL COMUNITARIA EN FORTALEZA, BRASIL" In Boletin Oficina Sanitaria Panamericana 117 (5), 1994

2-Barreto A. P. "L'ARAINEE ET LA COMMUNAUTE TISSENT LEURS TOILES" in Transitions nº 37 ( Rites culturels et Droits de la Personne) 135-142 Paris 1994

3-Barreto A. P. "LES AMES EN PEINE DANS LA VILLE" in Transitions nª 37 (Rites culturels et Droits dela Personne) 127-134 Paris 1994

4-Barreto A. P. ASPECTS CULTURELS SPECIFIQUES DU SYNDROME DE POSSESSION ET LA RELATION THERAPEUTIQUE Conferencia no 3º Seminaire inter-culturel Henry collomb na França em outubro 1988.
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O autor é o criador da Terapia Comunitária Integrativa e Sistêmica

domingo, 20 de junho de 2010

La comunidad como eje de la prevención: un relato de experiencia, por Rolando Lazarte

En cuatro años de acompañar la experiencia de la terapia comunitaria (en Brasil, México, Montevideo), me veo en el difícil transe de tratar de aclarar, para mí mismo y mis lectores, las cosas que aprendí en ese caminar. Significativamente, el trabajo comenzó en 2004, en la unidad de salud de familia del barrio de los ambulantes, en Mangabeira.

En una sala de la Asociación de Moradores, profesoras de la Universidade Federal da Paraíba, Depto. de Enfermería, y agentes de salud del barrio, se reunieron con moradores del mismo, una tarde de sol. En una pizarra escrito: juntos podemos vencer todos los problemas. Nada podría resumir mejor lo visto y lo vivido en estos cuatro años de acompañar la terapia comunitaria desde su llegada a João Pessoa a sus caminos en México, Montevideo, Ceará (Ocas do Índio, 2008).

De inicio como usuario, en tratamiento contra la depresión, ensayando caminos de reencuentro conmigo y con la vida, posteriormente como coadyuvante en los trabajos al lado de mi compañera María y la hermana Ana, Djair, Ana María, las alumnas del programa de posgrado en enfermería de la UFPB, Rosario (hoy presidenta de la Asociación de Moradores), Ailda, Socorro, Vania, Cida, Denise, Dona Terezinha, Seu João.

Hoy como terapeuta comunitario y sociólogo, puedo contar las cosas como las vi y las viví, como las sigo viendo y viviendo. Un camino de prevención del sufrimiento mental y emocional (que para mí son distintos, si bien que asociados), de ruptura del anonimato y el aislamiento, recomposición de la identidad personal, cultural y social, recuperación de la historia y la memoria, revalorización de sí mismo, su cultura y su encaje en el tiempo presente con proyección al futuro, la terapia comunitaria es eso y mucho más.

La primera vez que participé, conté de mi sufrimiento como sobreviviente de la dictadura que asoló Argentina entre 1976 y 1983, las secuelas del horror, el miedo, la paranoia, el insomnio, la pérdida de referencias, la disminución del valor de sí, la quiebra de la percepción del mundo y de la propia persona, que lo que la saña del terror de estado nos impusiera como pesada carga, venía minándome por dentro y en mi relación con el mundo. Vivía esperando el auto que vendría a buscarme, a acabar conmigo y mi familia, en el silencio de la noche. Armas me apuntaban desde la casa vecina.

Un jardinero era un asesino pronto para entrar a la casa y acabar con todos. Un señor que pedía conducción, un posible asesino. Además de 30.000 muertos secuestrados y desaparecidos, la dictadura de la antipatria dejó millones de deshabitados internos. Gente sin sí. Perdidos en el espacio y en el tiempo.

De esa herida brotarían flores. O, para decirlo con las palabras de Adalberto Barreto, el fundador de la Terapia Comunitaria, de esa herida nacería una perla. Aún recuerdo las palabras de Rosario: eso ya pasó. Hizo un gesto como de dar vuelta la página. Mis hijos lejos, en Argentina, yo divorciado, deprimido, con paranoia. Con los bailes, los abrazos, el cariño y las palabras de amor, las oraciones, las comidas de esa gente pobre y noble, empecé a volver.

Ver profesionales de la salud, universitarios como yo lo fuera (estaba jubilado entonces, con la sensación de no ser nada y nada valer), venciendo donde yo sentía haber fracasado, tratando a la gente como gente y no como cosa, haciéndoles sentir su valor, me daba coraje. Yo también podía. Empecé a frecuentar las reuniones en otros lugares. de pronto era México DF, de repente Montevideo. La semana pasada Ocas do Índio (Beberibe, Morro Branco, Ceará). Todo trae memoria de reencuentro, de recuperación de sí de una humanidad que insiste en traerse de vuelta, en dar la vuelta por cima.

La semana pasada los terapeutas de João Pessoa se reunieron en la Estación Ciencia, cerca del farol de Cabo Branco, en la Ponta do Seixas, y hubo unos cantos y bailes, y varias declaraciones de participantes de la terapia comunitaria en el Muncipio. Una señora con un niño en brazos dijo haber redescubierto su vida interior. Otra, que perdiera el marido por una bala perdida, postrada durante seis meses en un sofá sin salir de casa, reencontrar las ganas de vivir. Un niño que iba mal en la escuela y era testarudo, dijo ahora estar yendo bien gracias a la terapia. Otro grupo de jóvenes pasó adelante en el auditorio y declaró entre risas y timideces, lo aprendido en las ruedas de terapia.

La secretaria de salud del municipio y el intendente, enfatizaron, al final, cuánto se ahorraría en remedios ineficaces y horas de vida perdidas, si de hecho la terapia comunitaria se expandiera en los servicios de salud de la ciudad, en la atención básica del programa de salud de la familia.

En las distintas vivencias locales e internacionales, en los testimonios vividos por mí mismo y por personas y grupos de edades diversas y condiciones sociales también variadas, puedo decir que este trabajo colectivo de promoción de la persona humana y ejercicio de la ciudadanía, esta forma de autogestión de los afectos y la sociabilidad, es el mejor antídoto contra la depresión, la despersonalización y el abandono de sí.

Vi personas abandonar el alcoholismo. Gente dejando de sufrir por la violencia familiar. Unos ayudando a los otros con informaciones sobre empleo. Personas abrazándose y cantando oyendo su nombre pronunciado por otros que le esperan con cariño en reuniones semanales o quincenales. Alumnos saliendo de la esquizofrenia profesional, profesores saliendo del autismo universitario, gente dejando la alienación teoricista y tecnicista.

De inicio, confieso que pensaba ser una estrategia de la clase media culposa para redimirse con obras de caridad. No había nada de eso. Había, hay, cada vez más habrá en Brasil, gente dándose las manos para salir juntos de las trampas que el capitalisimo, ese sistema sin alma, tiende a los vivientes. Gente como cosas se descubre gente en las vivencias de centramiento. Gente sin nombre descubre la leyenda y el mensaje escondido en su nombre. Víctimas se descubren vencedores.

Después de haber transitado durante veinte años por consultorios psicológicos de distintas orientaciones, tratamiento medicamentoso de la depresión, siento haber llegado al lugar cierto. Como sociólogo, como padre de familia, como hombre de este tiempo, heredero de tradiciones diversas apuntando a la humanización y a la esperanza, a la fraternidad y a la divinización de la vida, siento estar haciendo lo que tengo que hacer.

Soy parte de una trama infinita, una corriente de solidaridad y de amor, paz y justicia. Es la corriente de la vida. Es la tela de la propia vida. Pudimos sentirnos derrotados por los golpes que asestó a nuestra vida el ingenio del odio. La tecnología del amor es mayor. Cuanto mayor el dolor, mayor la alegría. Ese es el mensaje de la terapia comunitaria, en mi experiencia.
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http://consciencianet.blogspot.com/2008/11/la-comunidad-como-eje-de-la-prevencion.html

sábado, 12 de junho de 2010

A vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia

A vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia, da natureza que for: empresarial, comercial, financeira, nem tampouco psicológica, teológica, sociológica ou ideológica.

A vida é mais, é sempre mais, é outra coisa. É algo que se nos escapa de contínuo, quanto mais a tentamos aprisionar, controlar, direcionar.

Dir-se ia que seria mais sábio, como diz a canção, nos deixarmos levar por ela: vida, leva eu.

Não há dia em que não venha alguma lembrança de um passado obscuro, tenebroso, aterrorizante, assustador, a ser visto como o adubo do qual nasce este presente, esta flor de lótus que é a hora atual, este instante fecundo do qual brotam todas as possibilidades.

Não há pessoa que não conviva com alguma sombra, com conflitos interiores que por vezes a levam a pensar que deveria se trair, que não haveria para ela esperança nem horizonte mais à frente.

No entanto, no meio da escuridão, ou às vezes depois da tormenta, aparece a luz. Ela brilha na escuridão de dentro de ti, de mim, de cada pessoa humana, porque isto não é para alguns e não para outros: ocorre com todo existente.

Não há luz sem sombra, diz o Tao. Não há movimento sem quietude, nem dia sem noite ou vida sem morte, a vida é o giro eterno do eterno círculo dos pólos contrários que se complementam na sua oposição.

Ao dizermos que a vida não pode ser substituída por nenhuma tecnologia, queremos dizer que a vida é mais, e sempre mais do que as nossas tentativas de compreendê-la e explicá-la, controlá-la ou direcioná-la.

Isto não significa que não se possa ou não se deva planejar, mas é necessário saber que estamos sempre a fazer esboços, e que o traço final será sempre imprevisível, sempre será algo que não estava nos nossos planos, pois a vida é o que nos surpreende, sempre.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Conferência Internacional sobre Os Sete Saberes para uma Educação do Presente

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www.uece.br/setesaberes


A UNESCO e a Universidade Estadual do Ceará, associadas à Universidade Católica de Brasília e à Universidade de Barcelona, acreditando na relevância das idéias e ideais estabelecidos na obra de Edgar Morin – Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro propõem-se a realizar, em Fortaleza/Ceará, no período de 21 a 24 de setembro de 2010, a Conferência Internacional sobre os Sete Saberes para uma Educação do Presente - e a encaminhar suas recomendações e sugestões à Assembléia Geral das Nações Unidades, até o final de 2010, para os devidos encaminhamentos de natureza político- administrativa. Este evento terá como Presidente de Honra o sociólogo e filósofo Dr. Edgar Morin e será presidido pelo Sr. Dr. Vincent Defourny, representante da UNESCO no Brasil, sendo prevista a participação local de mais de 1000 educadores e virtual de mais de 5000 pessoas, em salas de teleconferência distribuídas pelo país.


Objetivos e estrutura


Esta conferência tem por objetivos desenvolver uma escuta pedagógica sobre as facilidades e dificuldades apresentadas pela comunidade educacional no desenvolvimento de práticas pedagógicas coerentes com as questões propostas no referido documento e extrair, dos diferentes círculos de diálogos e das conferências plenárias, elementos substantivos capazes de nortear possíveis recomendações a serem encaminhadas às diferentes instituições nacionais e internacionais, para futuros desdobramentos e financiamentos de projetos e atividades relacionadas a esta temática. Pretende-se, também, iniciar um profícuo diálogo entre escolas e universidades, para intercâmbio de saberes e de práticas pedagógicas capazes de iluminar novos cursos de formação docente, a partir da complexidade. Outro objetivo importante refere-se ao interesse no compartilhamento de experiências inovadoras fundamentadas na complexidade, na transdisciplinaridade e na ecoformação, capazes de colaborar para o desenvolvimento de uma pedagogia alternativa, a partir desses referenciais teóricos.


A estrutura de conteúdos da Conferência está organizada ao redor dos Setes Saberes para uma Educação do Futuro, de autoria de Edgar Morin, articulando-se ao redor dos seguintes blocos temáticos:


As cegueiras do conhecimento;

Os princípios do conhecimento pertinente;

Ensinar a condição humana;

Ensinar a identidade terrena;

Enfrentar as incertezas;

Ensinar a compreensão;

A ética do gênero humano.


PRESIDENTE DE HONRA
EDGAR MORIN

PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA
Vicent Defourny – Representante da UNESCO/Brasil

VICE-PRESIDÊNCIA
Maria Cândida Moraes - Universidade Católica de Brasília (UCB)
Celina Magalhães Ellery - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

IX Congresso Internacional de Salud Mental Y Derechos Humanos

Por la presente los convocamos a presentar trabajos al IX Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos a realizarse entre el 18 y el 21 de noviembre de 2010 en la Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo, sita en Hipólito Yrigoyen 1584 y 1432, Buenos Aires, Argentina.

Hemos ido construyendo colectivamente un espacio de intercambio académico-polí tico fértil en el que han participado 28.000 compañeros de Amércia Latina y el Caribe, Europa, Asia.

Al interior de dicho acontecimiento se desarrollarán el VI Encuentro de Lucha Antimanicomial y el IV Encuentro Internacional de Detenidos en Movimiento y el 3º Foro Internacional de Salud Colectiva, Salud Mental y Derechos Humanos.

Consideramos que su presencia contribuirá a continuar construyendo espacios de intercambio científico-polí tico entre profesionales, trabajadores y militantes sociales en los que el desarrollo del conocimiento crítico se establezca a partir de vínculos fraternos, solidarios y creativos.

Tenemos la convicción que el sostén colectivo de espacios de encuentro, posibilita el aprendizaje mutuo, el respeto genuino por las singularidades, la producción de territorios fértiles en los que las reflexiones y acciones comunes sean deseables, necesarias y posibles.

A la espera de su respuesta lo saluda cordialmente.

Núcleo Organizador

IX Congreso Internacional

de Salud Mental y Derechos Humanos

terça-feira, 1 de junho de 2010

Conexões corporativas


Este texto foi escrito por uma grande amiga psicóloga e terapeuta comunitária Renata Terruggi

O mundo em que vivemos surge e se recria na dinâmica de nossa experiência como seres humanos em relação. São nos "espaços de convivência" - lugares que habitamos em parceria com outras pessoas, mesmo que temporários - que se criam e constroem novas possibilidades. Na interação - ação entre pessoas - é que surge o conhecimento, quebrando paradigmas e fazendo emergir um novo mundo compartilhado. De modo geral, as organizações humanas devem compreender a interação entre as estruturas formais e explícitas e as suas redes informais de relacionamentos. Valem aqui algumas reflexões acerca de como as emoções vêm sendo tratadas no contexto organizacional. Etimologicamente, a palavra “emoção” provém do latim emotionem, "movimento, comoção, ato de mover". No Aurélio, “emoção” é sinônimo de perturbação, agitação. Como, então, valorizar o "movimento perturbador" de um colaborador no ambiente empresarial?

Segundo a compreensão sistêmica, as organizações não podem ser controladas por meio de intervenções diretas ou por instruções. Podem, sim, ser influenciadas por impulsos significativos - ou perturbações – que, nesse caso, são bem vindos quando chamam a atenção da organização e podem desencadear mudanças estruturais, fazendo da emoção uma aliada para a obtenção de resultados, pois as organizações são sistemas vivos cooperando em conexões humanas com alto grau de complexidade.

Essa dimensão subjetiva, a que chamamos emoção, dirige, canaliza e influencia a ação das organizações tanto ou mais que as estratégias elaboradas de forma intencional e racional. A energia emocional é propulsora de vida e deve ser considerada e trabalhada para que a organização não se transforme em fábrica de infelizes, estressados e doentes.

Esse poder invisível, fruto das interações humanas, gera um movimento aleatório e pode tomar rumos diferentes segundo a validação, ou não, do gestor. Se decodificada pela linguagem, transforma-se em energia produtiva. Se não decodificada, seguirá o rumo da cristalização sintomática transformando-se em energia destrutiva, favorecendo perda de produtividade e enormes desgastes na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.

Contudo, o sucesso das organizações em uma economia altamente globalizada e competitiva dependerá do aproveitamento máximo do potencial humano, da capacidade e do cuidado em não extrair os recursos dos humanos, e sim maximizar os humanos com recursos, em prol do desenvolvimento dos projetos desafiadores e significativos da organização.

Com o objetivo de conhecer como os colaboradores lidam com suas emoções, e sabendo que muito do sucesso empresarial está ligado a esse fator, algumas organizações vêm implementando ações para o desenvolvimento da competência emocional das pessoas. A psicologia corporal, dirigida à gestão emocional das equipes, trabalha no sentido de desenvolver ferramentas para ampliar as competências que cada estrutura corporal possui a partir da própria forma física: corpo e emoções como recurso e diferencial colaborativo nas equipes.

Pela leitura corporal, o profissional pode fazer uma avaliação do indivíduo quanto às competências a serem desenvolvidas ou esperadas, assim como o reconhecimento das limitações estruturais. Essa avaliação pode ser feita também pelos gestores ao longo do tempo baseada no desempenho, nas atitudes e postura do avaliado. Não é um julgamento sobre o certo e o errado, mas a legitimação do outro. É possível desenvolver a auto e a hetero percepção sobre a postura perante a vida e seu relacionamento com o outro.

"A evolução não produz novidade do nada. Ela trabalha no que já existe, transforma um sistema para dar-lhe novas funções ou combina muitos sistemas para produzir um sistema mais elaborado" (teóricos dos sistemas...).