quarta-feira, 1 de abril de 2009

Municípios apostam em ervas medicinais

FARMÁCIA QUE BROTA DA TERRA

Pitadas de ciência, colheradas de sabedoria popular e doses de tecnologia. Os bastidores do Programa Farmácia Verde, em Ipatinga, no Vale do Aço, a 210 quilômetros de Belo Horizonte, guardam fórmulas e segredos que contribuem para a qualidade de vida de pelo menos 36 mil moradores. A Secretaria Municipal de Saúde colhe os frutos de um programa baseado na fitoterapia desenvolvido há 15 anos, que conquistou milhares de adeptos. Plantas comuns, cultivadas em uma horta do município, se transformam em protagonistas para a cura de várias moléstias.Se depender dos poderes medicinais de ervas como arnica, alfavaca, camomila e espinheira-santa, a saúde da população está garantida. No viveiro municipal são cultivadas 45 plantas paran serem transformadas em medicamentos. No espaço, foi construído também um prédio no qual a matéria-prima é manipulada. A supervisora e responsável técnica pela Farmácia Verde, Dilvânia Recorde Batista, formada em farmácia e especialista em bioquímica, afirma que são produzidos, por ano, 75 mil vidros de tinturas – conhecidas popularmente como extratos –, além de 700 quilos de cremes e pomadas medicinais. “O interessante desse trabalho é que a Farmácia Verde harmoniza o conhecimento popular com o científico”, afirma Dilvânia.Ela explica que o trabalho começa no viveiro, onde jardineiros da prefeitura fazem a coleta. Em seguida, as ervas são lavadas e desidratadas. “Fazemos tudo aqui mesmo. Os insumos são manipulados, adequamos a concentração dos princípios ativos e fracionamos as substância em cremes, pomadas e tinturas. Com tudo pronto, o material é encaminhado às 19 unidades básicas de saúde da cidade e distribuído aos pacientes por meio do SUS”, explica a supervisora. Dilvânia acrescenta que, para prescrever os medicamentos, os médicos passam por um curso e são treinados para orientar os pacientes. “O profissional não é obrigado a receitar apenas remédios fitoterápicos. Mas percebemos que, a cada dia, a adesão dos médicos aumenta e profissionais fora da rede pública começam a adotar a terapia pelas plantas. Além disso, promovemos palestras educativas para estudantes, grupos de hipertensos e diabéticos”, afirma. A interação com a população é tamanha que, quando há surtos de piolhos em creches e asilos, a primeria opção é usar os produtos manipulados pelo Farmácia Verde.O investimento do Ministério da Saúde no estudo de ervas brasileiras é destacado por Dilvânia. “Infelizmente, as pesquisas sobre as plantas medicinais no país ainda não estão completas. Para se ter uma idéia, o estudo de apenas uma espécie vegetal dura, em média, 12 anos. Mesmo assim, o governo prevê que podemos transformar em fitoterápicos as plantas que já são usadas tradicionalmente pela população”, assegura a bioquímica.Ela diz que há muitas vantagens no uso da fitoterapia. “O uso de plantas é um agregador de valores, ao contrário dos remédios sintéticos. Tem caráter de doação e também cria-se um vínculo com a comunidade. O efeito tóxico é menor para o paciente, além de ser mais econômico para o município”, observa a supervisora.
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