domingo, 30 de novembro de 2008

A formação no Ceará

"Cuidar-se para poder cuidar do outro"

De todos os lugares do Brasil, São Paulo, Paraná, Fortaleza, Rio de Janeiro, Niterói, Minas Gerais, Pernambuco, Brasília, Roraima, Rondônia e de outros países, Espanha e Dinamarca, um grupo de pessoas se reuniu para se cuidar mutuamente. O objetivo dessa formação para quem deseja ser um cuidador é: "Capacitar agentes multiplicadores para atuarem nas suas comunidades e instituições, ampliando o conhecimento de técnicas específicas na perspectiva do reforço da auto-estima, valorizando o auto-conhecimento como recurso de transformação pessocial e social. Possibilitar a ampliação do campo da intervenção terapêutica, vivenciadno técnicas e aprendendo a aplicá-las."

Do grupo de 60 terapeutas comunitários que estão se formando em Nova Friburgo - RJ, quase 20 foram para o Ceará fazer a formação nos dias 9 a 17 de Novembro de 2008



Ao chegar no Aeroporto do Ceará, já era visível, nas paredes, a criatividade desse povo e a valorização de sua arte


Chegávamos no fim de um dia para o início de um aprendizado.
O sol nos abençoou a chegada na Oca do Cuidar. . .



A Pousada onde iriamos fazer a formação era "azul" e "verde", decorada com palhas e coqueiros herdados de antepassados locais, os índios de Canindé. Eis o motivo da aranha, da rede, do homem, da cultura.




A nossa casa de cura, o SPA da pousada, despertava coisas em nós...



E cuidando de nós, começamos nosso trabalho. Todos juntos, sem suas especializações . . . apenas com suas humanidades . . .


Marcelo Abdala e Adalberto Barreto


Esqueda para direita em pé: Rosana, Luziano, Adalberto Barreto, Marcelo Abdala,
Cristina, Nancy Lino, Nadima.
Esqueda para direita, sentadas: Bethânia, Regina, (?) e Nenê.

Na quinta-feira, algumas pessoas se dirigiam à favela de Pirambu, no Ceará, a 2ª maior favela do Brasil. Lá, fora plantada a semente da Terapia Comunitária e o início de um trabalho amoroso e de valorização da vida, o PROJETO 4 VARAS.






A História:

Contou-nos Airton, apaixonadamente, que fora um padre francês chamado Henri Marie Le Boursicaud, o Padre Henrique, "da região da Bretânha no sul da França, fundou, em 1972, a comunidade de Emaús Liberté. Em 1985, visitou o Brasil e, em 1986, fundou, em São Paulo, a primeira comunidade de Emaús do Brasil, sempre questionando as instituições e dizendo que sua ligação com elas é como um fio de cabelo. É um padre operário, que, aos 75 anos, andou de Paris à Roma, à pé. Tem escrito 22 livros que falam sempre de vida. Dentro do Movimento Emaús, costuma-se dizer que Abbé Pierre é o homem da França e Henri é o homem do mundo.

"Um advogado recém-formado, chamado Airton Barreto, decidiu viver e lutar pelos direitos humanos dos moradores de uma favela chamada Pirambu, em Fortaleza. Ao chegar lá para ajudar aquela população começou a perceber que muitas das demandas não eram apenas jurídicas, mas problemas de todo tipo, relacionamentos, álcool e outros.
Esses indivíduos eram encaminhados para Adalberto Barreto, psiquiatra e irmão de Ailton, que trabalhava na Universidade Federal do Ceará. Como Adalberto não tinha condição de atender a todos, foram criados grupos, mas ao invés de levá-los a universidade, Adalberto foi lá ver de perto e estar junto da comunidade. Foi assim, há 20 anos, que surgiu a Terapia Comunitária (TC), experiência que está sendo adotada na atenção primária pelo Ministério da Saúde.
Por meio de convênio entre o Ministério da Saúde e Universidade Federal do Ceará serão capacitados 1,1 mil profissionais das Equipes Saúde da Família até março de 2009. O Projeto de Implantação da Terapia Comunitária na Rede de Assistência à Saúde do SUS pretende desenvolver, ainda em 2008, nos profissionais da área da saúde as competências necessárias para promover as redes de apoio social na Atenção Básica. A proposta prevê a preparação dos profissionais para lidar com os sofrimentos e demandas psicossociais, de forma a ampliar a resolutividade desse nível de atenção. O sofrimento pode preceder ou acompanhar uma patologia.
O curso de capacitação profissional será composto por 360 horas/aula, estão previstas 15 turmas com 70 profissionais de saúde, distribuídas nas cinco regiões brasileiras. Preferencialmente, com participação de agentes comunitários de saúde atuantes em municípios que apresentem, no mínimo, 70% de cobertura da estratégia Saúde da Família.
PELO BRASIL – Hoje em dia, a TC está presente nas 27 unidades da federação. Ao todo, são 30 pólos formadores, que já treinaram 11,5 mil terapeutas comunitários. No Pólo Quatro Varas, são atendidos, em média, três mil pacientes por mês. A terapia, conduzida por um facilitador, acontece semanalmente em encontros de duas horas. A cada reunião, um problema é eleito para ser discutido. São valorizadas as histórias de vida dos participantes, o resgate da identidade, a restauração da auto-estima e da confiança em si, a ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução.
“Procura-se promover a saúde em espaços coletivos e deixar que a patologia seja tratada individualmente pelos especialistas. A prática tem demonstrado ser um instrumento valioso de intervenção psicossocial na saúde pública; um espaço de acolhimento, de escuta, palavra e vínculo”, explica Adalberto.
Das situações-problema discutidas no pólo Quatro Varas de Fortaleza, por exemplo, 88,5% foram resolvidas nas TC e apenas 11,5% necessitou de encaminhamento para a Atenção Básica/Saúde da Família. Adalberto Barreto, criador da terapia, chama a atenção para a ampliação do vínculo de apoio social que seus participantes passaram a contar: “um terço das pessoas aumentou a sua rede de apoio para serem acompanhadas aos serviços de saúde”.
METODOLOGIA DA TERAPIA - A situação-problema é apresentada por alguém e escolhida pelo grupo. O facilitador procura estimular e favorecer a partilha de experiências possibilitando a construção de redes de apoio social. Uma pergunta desencadeia a reflexão: “Quem já viveu algo parecido e o que fez para resolver?”.
Assim, a comunidade descobre que ela tem problemas, mas também tem as soluções. E aos poucos, vai se descobrindo que a superação não é obra particular de um indivíduo ou de um terapeuta, mas é da coletividade. Durante a terapia, não se pode dar conselhos ou sermões e, se necessário, interromper a narrativa da história com músicas, anedotas ou mesmo perguntas.
Temas mais freqüentes levados para a Terapia Comunitária
-Estresse e emoções negativas 26%-Conflitos familiares 19,7%-Dependências: álcool e outras drogas 11,7%-Questões ligadas ao trabalho 9,6%-Trabalho 9,6%-Depressão 9,3%-Fraturas dos vínculos sociais (Abandono, discriminação)-Violência 6%-Conflitos 3,6%-Outros 5,3%

Fonte: Ministério da Saúde
Site do Projeto 4 varas: http://www.4varas.com.br/
As pessoas reunidas, rezavam sem dizer suas preces. Os olhares se encontravam. As pessoas dançavam suas alegrias.


Nesta ciranda de vida e de encontros, encontramos:

Irmã Marta (em pé, de branco)




Dona Zilma

A rezadeira das 4 varas





Valorizada na comunidade, Dona Zilma faz a ponte entre o saber popular e o saber científico.

Raul de Xangô






Raul de Xangô trouxe-nos outras leituras.

O Cenário interior:


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Terapia Comunitária chegará a Saúde da Família


"Brasília - Um convênio entre o Ministério da Saúde e Universidade Federal do Ceará capacitará, até março de 2009, 1,1 mil profissionais das Equipes Saúde da Família para implantação do terapia comunitária na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
A intenção é desenvolver, ainda em 2008, nos profissionais da área da saúde as competências necessárias para promover as redes de apoio social na Atenção Básica. A proposta prevê a preparação dos profissionais para lidar com os sofrimentos e demandas psicossociais, para que sejam maior o nível de atenção, já que o sofrimento pode preceder ou acompanhar uma patologia.
O curso será composto por 360 horas/aula, com previsão de 15 turmas com 70 profissionais de saúde, em cinco regiões brasileiras. A preferência é que haja participação de agentes comunitários de saúde atuantes em municípios que apresentem, no mínimo, 70% de cobertura da estratégia Saúde da Família."
Fonte: O dia

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Barca (Pescador de Homens)



Tu te abeiraste na praia
Não buscate nem sábios, nem ricos
Somente queres que eu te siga....

Senhor, Tu me olhaste nos olhos
A sorrir, pronunciaste meu nome
Lá na praia, eu deixei o meu barco
Junto a Ti, buscarei outro mar

Tu sabes bem que em meu barco
Eu não tenho espadas nem ouro
Somente redes e o meu trabalho...

Senhor, Tu me olhaste nos olhos
A sorrir, pronunciaste meu nome
Lá na praia, eu deixei o meu barco
Junto a Ti, buscarei outro mar

Tu minhas mãos solicitas
Meu cansaço, que a outros descansem
Amor que almeja seguir amando..

Senhor, Tu me olhaste nos olhos
A sorrir, pronunciaste meu nome
Lá na praia, eu deixei o meu barco
Junto a Ti, buscarei outro mar

Tu, pescador de outros lagos
Ânsia eterna de almas que esperam
Bondoso amigo, assim me chamas...

Senhor, Tu me olhaste nos olhos
A sorrir, pronunciaste meu nome
Lá na praia, eu deixei o meu barco
Junto a Ti, buscarei outro mar

Junto a Ti, buscarei outro mar
Junto a Ti, buscarei outro mar
Junto a Ti, buscarei outro mar

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Manifesto Universal do Movimento Emaús

“Servir primeiro a quem mais sofre”

INTRODUÇÃO
"Nosso nome EMAÚS corresponde a uma localidade da Palestina onde alguns desesperados voltaram a encontrar a esperança. Este nome chama todos, crentes, ou não crentes, nesta comum convicção de que somente o Amor pode unir-nos e permiti-nos avançar junto.O Movimento Emaús nasceu na França em novembro de 1949 do encontro:
• De homens conscientes de sua situação privilegiada e de suas responsabilidades sociais frente à injustiça.
• De homens que já não tinham razão para viver, havendo decidido uns e outros unir suas vontades e esforços para ajudar-se mutuamente e socorrer aos que mais sofrem, na certeza de que salvando aos outros podem salvar a si mesmo.Com este objetivo se tem formado comunidades que trabalham para viver e dar. Alem de ter formado grupos de amigos e voluntários que lutam no plano cívico e privado.
1. NOSSA LEI é aquela da qual depende, para a humanidade inteira, toda vida digna de viver, toda paz verdadeira e a alegria de cada um e de cada sociedade:
“Servir antes que a si mesmo a quem é menos feliz”.
“Servir primeiro a quem mais sofre”.
2. NOSSA CERTEZA é que o respeito dessa lei deve animar toda busca de justiça e, por conseguinte, de paz entre os homens.
3. NOSSA META é atuar para que cada homem, cada sociedade, cada nação possa viver, afirmar e realizar no intercâmbio e o dividir, assim como em condições de igual dignidade.
4. NOSSO MÉTODO consiste em criar, manter e animar meios em que todos, sentindo-se livres e respeitados, possam satisfazer suas próprias necessidades e ajudar-se mutuamente.
5. NOSSO PRIMEIRO MEIO, em todas as partes onde seja possível, é o trabalho de recuperação que permite dar novamente valor a todas as coisas e multiplicar as possibilidades de ações de urgência em favor dos que mais sofrem.
6. Todos os outros meios que provoquem o despertar das consciências e o desafio devem também empregar-se para servir e fazer servir em primeiro lugar aos que mais sofrem, dividindo suas dificuldades e suas lutas - privadas e cívicas - até a destruição das causas de cada miséria.
7. NOSSA LIBERDADE: Emaús não está sujeito, no cumprimento de sua tarefa, a nenhum outro ideal que o expressado no presente Manifesto, nem a nenhuma outra autoridade que a constituída em seio, segundo suas próprias regras de organização. Atua em conformidade com a Declaração dos Direitos Humanos adotada pelas Nações Unidas, e as leis justas de cada sociedade, de cada nação, sem discriminações políticas, raciais, idiomáticas, religiosas ou de outra natureza. A quem deseje participar em nossa ação, não se lhe poderá exigir outra coisa que a aceitação do conteúdo do presente Manifesto.
8. NOSSOS MEMBROS: O presente Manifesto constitui o fundamento simples e preciso do Movimento Emaús. Deve ser adotado e aplicado por cada grupo que deseje se membro ativo."

ENCONTRO BIOGRÁFICO PANORÂMICO INTENSIVO

PANORAMA BIOGRÁFICO
o contar-se a própria história

"Alegrias são dádivas do passado que comprovam seu valor no presente.
Pesares, ao contrário, são fontes de conhecimento, cujo significado se revela no futuro."
Rudolf Steiner

Contar-se a própria história como fonte de pesquisa, a partir do conhecimento de leis gerais do desenvolvimento humano, fundamentadas na Antroposofia, através de:
· Exposições sobre as fases da vida – os setênios
· Resgate da história pessoal
· Curvas de espelhamento dos padrões repetitivos e metamorfoses
· Atividade artística, lúdica e corporal
· Grupos pequenos (máximo 4 pessoas)
· Local acolhedor na natureza

Percorrer este caminho de auto-conhecimento propicia que, de maneira objetiva e ordenada, percebamos uma grande paisagem multicolorida composta de luzes e sombras, para que tomemos a vida nas próprias mãos, assumindo-a plenamente, ao definir diretrizes futuras.

Local - Nova Friburgo – distrito de São Pedro da Serra
Data do próximo encontro - 11/12/08 – 15h (5ª-feira) a 14/12/08 – 13h (domingo)
Acrescido de uma tarde, cerca de 40 dias após o intensivo, em data agendada
com o grupo, para trabalho sobre as curvas de espelhamentos e metamorfoses.

Coordenação
Berenice Von Rückert – Socióloga, Consultora em Pedagogia Social e Biógrafa, Fundadora do Grupo Mineiro de Biografia, onde coordena e é docente dos cursos de Formação Biográfica. Sócia da Éthica Consultoria e Treinamento. Atualmente faz atendimentos biográficos individuais e em grupo, além das consultorias onde tem especialização em biografia da empresa.

Haydée Lemos
Educadora e terapeuta, membro da equipe terapêutica do Spa Maria Bonita desde 1993, Biógrafa

Andréa Bulkool
Psicóloga, Terapeuta de Família, Biógrafa

· Investimento
R$ 510,00 (incluindo encontro posterior ao intensivo)
R$ 150,00 (alimentação e hospedagem)
Possibilidade de parcelamento em até 3 vezes.

· Informações/inscrições
(22) 9225-8459 / (22) 9981-8801 / (22) 8826-1103 / (22)2528-3159 - noite
e-mail : andreabulkool@gmail.com

Terapia Biográfica

"O que é o trabalho biográfico?

Contar-se a própria história, como fonte de pesquisa, a partir do conhecimento de leis gerais do desenvolvimento humano, fundamentadas na cosmovisão antroposófica desenvolvida por Rudolf Steiner.
É a observação sistemática do desenrolar da própria vida, entendendo que o desenvolvimento humano cumpre certas leis biográficas com ritmos, amadurecimentos, crises, oportunidades, fatos que se repetem, etc.
Muitos desses ritmos e acontecimentos são comuns a todo ser humano. Outros são completamente individuais.
E é com esta dinâmica que se trabalha a biografia, criando condições para perceber na própria história os fios condutores que, enquanto individualidades, percorremos.
O auto-conhecimento, através da leitura e compreensão da própria biografia, fortalece o indivíduo e favorece as suas relações, permitindo-nos viver conscientemente o nosso presente e estabelecer metas para o futuro.
Dois exercícios básicos empregados no trabalho biográfico são a retrospectiva dos acontecimentos da vida e a retrospectiva das pessoas que encontramos na vida e que exerceram alguma influência sobre nós. A partir deles, apoiados pela visão antroposófica do ser humano, de suas leis de desenvolvimento, realizamos o trabalho biográfico, que pode ser feito individualmente ou em grupo.
Os grupos biográficos reúnem-se com atividades sociais, artísticas, aulas em grupo e dinâmicas individuais para oferecer aos participantes elementos conceituais e práticos para leitura e compreensão da própria história.
Durante o trabalho biográfico, cada um identifica em cada fase da vida, a que chamamos setênios, elementos semelhantes aos de outras pessoas da mesma idade, além de peculiaridades que tem a ver com cada um. Saber discernir o que é comum e o que é bem individual, assim como as coisas que se repetem durante a vida, é fundamental para o auto-conhecimento.
Os acontecimentos individuais, muitas vezes, tem que ser trabalhados, digeridos e integrados, o que só é possível a partir de uma visão global de toda a biografia. Isso permite que vejamos os lados de sombra e de luz que se teve na vida como partes de uma grande paisagem. Luz e sombra, em conjunto, formam as cores.
Percorrer este caminho de auto-conhecimento propicia que, de maneira objetiva e ordenada, percebamos uma grande paisagem multicolorida composta de luzes e sombras, para que tomemos a vida nas próprias mãos, assumindo-a plenamente, ao definir diretrizes futuras.
Em resumo, a intenção do trabalho biográfico não é a de ficar preso ao passado, mas integrá-lo, para poder viver o presente e nortear melhor o futuro.

São questões biográficas gerais:

Porque na minha vida certas situações se repetem?
Qual o sentido dos acontecimentos?
Porque ocorrem crises?
O que preciso mudar? Para onde devo ir?
Quais meus desafios e dificuldades?
O que já desenvolvi, realizei?
Quais as diretrizes futuras?"
Texto de Andrea Bulkool
Para entrar em contato, envie e-mail para andreabulkool@gmail.com

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A PRÁTICA DA TERAPIA COMUNITÁRIA NO CAPS

CAPS - Nova Friburgo - RJ

O Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, funciona como um dispositivo de atenção à saúde mental. O mesmo, através de diversas atividades, entre elas a Terapia Comunitária, pretende fornecer a pessoa com transtorno psíquico, um atendimento humanizado e acolhedor.
O CAPS faz parte da Política de Saúde Mental e funciona como um serviço substitutivo ao Hospital Psiquiátrico.
Abaixo, fotos da roda de Terapia Comunitária no CAPS de Nova Friburgo - RJ.




No mês passado o grupo de terapeutas, enviou um projeto sobre este trabalho para o I Congresso Brasileiro de Saúde Mental. Este projeto foi aprovado e será apresentado em Florianópolis, em Dezembro deste ano.

Um trecho do projeto:

"A Terapia Comunitária, prática de ação psicossocial, criada pelo antropólogo e psiquiatra Adalberto Barreto na favela do Pirambu, em Fortaleza, constitui não só prática de intervenção, mas, sobretudo, espaço social de troca e partilha de experiências de vida. O espaço sendo público, portanto aberto a todos, propicia reconstrução da identidade, através do resgate da auto-estima, valorização de saberes e etc. Um dos objetivos é transformar as carências em competências, através do reconhecimento das próprias estratégias sociais e das respostas que os participantes em grupo dão. Há também, no processo de re-conhecimento de si e do outro, importância na expressão do corpo como veículo de comunicação da subjetividade, do sofrimento, e do processo relacional que estabelecemos com o espaço social e com o mundo através de cantos, dinâmicas de aquecimento, abraços, propostos pelo próprio grupo. A prática da Terapia Comunitária no CAPS torna-se um desafio, pois ao utilizar esse trabalho com pessoas que apresentam transtornos mentais severos, lidamos com a dificuldade dos usuários simbolizarem as emoções e sentimentos. Contudo, a invenção que se articula, propicia uma fala e uma escuta própria, uma forma de se manifestar que torna possível o encontro com suas próprias dificuldades e situações de vida (...)".


De blusa amarela, o psicólogo e terapeuta comunitário Marcelo Abdala.
À sua esquerda, a terapeuta comunitária Malake e à sua direita a psicóloga e terapeuta comunitária Virgínia.


O "centro" de nossa roda.






Para assinar o manifesto IV conferência Nacional de Saúde Mental Já!!!!! , acesse http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_081017_002.html

Terapia Comunitária no Centro Cultural da Saúde

Programação Cultural no CCS

· EVENTO GRATUITO

Roda de Terapia Comunitária

· Dias e horários:

07/11, das 10h às 11h30
14/11, das 14h às 15h30
21/11, das 10h às 11h30

Responsável:

Instituto de Pesquisa Sistêmicas de Desenvolvimento de Redes Sociais (Instituto Noos)

Público-alvo: público em geral
Nº de vagas: 20

· A Terapia Comunitária é uma proposta nascida, há cerca de 20 anos, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, desenvolvida pelo Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto, psiquiatra, e que hoje está em prática em muitos estados brasileiros e também no exterior.
· A Terapia Comunitária é um instrumento de promoção de saúde e de resgate da cidadania que permite mobilizar os recursos e as competências dos indivíduos, famílias e comunidades, frente aos problemas do cotidiano.
· A Roda de Terapia Comunitária é um espaço de escuta, de partilha de sentimentos e experiências de vida, com metodologia própria, que possibilita a mobilização desses recursos e competências, através da ação terapêutica do próprio grupo.

· "Aqui todo mundo é doutor de si mesmo”. (Adalberto Barreto).
· "Quando a boca cala o corpo fala.Quando a boca fala o corpo sara”.

Entre nessa roda!

Informações e inscrições:
Centro Cultural da Saúde: (21) 2240-5568 e ccs@ccs.saude.gov.br

Local:
Centro Cultural da SaúdePraça Marechal Âncora (Praça XV) -
s/nº, térreoCentro - Rio de Janeiro - RJ

DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS


"As Danças Circulares Sagradas tem na sua essência a grande força do círculo, conhecida há séculos como poderoso símbolo de unidade e totalidade. Estar de mãos dadas formando um círculo é comungar com a Natureza, é tornar-se um só e compreender a unidade das coisas. Dançando de mãos dadas junto com o ritmo integrado de toda a vida, louvamos a criação e a glória da vida. Estar em círculos faz lembrar que o ponto de referência é o centro cuja representação é ao mesmo tempo vazio e pleno. Cada pessoa esta à mesma distância do centro, não há hierarquia. Cada um tem o mesmo direito com referência ao centro.
No dia a dia do mundo moderno, jornada de trabalho, tensão, stress, ansiedade e medo são responsáveis pelo ritmo alucinante de nossas vidas. Como conseqüências dessa aceleração surgem alterações de pressão, problemas cardíacos, distúrbios hormonais, tensão nervosa, bloqueios emocionais. Isto provoca uma redução dos momentos de lazer e prazer, resultando num afastamento cada vez maior do contato com a natureza, e consigo próprio, redução no rendimento do trabalho, desatenção, desestímulo, etc.
Uma das formas de reduzir este ritmo de vida é através da dança. As Danças Sagradas têm a qualidade de ajudar a soltar o corpo, liberar bloqueios e tensões, transformar sentimentos negativos, depressões e angustias. Faz sentir alegria, prazer e vontade de viver.
As Danças são grandes instrumentos de integração, celebração, autoconhecimento e auto-cura; ajudam na expressão da consciência, onde o grupo pode praticar um Serviço Planetário enviando paz, harmonia e amor para o mundo.
Essas danças nos ajudam a contatar com a nossa essência e a desenvolver qualidades e aptidões que desconhecíamos. Possibilita também estar presente no aqui e agora e identificar o que precisamos mudar e criar para conseguirmos harmonia e realização de nossos sonhos.
O objetivo principal é desenvolver um trabalho corporal e meditativo com o centro físico, melhorando a concentração, a coordenação e o ritmo. Permitir uma maior percepção sutil através do corpo envolvendo os outros centros (mental e emocional) produzindo um estado meditativo pleno e harmônico.
Dançando em círculos podemos melhorar e enriquecer nossa vida física, emocional, mental e espiritual, irradiando essa energia transformadora para todos que entramos em contato. Aprendemos a nos comunicar de forma mais profunda e significativa, o que contribui com o nosso desenvolvimento espiritual, do homem, dos seres vivos, do Planeta Terra e consequentemente de todo o Cosmo".

Texto de Clarice Líbano

Para entrar em contato, envie e-mail para claricelibano@yahoo.com.br

terça-feira, 4 de novembro de 2008





"A mudança do modelo assistencial em Saúde Mental exige uma nova atitude técnica e ética do profissional desta área.
Nesse sentido, o Grupo ComVida pioneiro na clínica do Acompanhamento Terapêutico em Nova Friburgo e região desde 2003 vem oferecer um atendimento clínico diferenciado aos portadores de sofrimento psíquico.

DEFINIÇÃO E OBJETIVOS

O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma prática alternativa de atendimento a pessoas que estejam em sofrimento psíquico e/ou atravessando situações de confinamento ou exclusão social.
O AT acontece no espaço de circulação da pessoa atendida, seja domicílio, instituição e rua.
A participação no cotidiano da pessoa oferece recursos diferenciados de atuação terapêutica no próprio ambiente, criando condições para a exploração das potencialidades transformadoras de uma situação de crise, a compreensão e a intervenção na rede social, além de, contribuir para evitar uma possível internação ou torná-la menos traumática, caso a mesma seja necessária.
Portanto, o AT é um tratamento clínico diferenciado que surge no intuito de ampliar a rede de atendimento dos portadores de transtornos mentais, a fim de possibilitar a reconstrução dos laços sociais.

A QUEM SE DESTINA?

O AT é indicado a pessoas que apresentem quadros psicóticos, neuroses graves, depressões severas, risco de suicídio e a todos aqueles que se encontrem em situações de isolamento e empobrecimento da vida afetiva e/ou social.

QUAIS PROFISSIONAIS ESTÃO ENVOLVIDOS?

O AT é um trabalho realizado por uma equipe de psicólogos em parceria com os profissionais de saúde envolvidos no atendimento do paciente.

MODALIDADES DE FUNCIONAMENTO

A equipe de AT apresenta diversas modalidades de intervenção, que são planejadas, a partir de uma avaliação inicial, de acordo com a especificidade do caso.

O ComVida destaca-se pelo PRONTO-ATENDIMENTO, oferecendo suporte a família, ao paciente, e a profissionais envolvidos".



Para entrar em contato com o ComVida, grupo de Acompanhamento Terapêutico de Nova Friburgo, entre em contato através do e-mail at_comvida@yahoo.com.br

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Grupo Mangalam - Cantos Sagrados



Este grupo destina-se a transmissão do amor e da alegria, da reflexão interior e construção da unidade através da multiplicidade. Cantamos para a divindade superior através de diversos nomes, como Brahma e Oxalá por exemplo. Temos o objetivo de levar esses cânticos para instituições que abrigam pessoas, para espaços diversos, para tocar o coração de quem quer receber a mensagem, a mensagem dela para ela mesma, com ela, através da música e de cânticos cantados por sistemas religiosos distintos mas unos com os princípios do Amor, Harmonia, Verdade, Saúde, Paz, Felicidade, Caminhos Abertos, Gratidão, Humildade e etc. O Grupo Mangalam inicia seu trabalho em Nova Friburgo - RJ e não possui enquanto grupo, uma religião específica. Cada componente segue sua crença espiritual distinta e através do respeito mútuo, cria um espaço para o estudo de músicas, cânticos, hinos, pontos e os leva aos ouvidos de quem está aberto para o sentir.
Para assistir um trecho de uma apresentação, acessar http://br.youtube.com/watch?v=ZFwFEm8Bu7M
O Grupo se apresenta todos os terceiros sábados do mês, no Centro Holístico Mangalam, situado na Rua Cristina Ziede. Para entrar em contato com o grupo, envie e-mail para grupomangalam@yahoo.com.br

A teia e a cultura





A teia é para a aranha, assim como a cultura é para o homem.

O que seria de nós sem a cultura? O que seria da cultura sem nós?

Pergunto como seríamos sem os laços da vida que nos enlaçam onde quer que vamos. Como seriam as manifestações sociais tão importantes para a manutenção da memória coletiva, se não houvesse a cultura. Podemos existir, embasados em um compromisso "eco-ético-espiritual" sem respeitar os saberes de nossos antrepassados, nossa memória herdada?! Como pensar religiões diferentes, formas de curas diferentes (populares inclusive), maneiras de pensar, vestir, falar, andar, olhar, se não respeitamos os saberes, crenças e costumes tão diversos?
Joseph Campbell, antropólogo e mitólogo, quando perguntado sobre a "mitologia do século XXI", deu um exemplo da terra vista pelo espaço, sem divisões, um globo azul e branco, sem países, estados, distritos e etc. Queria dizer que a mitologia de hoje, representaria essa união entre os povos, uma união entre as culturas de povos tão diversificados . . .
Na Terapia Comunitária, não há verticalidade. Todos aprendem. E é aqui, que termino esse "diálogo" com uma frase do aprendizado de uma participante da Terapia Comunitária: "Somos diferentes em muitas coisas, mas somos iguais em muitos aspectos"

Educação Somática

"Investindo na tecnologia interna

Haveria possibilidade de um corpo disponível, rico em sabores, tons, semi-tons e outras oitavas quando estamos submetidos aos inúmeros desconfortos do cotidiano de tarefas e obrigações ? Afinal, estamos na Terra para viver ou para sobreviver ?

Como vivemos o corpo na atualidade ? Lutamos por sobreviver em meio a ideais inatingíveis de beleza vendidos pela mídia; à hipersexualização e uma medicalização por vezes abusiva. Um corpo que se molda ao império do virtual; às rápidas e dramáticas transformações do meio-ambiente e às cada vez maiores exigências de produtividade e competitividade no mercado de trabalho.

Será que é a sociedade que nos impõe um modo de vida que “achata” o potencial do corpo? Mas se a sociedade é feita de nossa própria carne, como é que fica? O que fazer ? São reflexões desse tipo que proponho no artigo a seguir.

Corpo contemporâneo: entre aparência e autenticidade

Até que ponto privilegiaremos a compra de produtos que realçam nossa aparência em detrimento de um tratamento de saúde? Até quando sacrificaremos nosso conforto por causa das exigências da moda? Até quando investiremos no nosso “look”, negligenciando nosso bem estar? Que peso a estética do corpo jovem, magro e “malhado” tem na nossa intimidade, na nossa subjetividade ?

Essas são algumas das perguntas às quais me deparei desde minha adolescência. Ao longo de minha experiência de 12 anos como professora de Educação Somática, observei que muitos dos problemas de saúde trazidos por meus alunos têm ligaçao com uma batalha interna : aparência ou autenticidade? Até que ponto estou pronto a sacrificar minha integridade para conformar-me às normais culturais de beleza e comportamento?

Enquanto profissionais da área de educação, saúde, cultura e artes é importante que possamos reconhecer tanto os modelos de corpo rejeitados quanto os estimados, vigentes e marginais de nossa cultura e da de nossos alunos a fim de compreender até que ponto esses modelos engendram padrões motores que estão intimamente ligados a problemas biomecânicos, psicológicos e relacionais. Reconhecer esses padrões motores fixados por valores culturais significa contextualizar o “problema” dentro de uma perspectiva sociocultural – seja ele dor física, má adaptação social, desconfortos psicológicos ou deficiências cognitivas. Desta forma, como profissionais, podemos sugerir estratégias de transformação do “problema” que sejam mais concretas, precisas e duráveis.
Tecnologia interna

Não se pode dizer que vivemos em uma época de grandes desequílibrios. Sempre houveram guerras, fome, miséria, desigualdade social. A diferença é que no passado, a informação circulava muito mais lentamente do que hoje. Temos a televisão, a Internet e os jornais para nos informar dentro de nossa casa todos os dias de quase tudo que se passa a nível mundial.

Para fortalecer-se e ser capaz de enfrentar os desafios de cada época, o homem sempre desenvolveu métodos de cura, manutenção da saúde do corpo, mente e espírito. Hoje temos acesso a uma gama de abordagens que vão de Tai Chi Chuan a Yoga, passando por Chi Kung e Reiki. Muitos são os acupuntores, osteopatas, massoterapeutas, musicoterapeutas, homeopatas. O Crâneo-sacro, o Rolfing, a Gestalt, Reich, Lowen e Biodança podem não serem “populares”, mas não são difíceis de se encontrar nos grandes centros urbanos.

Essas abordagens ditas “holísticas” ou “alternativas” podem ser consideradas uma tecnologia interna porque são compostos de técnicas que usam recursos inerentes ao organismo humano: a respiração, o movimento, o ritmo das funções vitais, os meridianos, etc. Elas investem na capacidade de autoregulação, sistema que garante o equilíbrio global da pessoa, primando pela prevenção da doença ou pela recuperação. A intervenção medicamentosa ou cirúrgica só é necessária caso o sistema de autoregulação não cumpra bem seu papel. Desenvolver sua tecnologia interna equivale a dar suporte ao poder de auto-cura do organismo.

Dentro dessa família de abordagens holísticas, destaca-se o campo da Educação Somática, composta de diferentes métodos que se interessam pelo desenvolvimento da consciência corporal e pela reeducação do movimento: Anti-ginástica, Técnica de Alexander, Feldenkrais, Eutonia, Ginástica Holística, Continuum, Body-Mind Centering, Somaritmo, Ginástica Sensorial e Pilates. Cada método de Educação Somática tem sua própria história e técnicas, porém partilham o princípio de que o homem é um ser total que, como todo ser vivo, possui recursos internos para manter-se em equilíbrio físico, psíquico e social.

Todos os métodos de Educação Somática abordam a pessoa através de movimentos do corpo:

· Movimentos “sustentados” pela respiração;
· Movimentos executados com o esforço justo, visando à regulação do tônus muscular de todo o corpo;
· Movimentos que despertam a orientação do corpo no espaço;
· Movimentos estruturantes visando direção e alinhamento da estrutura óssea;
· Movimentos de alongamento fino e preciso, solicitando tendões e fáscias;
· Movimentos que utilizam a imaginação visando ampliar a imagem corporal;
· Movimentos lúdicos para a regulação do sistema nervoso;
· Movimentos inusitados para a desconstrução de padrões motores “crônicos”.

À primeira vista, poderíamos pensar que os métodos de Educação Somática se parecem com a Yoga, o Tai Chi Chuan ou com dança. Na verdade, a Educação Somática é um campo em si. Historicamente, os métodos de Educação Somática começam a ser estruturados na Europa e em seguida na América do Norte, um pouco antes da Primeira Guerra Mundial. Seus criadores são, em sua maior parte, cientistas e artistas. Os métodos são criados por ocidentais para ocidentais. Uma primeira diferença: embora o campo da Educação Somática postule que o homem é um ser total – corpo, mente e espírito – e que o corpo é indissociável da consciência, nenhum dos métodos é ligado a um sistema religioso em particular como o hinduismo, a vedanta ou o taoismo. Uma das especificidades da Educação Somática é que nenhum de seus métodos pede do aluno a maestria da forma. A tônica das aulas de Educação Somática é uma exploração dos movimentos propostos e não o aperfeiçoamento de posturas ou coreografias fixas como o Tai Chi e a Yoga. Durante o aprendizado da sequência de movimentos do Tai Chi ou dos asanas da Yoga, o aluno toma o professor como modelo. Nas aulas de Educação Somática, o aluno não copia os movimentos do professor, mas é guiado por comandas verbais: a execução dos movimentos é sentida e vivenciada de modo pessoal por cada um. Porém, não se aborda a expressão do movimento, como os diversos tipos de dança propõem.

Terapêutico, mas não terapia

Não é raro que, durante as aulas de Educação Somática, um aluno chore, ria, tenha um acesso de raiva ou até se lembre de situações traumáticas. Quando um movimento aciona nosso sistema nervoso autônomo e os ramos simpático e parasimpático (que se ramificam pelas vísceras, vasos, glândulas, situando-se ao lado da coluna vertebral), acionamos o sistema que coordena as funções não-voluntárias: a digestão, a circulação, a respiração, a transpiração, a secreção de hormônios e as emoções.

Imagine agora que todos os dias nosso corpo mobiliza uma quantidade de energia enorme para manter nossos personagens no palco da vida e realizar todas nossas obrigações cotidianas. Então, é possível que quando desarticulemos nosso modo habitual de funcionamento de vigília, acionando o sistema nervoso autônomo, uma “descarga” aconteça: riso, choro, raiva, náusea...

Porém, os métodos de Educação Somática não pressupõe uma catársis, nem a interpretação do conteúdo psíquico do aluno. O professor não facilita a emergência de crises, nem propõe soluções para elas. Um método de Educação Somática se diferencia de uma abordagem terapêutica pela maneira como aborda a emoção. Mesmo se alguns métodos adotam uma linguagem psicológica ou apresentam aspectos terapêuticos eles não são uma terapia. Por isso, aos que me perguntam se sou terapeuta, respondo que no contexto das aulas, sou educadora. Terapeuta e educador são papéis muito diferentes que devem estar claros para aquele que os assume.

A particularidade da Educação Somática é a transmissão de instrumentos que despertam no aluno o gosto pela auto-investigação através do movimento de seu corpo. Na medida em que a consciência de uma pessoa se expande – usando o corpo como veículo dessa expansão – mais ela estará apta a fazer sentido de suas próprias emoções. Uma pessoa desenvolve sua capacidade de sentir estará mais apta a fazer escolhas que contribuam à realização de suas potencialidades.

Ampliar sua própria noção de corpo significa desafiar velhos padrões motores para que o cérebro faça novas conexões neuronais. Investir em nossa tecnologia interna. Descobrir que é possível se resgatar a autenticidade somática, tantas vezes deformada por valores sócioculturais. Descondicionar o corpo. Mas, como é possível abandonar nossas couraças de defesa se vivemos pressionados pela competição profissional, duros de medo, impotentes diante da injustiça social e violados pela poluição? O que fazer quando as vivências das aulas de Educação Somática entram em conflito com o estilo de vida que levamos?

Mudanças físicas correspondem a mudanças de percepção... e vice-versa! É como fazer uma obra na casa. Há de se distinguir o que devo jogar fora e o devo guardar. Às vezes, é preciso desarrumar a casa toda. Durante a reforma, a casa vira um caos. Pouco a pouco, uma nova ordem aparece.

Quando não temos acesso ao “sentir”, estamos à mercê do mundo “exterior”. A prática dos movimentos propostos pela Educação Somática nos leva a refinar a capacidade de observação de nosso próprio funcionamento. Quanto mais íntimos somos de nosso universo corpóreo, mais aptos a negociar com as exigências do “mundo externo” e a encontrar soluções criativas para lidar com as pressões. O processo de transformação somática é longo, mas o aprendizado feito é sólido, profundo e indelével. Um trabalho de joalheiro."
Para maiores informações acessar http://www.movimentoes.com/ ou entre em contato com Débora Bolsanello, a autora deste artigo.

domingo, 2 de novembro de 2008

A Lágrima, A Estrela, A Pérola e a Gota de Orvalho

Encontraram-se um dia, uma lágrima, uma estrela, uma pérola e uma gota de orvalho.Falou primeiro a estrela:

"- Quem diria que eu tivesse o trabalho de descer das alturas luminosas, para vir conversar com vocês três? Não sabem que sou mais alta que as nuvens? E que a minha altivez fulgura entre mil chamas radiosas, na infinita amplidão?"

Mas, respondeu a pérola vaidosa:

"- Quem te dará valor, entre milhões de lâmpadas no espaço? Tu não passas de um grão de esplendor, metido na poeira do infinito. Ninguém se lembra de te por nos braços! Enquanto eu, lá no fundo dos oceanos, sou buscada e vendida aos soberanos, para enfeitar, com minha limpidez, as coroas dos reis! Vivo no colo esplêndido dos nobres, e nos ricos seios das rainhas... Não como ti, que sob o olhar dos pobres poetas vagabundos te encaminhas... Valho mais que tu!E ainda mais, valho que um orvalho e uma lágrima, pois ambos são gotas d'água, sem o mínimo valor."

Disse o orvalho, com mágoa:

"- Qual de vocês três, tem esse encanto de se transformar em gozo, na boca imaculada de uma flor? Eu venho lá de cima, radiante, nos braços da alvorada cobrir de beijos uma rosa, que se sente tão doce nesse instante, que vale a pena vê-la tão ditosa!E trago o riso ao coração da Terra, engolfada em pranto. Eis como sou feliz! Na campina, ou no cimo da serra, sou sempre uma esperança cristalina, nos lábios sorridentes de uma flor!"

Calou-se o orvalho. E a lágrima? Coitada, esta nada dizia...

"- E que respondes tu?" Perguntaram os demais. E ela, rolada na terra úmida e fria, nada ousava falar...Porém, sublime e calma, respondeu:

"- Eu sou o perdão no crime e a vibração no amor!Bailo no olhar risonho da alegria, moro no olhar tristíssimo da dor! Eu sou a alma da saudade da harmonia! Sou o estrilo na lira soluçante dos poetas, sou oração no peito dos ascetas, sou relíquia de mãe em coração de filho,sou lembrança de filho em coração de mãe! Não vivo nos seios perfumosos, nos colos orgulhosos, na ostentação efêmera do luxo...Porém, penetro no espírito do mundo, seja do rei, do sábio mais profundo, do rústico mais vil... do pecador, do santo, até na face do Senhor um dia já rolei... Eu, lágrima pequena, penetrei no coração de Deus, e fiz estremecer, abrir-se extasiado o pórtico dos céus! "

A lágrima calou-se humildemente, deslumbrando... Em silêncio, a tudo contemplou serenamente, na vastidão vazia...

A estrela se ocultou atrás de uma nuvem e chorava...

A pérola desceu à profundeza dos mares e chorava também...

O orvalho tremulando sobre a relva também chorava...

E a lágrima...

Só a lágrima sorria!..