quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PENSAMENTO DO MÊS


"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

sábado, 25 de outubro de 2008

Terapia Comunitária na Globo News

Formadores em Terapia Comunitária


O Movimento Terapêutico na Comunidade



No Projeto 4 varas, funciona:

* Atelier de Arte e terapia

"Aqui 25 jovens artistas, vivem, convivem e procuram construir através da arte, aquilo que a violência e a miséria tentam destruir. Da venda dos cartões, eles retiram o sustento para suas famílias e os recursos necessários para a manutenção do atelier. (...)





* Atualmente, eles têm uma produção de 250 cartões semanais.

• Esta tem sido uma das formas que achamos para acolher, reconhecer e estimular as potencialidades de cada jovem.



• Se o sentimento que os dominava no início do trabalho era a "vergonha" hoje, é o"orgulho" de pertencer a um grupo, a um movimento que tem projetado seus trabalhos para além das fronteiras nacionais. (Da exclusão à inserção social).

* Estima-se que só nos dois últimos anos já passaram pelo atelier de arte, cerca de 600 jovens.

O Atelier de Arte e Terapia do Projeto 4 Varas (Casa do Desenho) conta com um estoque de mais de 30.000 cartões disponíveis para venda. A venda destes cartões contribuirá para que possamos dar uma continuidade nesse trabalho, que ao mesmo tempo em que trabalhamos a criatividade e o raciocínio destas crianças para desenhar todos os cartões diferentes e únicos, ajudamo-os a ajudar sua família com o que ganham e a se ajudarem comprando seus próprios materiais da escola, roupas e fazer lazer."

Para adquirir os cartões, acesse http://www.4varas.com.br/atelier.htm .

* Casa da Memória

"A Casa da Memória dispõe de um acervo sobre a história da Terapia Comunitária, Projeto 4 Varas e do grande Pirambú (favela onde está situado o Projeto 4 Varas), com isso a comunidade dispõe de inúmeros arquivos de:

• Vídeos sobre os mais diversos temas abordados na Terapia Comunitária: alcoolismo; depressão; nervosismo; violência contra a criança etc,

• Fotos de toda a história do Projeto 4 Varas com os seus diversos setores, da Terapia Comunitária e do Pirambú.• Áudio para técnicas de Auto-Estima e Terapia Comunitária"

* Casa do Acolhimento

Tem como objetivo "Acolher pessoas por curto período, que necessitam de repouso, afim de recuperar suas energias, bem como visitantes, estagiários brasileiros e estrangeiros que vêem realizar estágio nas várias atividades desenvolvidas no Projeto 4 Varas."



* Farmácia Viva

"Plantas rigorosamente selecionadas, cultivadas e comprovada a eficácia pelo programa farmácia viva da Universidade Federal do Ceará - UFC.



Produzimos e preparamos as ervas medicinais para uso caseiro e comunitário. Os recursos da venda permitem a sobrevivência dos participantes e possibilitam a autonomia financeira do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária.

A Farmácia Viva é um Projeto de Extensão da UFC. Construíram-se vários canteiros de ervas curativas rigorosamente selecionadas pelo horto de plantas medicinais da Universidade. Pediu-se a cada grupo comunitário para trazer um objeto para a construção dos canteiros: os idosos trouxeram garrafas vazias de refrigerantes, o posto de saúde trouxe telhas, a escolinha trouxe tijolos, o grupo de mulheres trouxe varas e assim construíram-se os primeiros canteiros em regime de mutirão comunitário. Depois, com a ajuda da MISEREOR, foi construído um laboratório para produção de remédios caseiros: xaropes, broncodilatadores, anti-sépticos, anti-inflamatorios, remédios para problemas de pele e outros. Este vínculo com a terra permitiu aos raizeiros desempregados, na grande cidade, ingressarem nesta atividade; permitiu às mulheres produzir artesanatos em forma de saquinhos de crochê que guardam os remédios e, às crianças, a tarefa de divulgarem o valor terapêutico das plantas através de teatros infantis tendo as plantas como tema principal. Foram envolvidas 175 famílias. "

Para comprar e acessar os produtos produzidos pela comunidade no projeto, acesse http://www.4varas.com.br/produtosfarmacia.htm

* Oca de Saúde Comunitária

"(...) Local onde são dadas massagens terapêuticas para tratar o individuo dos efeitos do estresse, depressão, tensões do corpo, insônia.
A Oca da saúde Comunitária acolhe pessoas estressadas, com insônia, depressivas, necessitando de um apoio mais individual. É um local em que as pessoas têm acesso a massagens terapêuticas anti-estresse. Todo o corpo de massagistas foi formado pela Universidade, dentro da própria comunidade. São lideranças comunitárias pertencentes aos mais diversos credos: pais e mães de santo, católicos, espíritas, protestantes e curandeiros que fizeram um curso de Abordagem Corporal Terapêutica. Durante o curso, de 360 horas/aula, os massagistas aprenderam as técnicas de massagem , receberam noções de ética, aromoterapia e anatomia.A Oca funciona em um local muito agradável. Lá, a terapia começa pela brisa marítima e o barulho das ondas. É um ambiente rústico, o teto de palha de carnaúba, a parede construída de tala de carnaúba e por fim, música suave. Os terapeutas, com grande propriedade, aplicam técnicas de relaxamento e massagem em locais específicos do corpo para cada tipo de doença ou dor. As massagens funcionam como um complemento à medicina. Através delas, os terapeutas contribuem para a saúde da comunidade, ao mesmo tempo em que são beneficiados.(...)"


* Salão Terapêutico

Terapia do Resgare da Auto-estima e Terapia Comunitária

A Terapia do Resgate da Auto - Estima é realizada: - todas as quintas-feiras - dás 8:30hs as 11:00hs. - no Salão Terapeutido do Projeto 4 Varas.

"O Resgate da Auto-Estima: Estimula, eleva a auto-estima; Trabalha: as tensões, estresse, as raivas, o perdão, o resgate da criança interior, as preocupações da mente, a integração do masculino com o feminino, o centramento corpo e mente. É desenvolvida por profissionais da área de saúde e agentes comunitários que já trabalham com famílias e comunidades que são capacitados pelo Dr. Adalberto Barreto em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão da UFC. Anualmente são atendidas mais ou menos 2.000 pessoas."

* Teatro Zé e Maria
"Grupo formado a partir de crianças e adolescentes da Favela do Pirambú na Comunidade 4 Varas em Fortaleza/Ce, o grupo participa de apresentações artísticas em diversos locais da cidade de Fortaleza e em 2005 realizaram uma torne pela Europa apresentando sua Arte. Além da proposta de transformar crianças e adolescentes em atores e atrizes mirins, o Teatro Zé e Maria tem como objetivo tirar essas crianças e adolescentes da ociosidade e mostra-las o caminho para: uma auto-valorização; o crescimento de seus potencias; a descoberta de dons artísticos e culturais de cada um; o resgate da auto-estima; o desenvolvimento da dicção e expressão corporal.

A abordagem dos temas é elaborada pelos componentes do próprio grupo de acordo com o tema e a realidade do local da apresentação. Participam crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 18 anos. O Grupo aborda temas:

* Sociais;
* Saúde Mental;
* Ecologia;
* Políticos.
O Grupo atualmente está funcionando nos turnos da manhã e da tarde com total de 30 integrantes, realiza apresentações todas as quintas feiras após a Terapia Comunitária. A contribuição voluntária arrecadada na Terapia, parte se compra maquiagens e parte é divida entre o grupo."

Contatos para Shows:
Fone: 3286-6049
Email: projeto4varas@terra.com.br


* Escola Casa de Maria
"Com o projeto de co-gestão com a prefeitura de Fortaleza, passou-se a atender cerca de 150 crianças e foi a partir daí que o Centro passou a ser uma escola. No entanto, tenta-se ensinar mais do que as tradicionais matérias curriculares, com o objetivo de ser uma orientação para a vida. As professoras também tentam discutir com as crianças os seus problemas familiares. "

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

RUMO AO 4 VARAS



Lê-se:

"Projeto 4 varas
Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária
Espaço no qual o "saber universitário" e o "saber popular", unidos de forma complementar, estão à serviço das dinâmicas individuais e comunitárias".

No dia 09 de novembro de 2008, parte dos Terapeutas Comunitários que estão fazendo a formação em Nova Friburgo, seguirão para Morro Branco, Ceará, onde farão a Formação CUIDANDO DO CUIDADOR.

Oca de Saúde Comunitária

Esta formação consiste em "capacitar agentes multiplicadores para atuarem em suas comunidades e instituições, na perspectiva do reforço da auto-estima, pela valorização do auto-conhecimento como recurso de transformação pessoal e social"


Casa de Acolhimento

Sobre o PROJETO 4 VARAS do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária - CE

"Os moradores estavam reunidos e a pauta da reunião era decidir um nome para a comunidade. Foram sugeridos vários. Terra Prometida gritou um deles. Jardim das Oliveiras gritou outro. Quatro Varas, falou um senhor. Todos olharam para ele, meio assustados e sem entender o porquê daquele nome. Segundo a lenda, há muito tempo, um homem já muito velho, perto de morrer, chamou seus quatro filhos e mandou que eles fossem à floresta e trouxessem uma vara
cada.

Oca de Saúde Comunitária

Quando eles chegaram, o velho pediu que cada um quebrasse sua vara e eles o fizeram com a maior facilidade. Depois, o ancião amarrou-as com uma corda e mandou que os filhos tentassem quebrá-las novamente. Nenhum deles conseguiu e o velho disse: meus filhos, eu não tenho riquezas nem bens para deixar para vocês. Apenas essa lição. Enquanto vocês estiverem unidos, nada nem ninguém vão conseguir quebrá-los, separá-los. Mas se vocês se separarem, ficarão fracos. Depois dessa história, todo mundo aplaudiu a sugestão do velhinho e fundaram a Comunidade de Quatro Varas. Atualmente, conta com uma população de cerca de 12.000 habitantes e é uma das 110 comunidades organizadas do Pirambu, a segunda maior favela do Brasil, com uma população estimada em 250.000 pessoas".

terça-feira, 21 de outubro de 2008

I Congresso Brasileiro de Saúde Mental



Foi aprovado hoje, o projeto A PRÁTICA DA TERAPIA COMUNITÁRIA NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE NOVA FRIBURGO - RJ, de autoria de Marcelo Pimentel Abdala Costa e Virgínia Lopes Sampaio. Este, será apresentado no I Congresso Brasileiro de Saúde Mental, a ser realizado em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina , nos dias 2 a 5 de Dezembro de 2008.


Eis um trecho do resumo do projeto:
"A Terapia Comunitária, prática de ação psicossocial, criada pelo antropólogo e psiquiatra Adalberto Barreto na favela do Pirambu, em Fortaleza, constitui não só prática de intervenção, mas, sobretudo, espaço social de troca e partilha de experiências de vida. O espaço sendo público, portanto aberto a todos, propicia reconstrução da identidade, através do resgate da auto-estima, valorização de saberes e etc. Um dos objetivos é transformar as carências em competências, através do reconhecimento das próprias estratégias sociais e das respostas que os participantes em grupo dão. Há também, no processo de re-conhecimento de si e do outro, importância na expressão do corpo como veículo de comunicação da subjetividade, do sofrimento, e do processo relacional que estabelecemos com o espaço social e com o mundo através de cantos, dinâmicas de aquecimento, abraços, propostos pelo próprio grupo. A prática da Terapia Comunitária no CAPS torna-se um desafio, pois ao utilizar esse trabalho com pessoas que apresentam transtornos mentais severos, lidamos com a dificuldade dos usuários simbolizarem as emoções e sentimentos. Contudo, a invenção que se articula, propicia uma fala e uma escuta própria, uma forma de se manifestar que torna possível o encontro com suas próprias dificuldades e situações de vida (...)".


Hall Exposições

Curso de Rodas e Brincadeiras Infantis

PAULO FREIRE - 11 anos depois

Quem nos ensinou que aprendendo a ler a própria história , podia ler a história do mundo. Em sua memória, COM você, nós aqui o relembramos continuamente.

Parte 1



Parte 2



Ver em "Links", referência sobre a obra de Paulo Freire.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

LIVRO

TERAPIA COMUNITÁRIA - TECENDO REDES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, SAÚDE, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS
Mirian Barreto e Marilene Grandesso.




Apresenta um panorama da Terapia Comunitária no Brasil idéias, ideologias, teorias, distintas práticas. O leitor interessado encontrará uma oportunidade ímpar para conhecer o que vem sendo feito no Brasil por aqueles que realizam a Terapia Comunitária em distintos contextos e com distintas populações. Encontrará também, um tecido de fundamentos teórico-epistemológicos que sustentam a prática da TC, dados de pesquisa, práticas inovadoras e criativas, reflexões críticas, enfim, todo o arcabouço para conversações construtivas e trocas colaborativas para os interessados pelo trabalho comunitário.

PROJETO ESPERANÇA DE SÃO MIGUEL - SP



O Projeto Esperança de São Miguel Paulista, fundado por Irmã Gabriela e D. Angélico S.Bernardino, é uma entidade social, sem fins econômicos, que atua desde 1988 em defesa dos direitos humanos e sociais. Detentora do Certificado Beneficente de Assistência Social(CEBAS), registrada no CNAS(Conselho Nacional de Assistência
Social), COMAS (Conselho Municipal de Assistência Social) e CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente).Declarada de Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal com atuação na prestação de serviço na área de assistência social, educacional,cultural e saúde. Nossa missão é desenvolver ações de promoção humana,educativa e preventiva junto a pessoas que vivem/convivem com HIV/AIDS em situação de pobreza na região LESTE II da cidade de São Paulo.

PROGRAMA FALA POR MIM

O “Fala por Mim” é um programa de solidariedade que oferece apoio social, psicológico
e educativo escutando em especial as avós cuidadoras e as crianças.

PROGRAMA SEMEANDO A VIDA

Dissemina a filosofia do bem estar integral, fazendo com que permeie todo trabalho
desenvolvido junto ao beneficiário e famílias acompanhadas.

PROGRAMA CIDADANIA VIVA

Oferece suporte psico-social dos efeitos causados pela situação de exclusão e preconceito. Trabalha a auto- estima, busca a reinserção no mercado de trabalho e
complementação de renda familiar.

PROGRAMA AMOR IGUAL A CUIDADO

Orienta para construção de uma vivência sexual mais responsável e gratificante.

Mais Ações do Projeto Esperança:

Terapia Comunitária

Uma abordagem para transformar o conflito e o medo em experiência de paz interior.

Pensatório Filosófico

É um espaço de reflexão e discussão conduzido por dois especialistas em filosofia clínica.

Cura das Atitudes

Um espaço de troca e fortalecimento dos vínculos humanos sociais.

CONTATOS

Núcleo São Miguel Paulista
Trav. Guilherme de Aguiar, 41
Fone: 2956-1182/2956-5570

Núcleo Guaianazes
Rua Comandante Carlos Ruhl, 75
Fone: 6557-0784/6557-7761


E-mail: projespsm@uol.com.br

domingo, 19 de outubro de 2008

DATA OFICIAL DO BLOG DO MITCO

Hoje, dia 19 de outubro, dia de nascimento do Poeta Vinícius de Moraes, fica registrado o nascimento do Movimento Integrado de Terapia COmunitária de Nova Friburgo, pois foi a data que o seu criador, Adalberto Barreto, autorizou e apoiou a idéia do Movimento como espaço para o apoio e valorização da vida.

Manifesto da Terra-Mãe



A Carta do Cacique Seattle

Em 1854, o chefe Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington,
depois de o Governo norte americano ter proposto a compra do território ocupado
por aqueles índios, respondeu ao presidente dos Estados Unidos:

"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."

Aprendendo com o mestre interior

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

BENZEDURAS

Acontece em Nova Friburgo o Festival Internacional de Cinema Socioambiental de 15 a 19 de outubro. Hoje, às 21h, será exibido o documentário BENZEDURAS, de Adriana Rodrigues. Eis a sinopse: "Benzeduras é um registro da sobrevivência das benzeções, uma tradição secular em extinção. Este documentário aborda o universo da benzeção através do olhar de vários benzedores sobre o que é, como se dá e o papel do ato de benzer na cura."

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"MITCO"

Movimento Integrado de Terapia COmunitária
de Nova Friburgo

Alusão a palavra "Mítico", que é da natureza dos mitos, fabuloso, fantástico. Do latim mythicu, do grego mythikós. Tradição que, sob a forma de alegoria, simboliza um facto natural, histórico ou filosófico; construção pura do espírito. "Um mito é uma narrativa tradicional com caráter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida (...). Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade. (...) Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do Homem ".

Fazendo uma ponte com a Terapia Comunitária, a mesma é definida como "(...) um instrumento que nos permite construir redes sociais solidárias de promoção da vida e mobilizar os recursos e as competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades. Procura suscitar a dimensão terapêutica do próprio grupo valorizando a herança cultural dos nossos antepassados indígenas, africanos, europeus e orientais, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um". (Adalberto Barreto)

Nesse "sentido emprestado", não desejo pensar o conceito do termo mito, ou mítico, de modo pejorativo, já que este, por definição é usado assim quando se refere a crenças comuns, mas aludir a carga simbólica que há na fala emprestada daquele que a utiliza para trazer a sua história. Refiro-me, com essa idéia, aos relatos e histórias, sobretudo, das culturas antigas que foram, em grupo, contadas por seus antepassados milhares e milhares de vezes e que, organizados, constituem a sua história, sua mitologia.

No grupo de Terapia Comunitária, se valoriza essa história que é contada a partir das experiências de vida de cada um, se resgata essa identidade cultural, espiritual e sagrada do humano (e não dos Deuses).

Grato
Marcelo P. Abdala Costa

LANÇAMENTO DE LIVRO

O Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária do Distrito Federal convida para o lançamento do livro "Manual de Terapia Familiar"


Educação Popular e Políticas Públicas


"Estamos em um momento da atenção básica brasileira em que foram desenvolvidas muitas reflexões bastante elaboradas sobre os caminhos da atenção integral. Principalmente entre os gestores do setor saúde, circulam muitos estudos e propostas de reorientação do cuidado em saúde referenciadas em sofisticados estudiosos nacionais e internacionais. Isto representa um grande avanço. Mas conhecimentos e propostas teóricas não substituem a atitude de proximidade e abertura para o diálogo com o outro que, no trabalho em saúde,.se apresenta de maneiras tão diversas e inusitadas. Teorias muito sofisticadas sobre o cuidado integral, aprendidas apenas no nível da razão, têm ajudado a reforçar uma atitude de soberba e fechamento diante de colegas que não as conhecem ou diante de pessoas em atendimento ou grupos comunitários, que não se adeqüam às suas formulações. Como os gestores não prestam assistência diretamente, eles precisam generalizar este conhecimento progressista junto aos profissionais que lidam com o cotidiano do atendimento, através de procedimentos administrativos e pedagógicos. Tem-se assistido muitos processos de educação profissional que são verdadeiras tentativas de enfiar “goela abaixo” conhecimentos progressistas voltados para a atenção integral. Temos assistido, com outras roupagens e outros conteúdos, a ampliação, na saúde pública, da pedagogia mais autoritária, centrada em conteúdos teóricos progressistas e humanizantes, que setores de esquerda considerados de vanguarda historicamente vêm empregando. Desconsidera- se, muitas vezes, os saberes prévios e os valores diferentes, nestes processos de educação permanente, por considerar os profissionais de saúde em treinamento como alienados e presos a modelos médicos tradicionais. Em nome da urgência de humanizar a assistência à saúde no SUS, tem-se ampliado práticas educativas voltadas para os profissionais de saúde, marcadas pelo que Paulo Freire chamaria de educação bancária, apesar de se utilizar muitas rodas de discussão e metodologias problematizadoras. Em muitos municípios brasileiros a relação entre gestores, com discursos extremamente progressistas, e os profissionais da assistência tornou-se autoritária e, até mesmo, massacrante. A angústia destes profissionais tem crescido muito.
É urgente trazer para as práticas de educação permanente, no SUS, os aprendizados da educação popular, até a pouco, centrada nas relações com as comunidades. Esta é a grande novidade da educação popular em saúde nos últimos anos: a constatação de sua pertinência na formação profissional. Os doutores e estudantes têm saberes anteriores que necessitam ser considerados. Sofrem processos de opressão que precisam ser discutidos, pois estão constrangendo seus envolvimentos com o trabalho. Carregam sonhos, utopias e propostas próprias de mudança social que, se acolhidas, contribuem para elevar ânimos e criar um sistema de saúde mais diverso e rico. Vivem emoções embaraçosas e intensas em seu trabalho que precisam encontrar um ambiente acolhedor e fraterno para serem elaboradas. Têm propostas diferenciadas daquelas defendidas pelas chefias e gestores que, apesar de desarrumarem os planejamentos prévios, costumam enriquecer muito a instituição. Mas não é fácil desenvolver relações pedagógicas dialogadas e amorosas em contextos institucionais tão marcados pelo conflito. Não basta querer fazê-lo. É preciso trazer e valorizar a experiência, já acumulada pela educação popular em sua história, de enfrentamento das dificuldades do diálogo na educação. Esta experiência, desenvolvida em contextos sociais conflitivos e de muita opressão mascarada, denuncia que rodas de discussão e dinâmicas pedagógicas muito criativas podem ser instrumentos de coerção dos educandos. Ela anuncia que conteúdos teóricos muito progressistas são ineficazes se não forem ampla e livremente questionados pelos valores e propostas dos educandos. Frisa que, sem uma atitude de afetuosa de acolhimento e sem o investimento pedagógico na elaboração das relações afetivas entre os educandos e para com as comunidades, os avanços das discussões teóricas geram poucos frutos. É por isto que as vivências deste livro são importantes. Vivências vão além de conhecimentos teóricos, pois explicitam também motivações, emoções, valores e atitudes, elementos importantes para anunciar o que é a educação popular em saúde hoje. Educação popular é mais do que uma concepção teórica de educação, pois inclui também uma atitude de vida. Uma atitude “popular” que valoriza a abertura aos oprimidos (da esposa do alcoólatra ao profissional do posto de saúde sufocado) e prioriza a contribuição dos subalternos (do desempregado ao estudante) no processo educativo e na reconstrução política da sociedade.
Precisamos avançar na construção de um SUS que entusiasme seus trabalhadores, acolha e apóie a diversidade de projetos de felicidade e saúde existentes na sociedade brasileira, valorize o protagonismo dos vários grupos profissionais e comunitários na luta pela saúde e incorpore a emoção, alegria e determinação daqueles que escolhem o setor saúde para atuar. Para isto, este SUS precisa ser ampliado e reorientado, não apenas por iniciativas e estratégias administrativas, legais e políticas, mas principalmente pela utilização da educação como instrumento de gestão participativa e valorizadora da diversidade e dos saberes dos vários atores sociais nele envolvidos. Para isto é importante revalorizar a concepção de educação que, desde os primórdios do SUS, vem sendo elemento dinamizador das experiências mais avançadas de atenção integral à saúde, onde o entusiasmo, a diversidade de propostas e o protagonismo dos moradores e de todos os profissionais eram marcantes. Em nome de um academicismo centrado na Europa e nos Estados Unidos, muitos têm desvalorizado Paulo Freire e supervalorizado outras pedagogias ativas e problematizadoras, referenciadas em autores estrangeiros, muito mais limitadas".

Texto de Eymard Mourão Vasconcelos

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

SEMINÁRIO UMA SOCIEDADE PARA TODAS AS IDADES

O Seminário Regional "Uma sociedade para todas as idades. Rompendo com a cultura do isolamento e segregação", ocorrido hoje no Sesc Nova Friburgo, teve através dos Terapeutas Comunitários Cristina, Liz e Marcelo Abdala, no Grupo de Trabalho " Intergeracionalidade e o Sócio-Educativo" a sugestão de incluir como ação, a Terapia Comunitária, onde a definiu como possibilidade de ser um espaço para a fala e escuta para as diversas gerações. Espaço este, que funciona como veículo de debate sobre as experiências de vida de cada um, fortalecendo a auto-estima e resgatando a identidade cultural. O que foi debatido e aprovado pelos grupos de trabalho estará disponível no site do Sesc no dia 31 de outubro. Maiores informações em breve.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

PÉROLAS NO SESC FRIBURGO: PRESENÇA NEGRA



O Sesc Friburgo realizará, de 8 de outubro a 16 de novembro, a exposição Pérolas, no âmbito das comemorações dos 120 anos da Lei Áurea. Montada com o acervo de imagens do Jornal do Commercio e o de áudio da Rádio Tupi, a exposição destacará algumas das mais importantes contribuições dos negros na formação da nacionalidade brasileira.
A exposição, no Sesc Friburgo , foi estruturada com base em quatro grandes portais, todos organizados de maneira a promover a interação do público com instrumentos musicais e imagens.



O primeiro exibe o som que veio da África, com os seus instrumentos; o segundo mostra os abolicionistas; o terceiro trata da Lei Áurea; e o quarto dá ao público exemplos, acompanhados de imagens e áudio, de artistas que representam verdadeiras pérolas da cultura brasileira, como Pixinguinha, Cartola, Elza Soares, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Jair Rodrigues e Roberto Ribeiro.


Visitação: Horário: das 09h00 as 17h00

Encontro Temático: Oh! Balancê, Balancê


Oficina de jogos de acolhimento e aquecimento com atores sociais em atividades comunitárias.

Orientação com a atriz, escritora e contadora de histórias Raquel Nader.

Local: SESC Nova Friburgo - Sala de Oficina
23 de outubro às 19 horas Valor: R$5,00 (carteira do SESC) e 10,00

Contato: heloisavianna@sescrio.org.br

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

CASA DA CURA - Projeto 4 Varas - Fortaleza - CE


"Na Casa da Cura, curandeiras treinadas em massoterapia pela UFC prestam os primeiros socorros para quem chega ao local com problemas ocasionados pelo estresse. Por ano, o núcleo atende a mais de 2 mil pessoas".

Fotos da Terapia Comunitária na Universidade Estácio de Sá - Santa Cruz - RJ - OUT/08





Fotos da Terapia Comunitária na Universidade Estácio de Sá - NF, na Semana do Psicólogo - AGO/08








Fotos do 2º Módulo da Formação em Terapia Comunitária - Agosto/08, NF


VÍDEOS SOBRE A TERAPIA COMUNITÁRIA

"Neste vídeo o MSMCBJ apresenta um pouco do trabalho que vem desenvolvendo na área de Terapia Comunitária. Terapeutas explicam o significado das atividades que praticam e oferecem depoimentos de como suas vidas se transformaram".


Fonte: http://www.msmcbj.org.br/ - Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim

"Neste vídeo você poderá conhecer um pouco mais sobre um dos projetos do MSMCBJ na área da criança e adolescente. O projeto Sim à Vida, Não às Drogas atua desde 1999 nas comunidades do Bom Jardim, evitando o primeiro contato das crianças e adolescentes com as drogas. São desenvolvidas atividades de arte, esporte e lazer. No vídeo você verá depoimentos de jovens que passaram pelo projeto."


Fonte: http://www.msmcbj.org.br/ - Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim


Matéria feita pela Globo News

"No Ceará, a terapia comunitária alcança todas as camadas da sociedade e virou programa de saúde pública. Hoje, este modelo de tratamento chega a todos os estados do Brasil e três países da Europa."

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM870365-7823-TERAPIA+COMUNITARIA,00.html



domingo, 12 de outubro de 2008

Fotos da Formação em Terapia Comunitária - Nova Friburgo - RJ










SÍMBOLO DA TERAPIA COMUNITÁRIA




A Filosofia da Aranha
"Certo dia, um cacique Tremembé da região de capim-açu município de Taperuaba, conhecido por patriarca, veio participar da terapia. Ele estava ali para tentar encontrar uma cura para o problema da tribo dele, que estava ameaçada de perder suas terras e vivia dividida por conflitos internos. Seu problema, obviamente, não poderia ser resolvido de imediato pela comunidade, pois estava em um outro nível, governamental. Dr. Adalberto, então, ofereceu-se para ir a sua tribo com alguns moradores e ver o que poderia ser feito. Chegando lá, pôde presenciar a Dança do Torém, uma dança típica dos índios que enaltece os animais, com os quais seus antepassados conviveram. E entre essas danças, havia a dança da aranha. Segundo os índios, a aranha é o animal preocupado em construir sua teia. A teia, que é a fonte de vida da aranha, é também o seu vínculo vital. Ela é a sua moradia, é o seu alimento, é o seu transporte. Deste encontro, as duas comunidades se beneficiaram. Os Tremembés decidiram se organizar em associação cooperativa e a comunidade de Quatro Varas adotou a aranha para ser o símbolo do projeto Quatro Varas. Procurou-se identificar os diversos vínculos da teia comunitária: O vínculo com a terra, permitiu implantar a Farmácia Viva; o vínculo com a cultura, o Ateliê de Arte e Terapia; o vínculo com as tradições, a Casa da Cura. Estendia-se desta maneira a rede da vida"

A TERAPIA COMUNITÁRIA

O que é a Terapia Comunitária?

"A Terapia Comunitária é um instrumento que nos permite construir redes sociais solidárias de promoção da vida e mobilizar os recursos e as competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades. Procura suscitar a dimensão terapêutica do próprio grupo valorizando a herança cultural dos nossos antepassados indígenas, africanos, europeus e orientais, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um.

É essa diversidade cultural que faz a grandeza deste País. Possibilitar a cada um agregar novos valores, é uma riqueza inestimável no processo de “empoderamento” e na construção da cidadania.

Enquanto muitos modelos centram suas atenções na patologia, nas relações individuais, privadas, a TC se propõe cuidar da saúde comunitária em espaços públicos. Propõe-se a valorizar a prevenção. Prevenir é, sobretudo, estimular o grupo a usar sua criatividade e construir seu presente e seu futuro a partir de seus próprios recursos.

A TC nos convida a uma mudança de olhar, de enfoque, sem querer desqualificar as contribuições de outras abordagens, mas ampliar seu ângulo de ação. Vejamos:

1. Ir além do unitário para atingir o comunitário. Com a globalização, surgiram novos desafios: drogas, estresse, violência, conflitos, insegurança, e a superação desses problemas já não pode ser mais obra exclusiva de um indivíduo, de um especialista, de um líder, e sim da coletividade. A própria comunidade que tem problemas, dispõe também de soluções e, por conseqüência, torna-se instância terapêutica no tratamento e prevenção de seus males.

2. Sair da dependência para a autonomia e a co-responsabilidade: modelos que geram dependência são entraves a todo desenvolvimento pessoal e comunitário. Estimular a autonomia é uma forma de estimular o crescimento pessoal e o desenvolvimento familiar e comunitário. A consciência de que as soluções para os problemas provêm da própria comunidade reforça a autoconfiança.

3. Ver além da carência para ressaltar a competência: o sofrimento vivenciado é uma grande fonte geradora de competência, que precisa ser valorizado e resgatado na própria comunidade, como uma forma de reconhecer o saber construído pela vida. Poder mobilizá-los no sentido da promoção de vínculos solidários é uma forma de consolidar a rede de apoio aos que vivem situações de conflitos e sofrimento psíquico.

4. Sair da verticalidade das relações para a horizontalidade. Esta circularidade deve permitir acolher, reconhecer e dar o suporte necessário a quem vive situações de sofrimento. Isso proporciona maior humanização das relações.

5. Da descrença na capacidade do outro para acreditar no potencial de cada um. O aprender coletivamente gera uma dinâmica de inclusão e empoderamento. Precisamos deixar de apenas pedir a adesão do outro às nossas propostas, para podermos estar a serviço das competências dos outros, sem negarmos a contribuição da ciência.

6. Ir além do privado para o público: A reflexão dos problemas sociais que atingem os indivíduos sai do campo privado para a partilha pública, coletiva, comunitária. A ênfase no trabalho de grupo, para que juntos partilhem problemas e soluções e possam funcionar como escudo protetor para os mais vulneráveis, são instrumentos de agregação e inserção social. Nós afirmamos que a solução está no coletivo e em suas interações, no compartilhar, nas identificações com o outro, no respeito às diferenças. Os profissionais devem ser parte desta construção. Ambos tiram benefícios. A comunidade gerando autonomia e inserção social e os profissionais se curando de seu “autismo institucional e profissional”, bem como de sua alienação universitária.

7. Romper com o clientelismo para chegarmos a cidadania: o indivíduo deixa de ser objeto passivo de intervenção para se tornar num parceiro ativo e sujeito de sua história.

8. Romper com o isolamento entre o “saber científico” e o “saber popular”, fazendo um esforço no sentido de se exigir um respeito mútuo entre as duas formas de saber, numa perspectiva complementar, sem rupturas com a tradição e sem negar as contribuições da ciência moderna.

9. Romper com o modelo que concentra a informação para fazê-la circular. Resgatar o capital sociocultural do grupo e torná-los co-autores das decisões e das políticas sociais.

A TC nasceu no Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC. Há 18 anos, este modelo tem sido desenvolvido pelo prof. Dr. Adalberto Barreto da UFC. Já foram formados pela Universidade Federal do Ceará, cerca de 7.000 terapeutas comunitários atuando em 23 estados brasileiros."

Adalberto Barreto(*)email: abarret1@matrix.com.br