terça-feira, 8 de março de 2011

Terapia Comunitária tem reduzido consumo de medicamentos e elevado a autoestima social

Responsáveis pelo êxito das terapias: Ana Paula, Mari, Ana Luíza, Vitória e Dora
Responsáveis pelo êxito das terapias: Ana Paula, Mari, Ana Luíza, Vitória e Dora

O Ministério da Saúde já adotou oficialmente a Terapia Comunitária como uma das metodologias de tratamento do Programa Saúde da Família. Em Guaxupé, grupos de terapia começaram a se formar em maio de 2010. Segundo a Secretária de Desenvolvimento Social Ana Luíza de Souza, é um programa pioneiro no Sul de Minas. Depois de passarem por um curso de 360 horas, os formandos receberam um certificado na noite de sexta-feira, 26.2, no Teatro Municipal.

Oito grupos de terapia se formaram na cidade desde a implantação do projeto, mas a primeira formatura cedeu 26 diplomas, em especial para aqueles que participaram da carga horária exigida para se tornarem multiplicadores de novos grupos. Ana Luíza destacou publicamente que "não somos concorrentes dos psicólogos. Nós ouvimos e acolhemos o sofrimento das pessoas", já muita gente sofre sozinha.

Além de fazer parte dos centros de Referência da Assistência Social, como CRAS 1 e 2, duas igrejas cederam espaço para os encontros terapêuticos semanais: a São José Operário e a São Francisco, Duas entidades também disponibilizaram a terapia aos seus assistidos: a Luz da Vida no Combate ao Câncer e a AADG, Associação de Apoio aos Deficientes de Guaxupé.

Representando a AADG na solenidade e também uma das formandas, Ester de Mesquita Trevisan informou que, na Associação, os participantes se tornam mais compreensivos durante e depois da terapia. Foi também um apoio para lidar melhor com as diferenças e um trunfo a mais para elevar a autoestima e o convívio social. Ester adiantou que pretende continuar esse trabalho com outros grupos.
A presidente da Luz da Vida, Cida Sandroni, também fez terapia e foi uma oradoras da solenidade. Divulgou que atualmente 23 estados brasileiros aplicam a terapia comunitária, resultando num saldo aproximado de sete mil terapeutas comunitários capacitados. Tão importante quanto números são os objetivos a serem alcançados: prevenir depressão, sofrimento emocional, violência doméstica, despertar a solidariedade, capacitação técnica e profissional de multiplicadores, entre outras metas.

Na teoria e na prática já foi comprovado que "quando a boca cala, os órgãos falam; quando a boca fala, os órgãos saram". Presente na solenidade, a Secretaria de Saúde Luciana Terra comentou sobre os efeitos positivos da Terapia Comunitária, como a redução de consultas e medicamentos específicos. Posteriormente, vários formandos afirmaram que não consomem mais antidepressivos, ansiolíticos e afins. Para a secretária Luciana, a Terapia Comunitária é um momento de lazer que resgata o convívio entre as pessoas. "Tudo que envolve qualidade de vida é benefício para a nossa população. Quanto mais pessoas se interessarem pela terapia, melhores serão os resultados na sociedade."

A multiplicação da qualidade de vida

Os novos multiplicadores terapêuticos Terezinha, Cida e Celso A intenção que os oito grupos iniciais se multipliquem cada vez mais. Do total de 360 horas do curso, 80h são dedicadas à teoria. Há 120 h de aulas práticas e mais 80h de intervisão, em que um ajuda o outro. Tem ainda outras 80h de vivência terapêutica.

Alguns formandos já iniciaram a multiplicação de cursos. A professora Maria Aparecida Smargiassi, juntamente com o publicitário Celso de Moraes e a aposentada Terezinha de Rezende pretendem implantar, agora em março, a Terapia Comunitária no horário noturno da Esc. Mun. Antônio Costa Monteiro, tornando assim a Secretaria de Educação uma parceria desse programa social e de saúde.

Para a professora Cida, "o curso foi maravilhoso como crescimento pessoal. "Para entender o outro, você primeiro que tem se compreender como pessoa", ele definiu. Já a aposentada dona Terezinha poderá também contribuir ainda com a experiência da idade, 76, e a disposição para aproveitar a vida. Recentemente ela estudou teclado, piano e até saxofone.

O presidente da Associação Amigos da Esperança, João Carlos dos Santos, que desenvolve um trabalho social com 98 crianças carentes, em diferentes bairros, pretende formar dois grupos. Um será para adultos, no bairro Santa Cruz. "Você precisa ter tempo para conviver com as pessoas. Isso ajuda a gente mesmo. Quando alguém ouve as pessoas pode resolver um problema próprio, pessoal". O segundo grupo idealizado será específico para crianças. A intenção é suprir uma carência atual da falta de tempo dos pais, que trabalhavam fora ou estão passando por problemas emocionais, e não têm tempo ou disposição para ouvir os filhos.

Outro multiplicador é Toninho Vilas Boas, que já levou uma sessão de Terapia Comunitária para a área rural e está empenhado levar em dar continuidade a esse projeto. Diante de depoimentos sobre os benefícios alcançados, provavelmente a ex-professora Maria dos Reis Carmo será uma das multiplicadoras na igreja São José Operário.

Ao ouvir o pai João Carlos dos Santos ser entrevistado, a filha Mônica, de 12 anos, perguntou com muita graça e naturalidade se tudo que foi falado, pelos entrevistados e outras pessoas, ia sair no jornal. Apenas por limitação de espaço só é possível resumir e registrar o essencial, ainda que muitos depoimentos sejam exemplos valiosos de como mudar de vida. Nesse caso, melhor do que a leitura é participar da terapia. Falar e ouvir para que órgãos humanos, como o coração e outros, possam se curar de dores profundas causadas pelo peso da solidão.

Fonte: Correio Sudoeste

http://www.correiosudoeste.com.br/noticias/geral/item/835-terapia-comunit%C3%A1ria-tem-reduzido-consumo-de-medicamentos-e-elevado-a-autoestima-social

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