terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A terapia comunitária como ferramenta de inclusão social

Nos dias de hoje, muito se ouve falar sobre inclusão social. Para quem, como eu, tem estudado a marginalidade social desde pontos de vista sociológicos, o conceito de inclusão social remete a uma integração de setores marginalizados no quadro da estrutura social vigente.

No contexto destas breves reflexões que hoje quero partilhar com vocês, a inclusão social tem um aspecto de integração da personalidade e integração na sociedade.

Nas rodas da terapia comunitária, que é chamada de integrativa e sistêmica, as pessoas passam a perceber a unidade das suas vidas, o fio condutor que costura, unificando, os fatos primeiros e derradeiros das suas vidas. Isto ocorre de várias formas.

A história pessoal de cada um e de cada uma vem a tona, e se emparenta com as histórias de vida dos outros presentes. A saída da roça ou da cidade pequena para a grande cidade, para a periferia urbana, com a conseqüente sensação de perda de identidade, são sentimentos comuns aos migrantes no Brasil e em qualquer parte do mundo.

Mudam os costumes, deixo de ser alguém inserido numa trama de relações habituais, para passar a ser algo estranho, um desenraizado, uma alma penada, como diz Adalberto Barreto em “As dores da alma dos excluídos no Brasil”. Quando passo a fazer parte da roda da terapia, começa a se costurar a minha própria história, ela ganha coerência e consistência. Já não sou mais um João ninguém.

Outros pronunciam meu nome uma vez à semana, ao menos. São lembrados os aniversários, canta-se e dança-se juntos. Muitas donas de casa que não saiam das suas casas, vêem outras pessoas, sorriem, encontram um sentido maior no seu viver, do que meramente atenderem marido e filhos que, muitas vezes, tem suas próprias vidas à margem da delas.

Aposentados que apenas viviam à espera da morte, recuperam a alegria de viver, brincam, contam chistes, dançam nas rodas e entoam orações com crianças, com jovens, com estudantes e doutores da universidade e técnicos em saúde, agentes comunitários, etc. A integração funciona para todos, para os de baixo e os do meio, na verdade, uns e outros geram uma mandala giratória, em que ninguém sabe quem é o outro.

Apenas um igual, alguém que como eu se perdeu ou se perde ainda, e se reencontra. Assim, a inclusão funciona para dentro e para fora da pessoa. Eu me incluo na medida em que me sinto incluído numa história comum, numa fala comum em que me reconheço. Neste sentido, inclusão e integração, funcionam quase como sinônimos.

Os estudantes e doutores, médicos e professores, por sua vez, quebram a barreira do isolamento que a educação superior produz com freqüência, e se redescobrem gente, apenas gente. Nestas rodas, se processam momentos de encontro das pessoas consigo mesmas, motivo pelo qual pode se dizer, como conclusão destas breves considerações, que a terapia comunitária é uma ferramenta de inclusão social.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Autoconhecimento

Conheça a você mesmo, dizem que estava escrito no pórtico do Oráculo de Delfos. Muitas vezes ao longo da vida, somos levados a acumularmos saber sobre outros, sobre outras coisas, sobre coisas que não dizem respeito ao saber de si, ao saber sobre nós mesmos. Quem conhece os demais é inteligente, diz o Tão Te King, o livro chinês escrito por Lao Tsé, quem conhece a si mesmo é sábio. O saber de nós mesmos nos remete para o singular, para essa individualidade única e irrepetível que somos cada um de nós. Quando eu me conheço, separo o que não se me aplica, e fico com o que é meu. Sempre deverei estar fazendo isto, pois estarei cercado, como estive até aqui, ao longo da minha vida, de gente que dizia e diz saber muito de mim, sem saber. Quando começo a me conhecer, como diz o aforisma oracular citado no começo destas linhas, começo a respirar fundo, me defronto com uma realidade singular, esta do ser que eu sou. Eu não sou um ser genérico, nem você é. Ninguém é um ser genérico, somos todos criaturas únicas e singulares, irrepetíveis. No entanto, funcionamos como se devêssemos constantemente obedecer a padrões alheios, externos, que não se aplicam a nós mesmos, pois são fruto de generalizações. Um escritor escreve o script da sua própria vida. Nos seus escritos, ele ou ela vai se tornando o artífice dos seus próprios atos, do seu próprio ser, quu vai se revelando nos seus dizeres, nas palavras que dele ou dela saem. Assim, aos poucos, ele ou ela, vão se tornando cada vez mais quem são, esse ser sem irrepetível que cada um de nós é. Então, você ira sabendo como é sua forma de pensar, e não a que lhe dizeram que você tinha. Você ira sabendo o que quer, e não o que cria querer. Aos poucos, muito lenta mas claramente, de forma muito definida, você irá jogando fora o que não lhe pertence, para ficar com aquilo único que sempre lhe pertenceu.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Terapia Comunitária na dependência dos Benzodiazepínicos: experiência do NASF Céu Azul-Camaragibe, PE

Jandira Saraiva*

Gostaria de informar, relatar, as experiências que estão acontecendo no município de Camaragibe (PE), todas ligadas ao Territorio III, sob a supervisão do NASF Céu Azul, desde julho de 2009. Estamos implantando, através das Unidades de PSF, grupos de usuários dependentes de Benzodiazepínicos (Há pessoas que usam há mais de 25 anos...), com utilização da Terapia Comunitária e sua filosofia.

Introduzir idéias novas, que vão requerer a participação dos comunitários no próprio tratamento, saindo do lugar passivo, de apenas tomadores de remédios da tarja preta, como se fossem "Mágicos", é um grande desafio. Significa, como propõe a TC, ir paulatinamente oferecendo espaço de acolhimento e principalmente de "escuta" respeitosa, interessada, atenta, permitindo a compreensão dentro de cada um, de que eles podem usar as palavras, o falar, para não deixar o corpo falar por eles, doentemente.

É um trabalho lento, pois implica em mudanças de posturas, de visão do mundo, de reconhecimento de qualidades, e que nem sempre é necessario ter " o anel" para coordenar um grupo,já que todos têm condições de trocar,de ensinar e aprender.

Notamos pequenas mudanças, já: o medo de ficar sem o medicamento caiu bastante; a consciência de que há alternativas, como a fitoterapia e exercícios, se mostra presente. E, o que consideramos fundamental, evidencia-se: a gradativa conscientização de que as mudanças devem também partir dos usuários; a confiança em que há caminhos na propia comunidade; a cooperação das Igrejas Evangelicas e Católicas, faltando ainda os Centros Kardecistas.

Mas isso ainda é pouco, face a multiplicidade dos problemas detectados, entre eles: abuso sexual, violência domestica, gravidez precoce etc. Assim pensando, o NASF III está articulando uma reunião entre o Ministerio Publico (Dr GilbertoLúcio, MP-PE e ABEAD) e a Promotora de Camaragibe, com a intenção de reciclar os conselheiros e dar-lhe a consciência de sua missão.

Todos esse fatos e buscas, estão ligadas à TC, à filosofia que a norteia, à pratica das dinâmicas e ao favorecimento da integração de diferentes colaboradores, que ela permite e que muito nos cativa.

O desejo de que outras experiências deste tipo possam surgir já, nos motiva a divulgar este informe sobre os primeiros meses do nosso trabalho, firmando o compromisso de seguir divulgando seus passos.

*Jandira Saraiva - Psiquiatra, Nasf III, Camaragibe PE; Terapeuta Comunitária (SENAD, 2006)"

sábado, 23 de janeiro de 2010

Rodas de Terapia Comunitária em Fortaleza - CE

* MOVIMENTO DE SAUDE MENTAL COMUNITARIA DO BOM JARDIM

Segundas-feiras

TC no Conjunto Esperança, às 9 horas
Endereço: Rua 103 - Casa do Idoso - Conj. Esperança
Contato: José Luciano Teófilo (conj. Esperança)

Terças-feiras

TC no Espaço de Promoção à Vida Patativa do Assaré, às 19:30 horas.
Endereço: R. Jari, 137, Siqueira

TC na Palhoça do Movimento, às 14:30 horas.
Endereço: R. Fernando Augusto, 985, Santo Amaro

Contato: Respectivamente: Anete, Regina e Maria; Lindalva, Neiliane, Isabel e Francisco

Quartas-feiras

TC no CAPS, às 13:30 horas
Endereço: Rua Bom Jesus, 940 - Sto Amaro

TC no Posto de Saúde Edmilson Pinheiro, às 14:30 horas
Endereço: Associação Crescer Juntos - R. Carpina, 358, Jurema
De 15 em 15 dias

TC na Oca da Granja Portugal, às 13:30 horas

TC no Bom Sucesso, às 14 horas

Contato: Respectivamente: Lindalva e Rosélia; Andria; João Melo; Isabel e Maura

Quintas-feiras

TC do Posto de Saúde Edmilson Pinheiro, às 14:30 horas.
Endereço: Associação Crescer Juntos - R. Carpina, 358, Jurema
Obs: temporariamente interrompido

TC no Salão Comunitário da Igreja Católica do Jardim Jatobá, às 19 horas.
Endereço: R. São Francisco, 1807, Jardim Jatobá

TC na Oca da Granja Portugal, às 14 horas
Para Adolescentes

Contato: Andria Lindalva, Eva e Arilene Chavier


Sextas-feiras

TC NO Espaço de Promoção à Vida Patativa do Assaré, às 17 horas.
Endereço: R. Jari, 137. Siqueira

Contato: Lindalva e Flávia

Sábado

TC no Salão Comunitário da Igreja Católica da Comunidade Belém, às 15 horas
Endereço: R. Nereide 300, Belém.

Contato: Ana Virgínia e Francisco

* CENTRO DE ESTUDOS DA FAMÍLIA

Terapia Comunitária / Resgate da autoestima / massoterapia

Endereço: Rua Monselhor Salazar, 352 – São João do Tauape
Contato: (85) 3272.1499

* PROJETO 4 VARAS

Terapia Comunitária - quintas-feiras ás 14:30
Terapia do Resgate da autoestima – quintas-feiras às 8:30
Massoterapia – 2ª a 6ª feira.

Endereço: Rua Profeta Isaias, 456 Pirambu
Contato: 3228.3848

* C.S.U. Aloísio Ximenes

Terapia Comunitária - sextas-feiras ás 14h
Terapia do Resgate da autoestima – sextas-feiras às 8h:30

Endereço: Rua Dom Lino, 1000 Parquelandia
Contato: 3433-2566

* C.S FC FCO. PEREIRA DE ALMEIRA

Terapia Comunitária - terças-feiras ás 14h

Endereço: Rua Chile (esquina com rua paraguai) – Bela Vista
Contato: 34332537

* UBSF ELIEZER STUDART

Terapia Comunitária – segundas-feiras ás 15h
Terapia Comunitária – quintas-feiras ás 9h

Endereço: Tomaz Cavalcante, 545 Autran Nunes
Contato: 3488-3259

* CS GEORGE BENEVIDES

Terapia Comunitária - segundas-feiras ás 15h
Terapia Comunitária - quintas-feiras ás 9h

Endereço: Rua Pio Saraiva, 166 – Q. Cunha
Contato: 3105.1088

http://mitco-nf.blogspot.com

Movimento Integrado de Terapia COmunitária

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A força da comunidade...realmente a união faz a força

Eis aqui um trabalho que reflete a força da comunidade num projeto elaborado por um grupo em Pernambuco

PROJETO MUNICÍPIOS SAUDAVEIS - Manual do Método Bambu


ORGANIZADORES DO MANUAL DO MÉTODO BAMBU
Ronice Franco de Sá
Janete Arruda Araújo
Maria do Socorro Machado Freire
Rosane Senna Salles
Junko Chuma
Harumi Royama
Motoyuki Yuasa
Saeko Yamamoto
Abel Menezes Filho
Revisão de Texto
Maria do Socorro Machado Freire
Janete Arruda Araújo
Ronice Franco de Sá
Rosane Senna Salles
Projeto Pedagógico
Alice Miriam Happ Botler
Projeto Gráfico
Gerson Flávio
Karine Raquel
Ilustrações
Marcelo Figueiredo
Direitos Autorais / 2007
Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social - NUSP/UFPE
Av. Prof. Moraes Rego, s/n - Hospital das Clínicas, 4º andar - Bloco E
Cidade Universitária - CEP. 50.670-901
Recife - PE - Brasil
Fone: (81) 2126.8552
E-mail: nusp@ufpe.br
Site: www.nusp.ufpe.br
Page 5
1 Apresentação: Bem Vindo ao Manual do Método Bambu!
5
Considerações prévias
6
2 Introdução ao Método Bambu
7
2.1 O que é o Método Bambu?
8
2.2 Qual o objetivo do Método Bambu?
9
2.3 Quais os fundamentos do Método Bambu?
9
3 O Facilitador
11
3.1 O que é preciso para ser facilitador?
11
3.2 Bases para começar a organizar o trabalho
11
3.3 Construindo relações saudáveis
12
4 Praticando o Método: a Oficina Bambu
14
4.1 As oficinas
14
4.2 O planejamento do faciltador: passo a passo
15
4.3 Uma experiência de oficina
23
5 Considerações a respeito do acompanhamento e da avaliação
26
6 Sugestões de leituras
Referências consultadas
Apêndice
Anexos
Page 6
AGRADECIMENTOS
Agradecemos às comunidades, prefeitos, gestores, supervisores e
facilitadores do Projeto Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil
de Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Félix, Sairé e
São Joaquim do Monte.
Juntos fomos capazes de construir esse método e juntos devemos
difundi-lo, acreditando e investindo no seu êxito.
“Não é no silêncio que os homens se fazem,
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”
(Paulo Freire, 1987)
Page 7
Este manual pretende orientar facilitadores das
comunidades a mobilizarem democraticamente seus
grupos de referência, com vistas a identificarem
valores particulares por meio da criatividade e do
talento individual e coletivo em busca da
autovalorização do grupo social.
Organizado de forma a orientar lideranças, trata desde
o relacionamento com as pessoas da comunidade até
a organização do trabalho.
Explica o que é o método, orienta o facilitador a
respeito das características de liderança participativa,
guia o trabalho a ser desenvolvido nas oficinas e
encaminha para a avaliação das atividades
realizadas.
Page 8
Municípios saudáveis - é uma filosofia e uma
estratégia política que prioriza a promoção da saúde
dos cidadãos com uma visão ampla de qualidade de
vida. Uma cidade saudável é aquela que coloca em
prática, de modo contínuo, a melhoria de seu meio
ambiente físico e social, utilizando todos os recursos
de sua comunidade. Fundamenta-se na ação
intersetorial e na participação social.
Promoção da saúde - é uma estratégia para melhorar
a qualidade de vida da população através de uma ação
comum entre vários setores. Promove a gestão
compartilhada entre os usuários, movimentos sociais
e trabalhadores de diversos setores, produzindo
autonomia e co-responsabilidade. A promoção da
saúde tem um campo de visãointegral.
Metodologia afirmativa -é uma metodologia que visa
a ampliação da participação social por meio das
potencialidades e da promoção da auto-estima das
pessoas, buscando transformar a realidade através do
desenvolvimento de ações afirmativas.
Empoderamento - é quando a pessoa se informa,
reflete e torna-se consciente de sua própria condição,
do seu poder, esclarece para si mesma as mudanças
que deseja em sua vida e as condições necessárias
para realizar estas transformações. Isso significa que
a pessoa muda de atitude em busca das modificações
desejadas. Empoderamento é um movimento que
acontece a partir da pessoa, internamente, como
conquista de seu poder pessoal e é manifestado
externamente, no coletivo.
A participação - é uma prática social que traz
resultados para a formação e transformação dos
indivíduos e das coletividades. Ela permite diferenciar
as origens e destinos das pessoas identificando
talentos e esforços, motivando-as a seguirem novos
rumos.
Quando a troca de saberes é democrática, ela valoriza
as habilidades e o potencial de cada um e leva um
grupo ou comunidade a criar novas formas de
convivência mais saudáveis e proveitosas para todos.
Assim, fortalece as potencialidades da comunidade e
amplia sua capacidade de ação por meio da
participação de todos.
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ser preenchido. Os caminhos
são imprevisíveis e a
criatividade é antes de tudo
improviso. Por isso é preciso
Métodos são sugestões de
caminhos, roteiros para
orientar ações. Não temos
uma fórmula, mas um
esboço, um roteiro de
valores éticos, teóricos e
artísticos. Forma não é
fôrma, um molde pronto a
rir das certezas e verdades absolutas,
dos modelos prontos e acabados.
O Método Bambu é um meio para impulsionar as
potencialidades de uma comunidade, visando o seu
fortalecimento e transformação. Consiste em se
imaginar e buscar a plenitude da vida, fazendo de todo
lugar um lar. Tudo começa a partir de experiências que
já tiveram êxito nas ações de uma comunidade, para
reforçar e ampliar o poder do coletivo, através da
criatividade e do talento de cada indivíduo, fazendo
florescer a vida no dia-a-dia; une o sentimento de
pertencimento a um território e a cidadania, a
convivência amorosa do grupo e a autonomia de cada
pessoa.
O bambu é uma metáfora: seu crescimento é quase
imperceptível, gradativo, persistente, acrescentando,
a cada vez, outros nós; sua mensagem é a modéstia e
a flexibilidade: ao vento forte verga, mas não quebra;
por sua semelhança com a coluna vertebral ereta
aponta para a dignidade humana; afirma que um pode
ser muitos: é arco e flecha, anzol, vela e barco, papel,
roupa, alimento e combustível, parede, teto, chão,
porta, estante, mesa, cadeira, ponte... Contudo, além
de ser uma metáfora é um símbolo que se encarna, na
medida em que é plantado e cuidado pelo grupo, em
cada comunidade, para aumentar a sua coesão, co-
responsabilidade e eficácia simbólica.
Page 10
?
O Método Bambu é a base do Projeto Municípios
Saudáveis no Nordeste do Brasil, que estimula a
inclusão social e o fortalecimento das
potencialidades locais,
o
desenvolvimento sustentável para melhorar a
qualidade de vida da população.
?
É um instrumento para dar vida às possibilidades da
comunidade a partir do que há de bom, valorizando o
poder do grupo através da criatividade e do talento de
cada pessoa.
incentivando
“É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao
mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar
ao chão” (Covey)
O Método Bambu não nega, nem foge de problemas
ou carências, mas não começa por eles. Sendo
um meio afirmativo, primeiro aumenta o poder do
coletivo, recordando os pontos fortes das
comunidades e suas experiências bem sucedidas
quando agiram em conjunto. Começa com ações
simples, de interesse coletivo e de realização rápida.
(Texto retirado na integra
de Menezes, Franco de Sá
e Freire, 2006, p. 53).
Page 11
O Método Bambu pretende melhorar a qualidade de
vida das pessoas por meio da estimulação à
participação e busca da autonomia. Pretende
impulsionar o fortalecimento e desenvolver as
potencialidades das comunidades por meio da troca
de saberes. Promove a saúde em um ambiente social
de desenvolvimento e solidariedade.
?
social.
?
Trabalha com uma metodologia afirmativa, isto é,
rompe com a imobilização porque reconhece as
diferenças individuais e se baseia na afirmação de
O Método Bambu se preocupa com a mudança
Page 12
uma identidade do grupo, valorizando o potencial de
cada pessoa e da comunidade. Tem uma visão
positiva do presente e do futuro.
?
Tem como base o sentimento de pertencimento
comunitário e valoriza a participação, a idéia de que
todos fazem parte e, por isso mesmo cuidam da
comunidade.
?
Valoriza o poder do coletivo, a solidariedade, a
autonomia e a convivência ética dos indivíduos e dos
grupos.
?
Começa com atividades mais simples e vai até as
mais complexas, levando em conta a pessoa como
um todo e a união do grupo.
?
Bambu afirma o valor da vida como caminho
?
Autonomia e convivência amorosa do grupo
?
Movendo-se em espiral cuida do mundo em cada local
?
Baseando-se no poder do coletivo no dia-a-dia
?
Unindo território e cidadania
Page 13
a. O facilitador é um líder que tem a responsabilidade
de motivar e guiar todos as atividades da oficina,
estimulando o desenvolvimento das habilidades de
cada um dos participantes.
b. Ele é um educador e tem a facilidade de ouvir e ser
ouvido, de ser visto pelo grupo como uma pessoa de
referência, por seus modos de pensar e agir, por sua
conduta no dia-a-dia.
c. Ele é responsável pelo desenvolvimento pessoal e
pela comunicação, já que no processo de
aprendizagem colaborativa há interferência dos
aspectos afetivo e emocional, além do conhecimento e
da inteligência.
d. O facilitador deve estar motivado a trabalhar com
metodologias participativas e com a realização de
mudanças na comunidade.
e. O facilitador é um voluntário na construção dos
municípios saudáveis.
A idéia é de que os laços do grupo sejam contínuos e
que os participantes sejam respeitados em suas
características integrais, com suas emoções e
sentimentos, o que permite criar laços de confiança
entre o facilitador e os participantes.
Para desenvolver um bom trabalho de grupo, é
importante estabelecer boas relações de convivência,
com:
Respeito: mesmo que o facilitador não concorde com
tudo o que é dito, ele deve ouvir e respeitar as opiniões
diferentes;
Compreensão: respeitar as pessoas como elas são,
com suas características especiais, com suas
limitações e necessidades individuais;
Cooperação: é a chave do bom desempenho, já que
quando todos têm um mesmo objetivo, se obtém
melhores resultados e benefícios;
Comunicação: É um processo pelo qual transmitimos
Page 14
e recebemos informações, opiniões, idéias e atitudes,
levando a uma melhor compreensão. É muito
importante ter clareza sobre o que se pretende na
oficina, trazer para os participantes os objetivos de
cada momento e se certificar de que todos
entenderam o que vão fazer a partir daquele encontro.
Gentileza: Ser amável e gentil facilita o entendimento,
permitindo trabalhar em harmonia e colaboração. A
cortesia custa pouco e vale muito.
Música: Coloque música tranqüila enquanto se
desenvolvem as atividades, porque ajuda a soltar a
imaginação.
O bom facilitador é aquele que primeiro pergunta
e escuta as diferentes opiniões e maneiras de
pensar e, depois, se posiciona; assim, ele
estimula as pessoas a pensar e a participar.
·
·
Gentileza (gera gentileza)
·
Entusiasmo (cheio de Deus)
·
Coragem (a força do coração)
·
Humildade
·
Generosidade
·
Solidariedade
·
Compaixão
·
Amor
·
Fala (o modo, o tom, a altura, a atenção, o
saber ouvir)
Bom humor e leveza (alegria de viver)
·
Chamar cada um pelo seu nome
·
Sentir prazer em estar com as pessoas
·
Ser generoso ao ressaltar as boas qualidades
e cuidadoso ao criticar
·
Encontrar aspectos de valor na opinião das
pessoas, ainda que discorde de algumas
idéias: deve encontrar um meio termo entre a
sua posição e a dos demais
·
Encaminhar a discussão para o tema, quando
alguém relacionar fatos a nomes particulares
·
Garantir o direito e a liberdade dos
participantes, inclusive assegurando que
todas as opiniões sejam respeitadas e não
comentadas fora do contexto do grupo.
Page 15
Uma boa conversa é a melhor base para
conseguir bons resultados e deve ser apoiada
no respeito às opiniões dos outros.
O diálogo acontece entre duas ou mais
pessoas e nos permite também aprender.
Ninguém deve ser pressionado a falar se
não quiser.
Ao escutar alguém, preste atenção não
apenas em suas palavras, mas também em
sua expressão, nos seus olhos, nos
movimentos do seu corpo: eles podem
estar dizendo algo.
Não interrompa alguém que está
participando: espere o momento certo
para fazer sua intervenção.
Se não entender algo ou tiver alguma
dúvida, peça que repitam o que disseram:
assim as pessoas ficam à vontade para se
manifestarem quando também tiverem
dúvidas.
Escutar é muito mais do que captar sons, é
entender o que se diz, interiorizar,
compreender e traduzir com algum tipo de
resposta (uma ação, uma exclamação, um
sentimento).
Page 16
?
a comunidade e para fazer com que pessoas
isoladas se transformem em um grupo com objetivos
comuns e com mais força.
?
Força significa estimular cada um a governar a si
mesmo com consciência e implica conquista por
parte do sujeito, ou seja, a força não é dada a alguém,
ela é conquistada por cada um, seja no trabalho, seja
na vida pessoal.
?
As oficinas têm caráter voluntário, ou seja,
dependem da vontade das pessoas de participarem
do grupo. Por isso mesmo, a maneira como o
facilitador vai chegar para convidar e se relacionar é
muito importante para que as pessoas queiram
participar.
?
?
?
Comunidade traz as idéias de aconchego e
segurança. Todos nós gostamos de conviver bem
com pessoas amigas! Todos nós gostamos de ajudar
e de sermos ajudados quando precisamos! Todos
nós buscamos a felicidade!
As oficinas são encontros de grupos para trabalhar
(Em Sugestões de Leituras há mais
informações a respeito de Voluntariado)
A quantidade ideal é entre 8 a 15 participantes para
cada oficina.
As oficinas são uma maneira de organizar o grupo
em função de um trabalho para melhorar a qualidade
de vida de toda a vizinhança e para ter uma
convivência saudável e feliz.
Page 17
1º momento: Semeando o Bambu
(Pré-oficina)
Mobilizar e reunir o grupo na comunidade
·
Planejar a data, local e hora;
·
Convidar a comunidade;
·
Escolher uma dinâmica de convivência
·
Preparar o material necessário sugerido nesse
passo a passo.
(ver
sugestões no Apêndice);
Sugestão de convite
- Oi, Seu João, tudo bem? Eu tô tentando
organizar o pessoal aqui da comunidade pra
gente conseguir algumas melhorias. O senhor
quer vir? A reunião vai ser dia ...
no ... (lugar), às .... Horas.
2º momento: Começando a conversa
·
Solicitar a auto-apresentação dos
participantes.
·
Apresentar o roteiro da oficina (objetivo, tempo
e atividades).
Page 18
3º momento: Apresentando o projeto
·
Falar sobre o Projeto Municípios Saudáveis no
Nordeste do Brasil (simbolismo, filosofia,
objetivo e metodologia) e sobre o Método
Bambu e a Promoção da Saúde.
o Para explicar, você pode precisar da
ajuda de alguns cartazes, além das
informações que já leu.
o É importante também passar uma lista
de presença e registrar tudo o que foi
conversado para funcionar como
memória do grupo e, de vez em quando,
tirar dúvidas sobre o que foi decidido em
oficinas anteriores. (Ver sugestão no
Apêndice )
4º momento: Identificando as
potencialidades da comunidade
Identificar os pontos fortes da comunidade e suas
experiências positivas quando agiram em conjunto
para o bem comum.
·
Perguntar se alguém lembra de experiências
positivas da comunidade, identificando seus
pontos fortes;
·
Registrar em painel para visualização do grupo.
o Você pode usar papel madeira e pincel
atômico.
- Vamos pensar nas coisas boas que já fizemos
em conjunto e que deram certo?
·
Aplicar a dinâmica que você escolheu para
estimular uma boa convivência e fortalecer a
auto-estima, autonomia e os laços afetivos
entre as pessoas.
·
Estabelecer regras de convivência com o grupo
de forma a garantir o tempo de fala de cada um.
o Você pode utilizar música, papel, tinta e
outros materiais.
Quadro das experiências positivas
Experiências
Potencialidades
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
-----------------------------
Page 19
5º momento: Desejando e Criando
Descrever a realidade desejada para a
comunidade
·
Pedir que todos descrevam a comunidade
desejada para ter uma boa qualidade de vida.
(desejos, sonhos, idéias);
o Você pode usar papel madeira e pincel
atômico para registrar tudo.
·
Após o registro da comunidade desejada
buscar uma idéia comum a todos que sintetize a
comunidade desejada e transformá-la numa
frase.
6º momento: Fazendo juntos e elaborando
uma escala de prioridades
Este é o momento para definir os objetivos para
atingir a comunidade desejada.
Perguntar o que podem fazer em conjunto para
melhorar a vida.
Partindo do que temos hoje, o que podemos fazer
de mais simples, agindo juntos, para melhorar
nossas vidas?
Partindo do que temos...
1) ----------------------------
2) -----------------------------
3) -----------------------------
4) -----------------------------
-----------------------------
5)
Comunidade desejada
----------------------------
-----------------------------
---
-----------------------------
-----------------------------
--------------------------
- Como a gente imagina a
comunidade desejada?
Page 20
o Afixar o papel madeira e ir escrevendo
uma lista de objetivos conforme as
idéias das pessoas.
Elaborar uma escala de prioridades
Após construção da lista de objetivos vamos tomar
cada um desses objetivos e classificá-los de forma a
identificar quais os prioritários.
Para tanto, utiliza-se dois critérios: interesse e tempo
·
As bolas vão significar o interesse (conforme o
tamanho das bolas), o tempo (conforme as
cores)
Interesse: atender a vontade da comunidade.
Bola grande: significa que há interesse da maioria da
comunidade,
Bola média: interesse de alguns da comunidade;
Bola pequena: interesse de poucas pessoas da
comunidade.
Tempo: atender a capacidade do grupo em realizar
juntos, com os recursos existentes das ações mais
simples as mais complexas.
Bolas verdes: significam que, para realizar a ação,
precisa de pouco tempo.
Bolas rosas: significam que, para realizar a ação,
precisa de muito tempo.
·
Recortar bolas de duas cores de cartolina em
três tamanhos diferentes (ex: pequenas,
médias, grandes / verde e rosa);
Para Elaborar uma escala de prioridades pergunte
sobre cada objetivo:
Você vai precisar de duas folhas de papel madeira e
pincel atômico, uma para listar os objetivos e outra para
fazer o mapa, além de cartolinas de duas cores.
- Este objetivo é de interesse da maioria, de
alguns ou de poucos da comunidade?
- Quanto tempo precisamos para atingi-lo? Pouco
tempo ou muito tempo?
Page 21
1. Vamos escolher que atividades escrever em cada bola !!!
Verde
Verde
Verde
Rosa
Rosa
Rosa
Interesse de
muita gente
Interesse de
pouca gente
Tem
po
Pouco
tempo
Interesse
Muito
tempo
2.Vamos escolher onde colocar !
·
Para cada objetivo escrito no papel madeira, os
participantes vão dizer o grau de interesse de
cada objetivo e o tempo necessário para realizá-
lo. Assim será feita a escolha da bola adequada
para escrever o objetivo.
Comunidade
No centro do quadrado
colocamos as bolas com as
atividades que podem ser
realizadas apenas com a força
da comunidade.
Aqui (fora do quadrado)
colocamos as bolas com as
atividades que podem ser
feitas com a ajuda externa.
Page 22
7º momento: Elaborando o Mapa das
prioridades
Qual dessas ações é mais simples e o que é
mais fácil começar a fazer atendendo ao desejo
da maioria?
Análise das prioridades e escolha dos objetivos mais
simples
·
Construir aos poucos o mapa, dispondo as
bolas com os objetivos em um quadrado
grande desenhado em uma cartolina ou papel
madeira. Perguntar ao grupo, para cada bola
que contém uma ação desejada, qual a
capacidade de realização daquela ação pela
própria comunidade.
·
Colar a bola no centro significa que a ação pode
ser feita com as pessoas e os recursos da
própria comunidade;
·
Colar a bola distante do centro significa que a
ação para ser realizada depende de pessoas e
recursos de fora da comunidade;
o Ao final deste momento, vai ter um mapa
de prioridades como este, com objetivos
definidos.
Viabilidade:
·Dentro do quadrado
(fácil de realizar,
depende só da
comunidade)
·No limite do quadrado
pequeno (depende da
comunidade, mas
precisa falar com
outros)
·Fora do quadrado
(depende de terceiros).
Mapa das prioridades
Page 23
8º momento: Planejando as atividades
Escolher objetivos mais centrais do mapa de
prioridades e definir as responsabilidades e o
detalhamento das ações para atingir cada objetivo
(trabalhar 3 ou mais objetivos).
·
Elaborar um plano de ação, conforme o quadro
abaixo:
Objetivo: __________________________________________________
Atividade Responsável Participantes Quando Como Onde Observações
1
2
3
4
·
Verificar se todos entenderam o que devem
fazer
-Vamos começar a organizar o que vamos fazer e
quem vai fazer cada coisa?
9º momento: Avaliando a oficina (os
participantes avaliam)
Análise
·
Avaliar logística, objetivos, planejamento,
metodologia e condução, olhar e satisfação
dos participantes
·
Marcar o próximo encontro.
·
Terminar a oficina com palavras de
motivação.
(ver roteiro de avaliação da
oficina no Apêndice).
o Ao final deste momento, teremos um
registro da reunião e da avaliação
- Vamos marcar o próximo encontro para avaliar o
andamento das atividades e planejar novas
ações?
1
·
Realizar reuniões periódicas para acompanhar
0º momento: Acompanhando e apoiando
Acompanhar o desenvolvimento das ações
Page 24
o andamento das atividades e planejar novas
ações.
·
Perguntar se as atividades foram realizadas
conforme o que foi planejado: em caso positivo,
perguntar se as próximas atividades estão
sendo planejadas e realizadas; em caso
negativo, verificar porque não foram realizadas
(ao final do manual você tem um roteiro de
monitoramento das atividades).
Podemos resumir este passo a passo da seguinte maneira:
A previsão de duração de cada oficina é de, aproximadamente, três horas.
Objetivo
Atividade
Quem
Materiais
Tempo
aproximado
Aproximar
pessoas
Acolhimento
(momento 2)
Música e
jogos
15 minutos
Esclarecer os
objetivos do
encontro e da
proposta
Diálogo
(momento 3)
5 minutos
Identificar
potencialidades
e sonhos
Relatos e
Diálogos
(momentos 4 e 5)
Papel
madeira e
pincel
atômico
30 minutos
Organizar os
objetivos e
prioridades
- Partindo do que temos
hoje, o que podemos
Fazer de mais simples,
agindo juntos, para
melhorar nossas vidas?
Mapa das
prioridades
(momentos 6 e 7)
Papel
madeira,
pincel
atômico,
cartolinas
verde e rosa
60 minutos
Definir ações
Elaboração do
plano de ações
(momento 8)
Roteiro do
plano de ação
40 minutos
Analisar o que
foi realizado
Avaliação e
monitoramento
(momentos 9 e 10)
Facilitador
coordena e o
grupo realiza
Roteiro de
avaliação
20 minutos
Page 25
No dia marcado, um grande
grupo se encontrou na associação.
Um dos primeiros passos foi a apresentação das pessoas...
Logo no começo teve uma
dinâmica para descontrair os participantes.
A oficina começa com a mobilização e reunião do grupo na comunidade.
Page 26
É hora de identificar os pontos fortes da comunidade, as
experiências de sucesso que deram certo...Depois disso
vamos descrever a comunidade dos
nossos sonhos.
Quais são nossas idéias
e sugestões?
Definindo os objetivos
e as prioridades...
Page 27
Definição de responsabilidades e detalhamento das ações para atingir cada
objetivo.
Avaliação da oficina...
O momento de encerramento da oficina deve ajudar na compreensão dos seus
resultados e no fortalecimento do grupo...
tivo:
Obje
Page 28
·
O acompanhamento das ações planejadas e
executadas deve estar em função da melhoria
dessas ações.
·
A avaliação exige um olhar geral e não apenas
sobre os aspectos específicos da experiência
realizada, com vistas a perceber os avanços
conquistados e o poder de continuar realizando e
aperfeiçoando ações em conjunto.
·
A avaliação inclui uma tomada de decisão sobre o
que foi executado e analisado, cuja função e valor
são também fortalecer a autonomia.
·
Você deve ter observado que as oficinas envolvem
o pessoal em atividades de reflexão e planejamento
coletivos e, para tanto, é importante que o material
produzido pelo grupo fique permanentemente
exposto nas paredes, de forma a reavivar na cabeça
das pessoas as idéias criadas ao longo da oficina.
Esta é uma forma de avaliação permanente e
realizada por todos.
·
O registro das reuniões pode ser escrito tanto pelo
facilitador durante ou ao final da oficina, como por
qualquer outra pessoa que se disponha a ajudar
nesta tarefa. O registro serve como memória coletiva,
ou seja, não é um instrumento de acompanhamento
e análise que serve apenas para o facilitador, mas
para o grupo.
“Tudo o que vale a pena ser feito, vale a pena ser
avaliado”. (Akerman, 2006)
Page 29
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto não
se vê nada, por aproximadamente 5 anos, exceto o lento
desabrochar de um diminuto broto, a
partir do bulbo. Durante 5 anos, todo o
crescimento é subterrâneo, invisível
a olho nu, mas... uma maciça e fibrosa
estrutura de raiz, que se estende
vertical e horizontalmente pela terra, está sendo
construída.
Então, no final do 5º ano, o bambu chinês
cresce até atingir a altura de 25 metros.
Um escritor, de nome Covey, escreveu:
"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais
ao bambu chinês.
Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que
pode para nutrir seu
crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas,
meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar
trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º
ano chegará e com ele virão um crescimento e mudanças
que você jamais
esperava...
O bambu chinês nos ensina que não devemos desistir tão
facilmente de nossos
projetos, de nossos sonhos... Especialmente em nosso
trabalho, que é um
projeto fabuloso que envolve mudanças de
comportamento, de pensamento, de
cultura e de sensibilização.
Em nossas ações devemos sempre lembrar do bambu
chinês, para não desistirmos
facilmente diante das dificuldades que surgirão.
Tenha sempre dois hábitos:
Persistência e Paciência, pois você merece alcançar
todos os seus sonhos!!!
É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo
tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.”
Page 30
Os seres humanos agem conscientemente e cada um
de nós é senhor de sua própria vida. Mas como
resolvemos o que fazer? Você em algum momento já
pensou em como você toma as suas decisões sobre o que
fazer em determinada situação? Você age
impulsivamente, fazendo “o que lhe der na telha" ou
analisa cuidadosamente as possibilidades a as
conseqüências, para depois resolver o que fazer?
A filosofia pode nos ajudar a pensar sobre nossa
própria vida. Chama-se ética a parte da filosofia que
ajuda a pensar as ações humanas e os seus fundamentos.
Um dos primeiros filósofos a pensar a ética foi
Aristóteles, que viveu na Grécia no século IV a.C. Esse
filósofo ensinava numa escola a qual deu o nome de
Liceu, e muitas de suas obras são resultados das
anotações que os alunos faziam das suas aulas. As
explicações sobre ética foram anotadas pelo filho de
Aristóteles chamado Nicômaco e, por isso, esse livro é
conhecido por nós com o título de Ética a Nicômaco.
Em suas aulas, Aristóteles fez uma análise do agir
humano que marcou decisivamente o modo de pensar
ocidental. O filósofo ensinava que todo conhecimento e
todo trabalho visam a algum bem. O bem é a finalidade
de toda ação. A busca do bem é o que difere a ação
humana da de todos os outros animais.
Ele perguntou: qual é o mais alto de todos os bens
que se podem alcançar pela ação? E como resposta
encontrou: a felicidade. Essa resposta formulada pelo
filósofo encontra eco até nossos dias. Tanto o homem do
cotidiano como todos os grandes pensadores estão de
acordo que a finalidade da vida é ser feliz. Identifica-se
o bem viver e o bem agir com o ser feliz.
No entanto, disse Aristóteles, a pergunta sobre o que
é a felicidade não é respondida igualmente por todos.
Cada um de nós responde de uma forma singular. Essa
singularidade na resposta é partilhada por outros
indivíduos com os quais convivemos. Portanto, no
processo de nossa educação familiar, religiosa e escolar
aprendemos a identificar e ser feliz com os valores que
sustentam nossas ações.
Toda produção histórica dos seres humanos consiste
em criar condições para que o homem seja feliz. Todas
as religiões, as filosofias de todos os tempos, as
conquistas tecnológicas, as teorias científicas e toda a
arte são criações humanas que procuram apresentar
condições para a conquista da felicidade. O processo
civilizatório iniciou-se como a promessa da felicidade.
Texto retirado de Gallo, 2003.
Page 31
Todos podem ser voluntários
Não é só quem é especialista em alguma coisa que pode
ser voluntário. Todas as pessoas têm capacidades,
habilidades, dons. O que cada um faz bem pode fazer
bem a alguém.
Voluntariado é uma relação humana, rica e solidária
Não é uma atividade fria, racional e impessoal. É relação
de pessoa a pessoa, oportunidade de se fazer amigos,
viver novas experiências, conhecer outras realidades.
Trabalho voluntário é uma via de mão dupla
O voluntário doa sua energia e criatividade, mas ganha
em troca contato humano, convivência com pessoas
diferentes, oportunidade de aprender coisas novas,
satisfação de se sentir útil.
Voluntariado é ação
Não é preciso pedir licença a ninguém antes de começar
a agir. Quem quer, vai e faz.
Voluntariado é escolha
Não há hierarquia de prioridades. As formas de ação são
tão variadas quanto as necessidades da comunidade e a
criatividade do voluntário.
Cada um é voluntário a seu modo
Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Alguns
voluntários são capazes, por si mesmos, de olhar em
volta, arregaçar as mangas e agir. Outros preferem atuar
em grupo, juntando os vizinhos, amigos ou colegas de
trabalho. Por vezes é uma instituição inteira que se
mobiliza, seja ela um clube de serviços, uma igreja, uma
entidade beneficente ou uma empresa.
Voluntariado é compromisso
Cada um contribui na medida de suas possibilidades mas
cada compromisso assumido é para ser cumprido. Uns
têm mais tempo livre, outros só dispõem de algumas
poucas horas por semana. Alguns sabem exatamente
onde ou com quem querem trabalhar. Outros estão
prontos a ajudar no que for preciso, onde a necessidade
é mais urgente.
Voluntariado é uma ação duradoura e com qualidade
Sua função não é tapar buracos e compensar carências.
A ação voluntária contribui para ajudar pessoas em
dificuldade, resolver problemas, melhorar a qualidade de
vida da comunidade.
Voluntariado é uma ferramenta de inclusão social
Todo mundo tem o direito de ser voluntário. As energias,
recursos e competências de crianças, jovens, pessoas
portadoras de deficiência, idosos e aposentados podem e
devem ser mobilizadas.
Voluntariado é um hábito do coração e uma virtude
cívica
É algo que vem de dentro da gente e faz bem aos outros.
No voluntariado todos ganham: o voluntário, aquele com
quem o voluntário trabalha, a comunidade.
Texto retirado do Portal do Voluntário, 2007.
Page 32
AKERMAN, Marco. Avaliação Participativa de Municípios, Comunidades e Ambientes
Saudáveis: a trajetória brasileira - memória, reflexões e experiências. São Paulo: Mídia
Alternativa, 2006.
BAUMAN, Zigmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2003.
GALLO, Silvio (Coord). Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. Elementos para o
Ensino de Filososfia. Campinas, SP: Papirus, 2003.
GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo: na educação e em outras
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GOHN, Maria da Glória. Educação Não-Formal e Cultura Política. São Paulo: Cortez,
1999.
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GONÇALVES, Ana Maria; e PERPÉTUO, Susan Chiode. Adolescência: Época de
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Roteiro para construir o Método Bambu na Comunidade. Recife: nov. 2005 (mimeo).
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SILVA, Rosalina Carvalho da. Metodologias participativas para trabalhos de promoção de
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MENEZES, Abel; FRANCO DE SÁ, Ronice e FREIRE, Socorro. O Método Bambu. In
Franco de Sá, R.; Yuasa, M. e Viana, V.. Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil
Conceitos, metodologia e relações institucionais. Recife: Ed. Universitária da UFPE,
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MELO FILHO, Djalma A.; FRANCO SÁ, Ronice e CHUMA, Junko. Avaliação de capital
social nas áreas de abragência do Projeto Municípios Saudáveis do Brasil. Recife: Editora
Bagaço, 2006.
FRANCO DE SÁ, Ronice; VIANA, Valdilene; NISHIDA, Misa e YUASA, Moto. UFPE
NUSP/Recife: Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil. In Akerman, M. e Mendes, R.
Avaliação participativa de municípios, comunidades e ambientes saudáveis: a trajetória
brasileira memória, reflexões e experiências. São Paulo: Mídia Alternativa, 2006.
SERRÃO, Margarida. BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver.
[colaboradores Feizi M. Milani, Gisele Ribeiro e Kátia Queiroz], _ São Paulo: FTD,
1999.
Page 33
DATA
HORA
LOCAL
NOME DO SUPERVISOR E FACILITADORES
Nº DE PARTICIPANTES
OBJETIVO
RESUMO DAS ATIVIDADES
MÉTODO BAMBU
RELATÓRIO DE REUNIÕES
MUNICÍPIO _____________________________________
Page 34
LISTA DE PRESENÇA
Data: ___/___/_____
Local: ___________________
NOME
ENDEREÇO/ FONE
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
Page 35
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
ótimo
bom
regular
ruim
Logística
Forma de convidar
Local de encontro
Espaço Físico
Adequação do tempo
Atuação
Condução dos facilitadores
Metodologia aplicada
Comportamento do Grupo
Alcance do objetivo pelo grupo
Satisifação geral dos participantes
Escuta do facilitador
Igualdade de condições para
falar
Auto-avaliação dos participantes
Comentários
Fazer comentários escritos se quiser
_________________________________________________________
Favor expressar suas impressões sobre os itens descritos na gradação ótimo,
bom, regular e ruim, marcando X.
Page 36
Escrever sua avaliação qualitativa
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Comentários
ótimo
bom
regular ruim
Logística
Forma de convidar
Local de encontro
Espaço Físico ( Sala etc.)
Adequação do tempo
Atuação
Condução como facilitador
Metodologia que aplicou e
Produtos
Envolvimento do Grupo
Alcance do objetivo pelo grupo
Olhar/Satisfação dos participantes
Conforto dos Participantes
Escuta dos condutores
Equidade das falas
Posturas corporais
Criatividade e bom-humor
Favor expressar suas impressões sobre os itens descritos na gradação ótimo,
bom, regular e ruim, marcando X.
Page 37
PROJETO MUNICÍPIOS SAUDÁVEIS NO NORDESTE DO BRASIL
MONITORAMENTO DO MUNICÍPIO _____________________
RESPONSÁVEL: _____________________________________
DATA: ____________
Objetivo previsto: _____________________________________
Atividades
previstas
Atividades
realizadas
Resultados
alcançados
Atividades
reprogramadas
Responsáveis Prazo
Page 38
Técnica: A Teia do Grupo
Objetivos: Propiciar o fechamento de uma etapa da
dinâmica grupal;
Possibilitar a despedida afetiva e/ou uma
avaliação carinhosa .
Material: Rolo de barbante ou novelo de lã.
Desenvolvimento:
1. Grupo em círculo, sentado.
2. O facilitador segura o rolo de barbante ou o novelo
de lã e inicia a atividade, jogando-o para um dos
participantes.
3. O participante que receber o rolo/novelo amarra o fio
no dedo indicador, de modo a manter a linha esticada .
Diz, então, uma palavra que represente seu
sentimento neste momento.
4. Escolhe um companheiro, olha-o, fala alto o nome
dele e atira-lhe o novelo. Segue se o mesmo
Page 39
procedimento, até que o novelo tenha passado por
todas as pessoas, formando uma teia. A teia das
relações.
5. Pedir que todos levantem o dedo em que o fio está
preso de modo que o grupo possa olhar a teia.
6. Solicitar que depositem a teia, com cuidado, no
chão.
7. Pedir que, lentamente, todo o grupo comece a
empurrar a teia até o centro da sala. Até o coração do
grupo.
8. Ao facilitador cabe falar sobre o sentimento grupal,
enquanto recolhe o “ bolo” de lã ou barbante, dando
com sua palavra um significado à emoção.
9. Fechamento: o facilitador solicita que todo o grupo
se dê um grande abraço - o abraço coletivo.
COMENTÁRIO:
Esta dinâmica trabalha com o lúdico e com as
emoções. É mobilizadora e permite que o participante
possa pensar sobre a sua relação como grupo ao final
de uma etapa de trabalho .
O facilitador precisa estar atento para o emergir
das emoções, permitindo que elas possam fluir, ao
mesmo tempo em que cuida para que não tomem
proporções indevidas, desviando a atenção e a
energia grupal do foco principal do trabalho, que deve
ser a percepção do vínculo existente entre os
componentes do grupo.
Dependendo do objetivo da atividade, pode-se
pedir ao grupo que, em vez de dizer uma palavra que
represente o sentimento do momento (item n° 3),
complete uma frase do tipo: “Aprendi que...”, “Pude
perceber que...” etc.
Page 40
Técnica: Apresentando a Qualidade
do Outro
Objetivos: Promover a integração e a troca; dar-se
conta das qualidades individuais.
DESENVOLVIMENTO:
1. Grupo em círculo, sentado.
2. O facilitador pede que se olhem, reconhecendo-se e
reconhecendo as qualidades positivas mais
marcantes de cada um.
3. Escolher um participante para que inicie o trabalho,
apresentando um companheiro para o grupo. Na
apresentação, seguir o modelo:
“Este (a) é_____ (nome)_____ , que é uma pessoa___
(qualidades pessoais)___”.
A princípio, não é permitido apresentar mais de uma
vez a mesma pessoa.
4. Quando todos tiverem sido apresentados, abrir ao
plenário para que cada um avalie as qualidades que
lhe foram atribuídas.
COMENTÁRIO:
É sempre positivo enunciar o que as pessoas
têm de bom, reforçando suas qualidades e tornando-
as conhecidas por todos.
Como só se trabalha o positivo, esta atividade é
leve e pode ser enriquecida, solicitando-se que uma
pessoa seja apresentada por mais de um componente
do grupo, ou que ela própria se apresente após ouvir
sua descrição feita por um companheiro.
Esta dinâmica deve ser realizada quando os
participantes já tem algum conhecimento entre si ou
em momentos em que o facilitador percebe ser
necessário elevar a “moral” do grupo ou trabalhar a
auto-estima.
Page 41
Técnica : O Que me Une
Objetivos: Possibilitar a troca afetiva entre os
participantes; expressar os sentimentos através da
linguagem corporal e verbal.
Desenvolvimento:
1. Grupo em círculo, de pé.
2. O facilitador pede que cada participante, em
seqüência , complete a seguinte frase: “O que me une
a este grupo é...”.
3. Quando todos tiverem se manifestado, solicitar que,
seguindo a seqüência no círculo, cada pessoa escolha
alguém, se dirija a esta, segure suas mãos e complete
a frase : “O que me une a você é...”
4. Ao completar a seqüência, pedir que um por vez vá
ao centro do grupo, expressando o seu sentimento
com um gesto ou movimento corporal, sem utilizar
palavras.
5. Plenário - compartilhar com o grupo suas
percepções :
* O que ouvi que mais me chamou a atenção?
* O que vi que mais me chamou a atenção?
Comentário:
Lidar com sentimentos e emoções exige uma
atenção especial por parte do facilitador. É preciso
estar atento para o que emergir do grupo, podendo,
desta maneira, intervir sempre que for necessário.
É importante que as pessoas que não foram
escolhidas se dêem conta de como se relacionam com
o grupo e que possam buscar novas atitudes que
favoreçam a integração.
Page 42
Material:
Gravador, fita cassete ou CD.
Desenvolvimento:
1. Formar dois círculos, de pé, um dentro do outro, com
o mesmo número de participantes, de modo a formar
duplas, frente a frente.
2. O facilitador coloca uma música alegre, solicitando
que ambos os círculos se movimentem para seu lado
direito, no ritmo. Quando a música for interrompida
pelo facilitador, o grupo deve parar onde estiver,
procurando arrumar-se frente a frente, formando um
novo par.
3. Os pares devem dizer o próprio nome um ao outro e
responder ambos à pergunta feita pelo facilitador.
4. Repetir o mesmo procedimento dos passos 2 e 3,
cinco ou seis vezes, com perguntas diferentes, de
acordo com o tema que se deseja trabalhar.
Exemplos:
?
O que em você mais atrai as pessoas?
?
O que você mudaria em si próprio ?
?
Qual a qualidade que mais aprecia em você ?
Comentário:
O facilitador pode aumentar o número de
questões, mudá-las ou adaptá-las para outras
temáticas. A atividade permite inúmeras variações e
pode, assim, ser realizada mais de uma vez, no
mesmo grupo, em diferentes ocasiões. O facilitador
deve ter cuidado nos momentos de pausa, para as
duplas não se repetirem.
Promover a integração entre os
participantes; estabelecer um clima de
maior intimidade dentro do grupo;
ampliar o conhecimento de si e do
grupo.
Técnica: Carrossel Musical
Objetivos:
Page 43
Esta dinâmica, além de trabalhar a integração
grupal, favorece o surgimento de percepções
relacionadas à identidade.
Na ausência de gravador, pode-se pedir ao
grupo que, ao circular, cante uma música.
Texto retirado de Serrão e Baleeiro, 1999.
Page 44
Começa tão frágil grama
Que o pé mais leve não toca
Diante da brisa sussurra
Ao vento forte verga
Mas não quebra
Tal como a água
Aponta para a modéstia
É moinho e canal
Arco e flecha
Flauta e asa
Garfo e colher colhem o alimento
Seu miolo é palmito
Não dá o peixe pronto
Ensina a pesca
Abel Menezes
É cerca e porta
Vela, barco e ponte
Parede, chão e teto
Mesa, cadeira e estante
Sua mensagem é ser flexível
dos pés a cabeça
coluna vertebral ereta
digna para cima cresce
e acrescenta, a cada vez, outros nós
Sua lição é que um pode ser mil
O bambu e o bombril.
Bandeiras da cidade em festa
Pipa brincadeira de criança
Mexe a cintura o prazer
Dança
Bambu Bambolê.
Page 45
ORGANOGRAMA DO PROJETO
“MUNICÍPIOS SAUDÁVEIS NO
NORDESTE DO BRASIL”
COMITÊ DE COORDENAÇÃO CONJUNTA DO PROJETO (CCCP)
Amaro Henrique Lins
Reitor da UFPE
Geraldo Júlio de Mello Filho
Secretário da SEPLAG/PE
Ronice Franco de Sá
Diretora do NUSP/UFPE
Luiz Quental Coutinho
Diretor Presidente da Agência CONDEPE/FIDEM
Vidya Alves Moreira
Yuri Souza
Representantes da ABC/Ministério das Relações Exteriores
Alberto George Pereira de Albuquerque
Prefeito de Barra de Guabiraba
Maria Lúcia Heráclito de Souza Lima
Prefeita de Bonito
José Geovane Bezerra
Prefeito de Camocim de São Félix
Everaldo Dias de Arruda
Prefeito de Sairé
José Lino da Silva Irmão
Prefeito de São Joaquim do Monte
Misa Nishida
Chefe da Missão Japonesa
Sadanobu Ueno
Saeko Yamamoto
Toshihiro Nakajima
Peritos da JICA
Masahiro Kobayashi
Coordenador do Escritório da JICA Brasil
GRUPO DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
Ronice Franco de Sá
Djalma Agripino de Melo Filho
Misa Nishida
Claudia Soares de Melo
Maria das Graças de Albuquerque Tavares
Mariza Maia de Andrade
Albanita Martins Cardoso Dias
GRUPO DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
Maria do Socorro Machado Freire
Janete Arruda Araújo
Saeko Yamamoto
Helena Miyuki Makiyama
Maria Aparecida Apolinário de Oliveira
Maria Edione da Silva
Elze Suely Costa Martins de Oliveira
GRUPO DE ARTICULAÇÃO E DIVULGAÇÃO
Rosane Paula de Senna Salles
Toshihiro Nakajima
Sadanobu Ueno
Paulo da Fonte
Page 46
Célia Maria Albuquerque Trindade
Cleber dos Santos Bunzen
Leandro Alberto de Castro Silva
José Amal Ferreira da Mota
João Francisco de Melo Neto
GRUPO DE APOIO
Edivaldo Ferreira da Silva
José Barboza lima Sobrinho
Margarida Hercilia dos Santos
Maria da Luz da Silva
Maria das Dores da Silva
Walberto do Carmo Vieira de Melo
ESTAGIÁRIOS
Daniella Cristina de Souza Lisboa -Terapia Ocupacional
Diana Maria Ribeiro de Sousa - Ciências Econômicas
João Henrique Lins Andrade Lima - Design Gráfico / Webdesign
Maria Rafaella da Fonseca Pimentel Nutrição
Milena de Melo Cavalcanti Medicina
Milena Oliveira de Morais e Silva Enfermagem
Mônica Zaira de Siqueira Melo - Serviço Social
Monique Feitosa de Souza Enfermagem
Nathália Soares Campos Medicina
Rafaela de Melo Vasconcellos - Com. Social / Jornalismo
Sérgio Rodrigo da Silva Santos - Com. Social / Rádio
E TV
Talita Poliana Guedes da Silva Turismo
Waleska Maria Chaves Lima - Pedagogia
SUPERVISORES E FACILITADORES
MUNICÍPIO DE BARRA DE GUABIRABA
José Inaldo Isaac de Macedo Supervisor
Ezequiel Cícero da Silva Supervisor
Paulo Rufino Facilitador
Darlene Glória Torres X. da Silva Facilitadora
Waldiane Bezerra da Silva - Facilitadora
Jucélia Rufino- Facilitadora
MUNICÍPIO DE BONITO
José Wemerson de Oliveira - Supervisor
Mônica Maria Rodrigues de Lima - Supervisora
Cícero Rodrigues dos Santos Facilitador
Gilsomar Silva - Facilitador
Wagner Wilker Lopes Brainer Facilitador
MUNICÍPIO DE CAMOCIM DE SÃO FÉLIX
Isaura Cristina Pereira Supervisora
José Márcio Mendonça da Silva Supervisor
Adalberto José de Santana Facilitador
Maria do Carmo Cesário - Facilitadora
MUNICÍPIO DE SAIRÉ
José Wendes de Oliveira Supervisor
Ilca Cristina da Silva Supervisora
Eugênio Galvão Facilitador
Ana Cabral da Silva Facilitadora
Lindinaldo Araújo Bezerra
Maria Aliete Torres Ferreira Facilitadora
MUNICÍPIO DE SÃO JOAQUIM DO MONTE
Agrício Armando dos Santos Supervisor
Walter Silva Supervisor
Maria Amara Barbosa Facilitadora
Maria do Socorro dos Santos
Arlane Barbosa

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A TERAPIA COMUNITÁRIA COMO POLÍTICA PÚBLICA

Pouco a pouco se fez (e se faz) um caminho

A TC é uma metodologia que proporciona o encontro entre as pessoas para que conheçam melhor a si e à comunidade em que vivem, e juntos busquem alternativas para lidar com os problemas do cotidiano.

A TC foi criada e aprimorada pelo Prof. Dr. Adalberto Barreto da Universidade Federal do Ceará a partir de sua experiência com os moradores da favela do Pirambu em Fortaleza-Ceará. De início enfrentou o desafio de favorecer a saúde comunitária e a inserção social lidando com a complexidade vivenciada pelas pessoas com baixa renda. O principal desafio foi unir o saber acadêmico e o saber popular numa perspectiva de complementaridade, num ?choque criativo?, como ele mesmo nomeia, de modo a ampliar as possibilidades de resolução dos problemas vividos no cotidiano (Barreto, 2008).

A utilização e o aprimoramento desta metodologia ao longo dos anos têm demonstrado, por meio de pesquisas, resultados muito relevantes na atuação junto às comunidades, em especial com maiores vulnerabilidades sociais. Tais resultados possibilitaram que a TC adquirisse status de política pública em âmbito municipal, estadual e federal (Camarotti e Gomes, 2008).

A Terapia Comunitária

Conforme apresentado a Terapia Comunitária é uma metodologia de intervenção nos grupos sociais que objetiva a criação e o fortalecimento de redes sociais solidárias. Alicerça-se no princípio que a comunidade possui seus problemas mas também desenvolve estratégias para lidar com sua realidade. A TC é um espaço de acolhimento para as pessoas que favorece a troca de experiências entre elas. Todos têm oportunidade de reconhecer os saberes adquiridos com a experiência de vida e a colaborar com o seu bem estar, auto-conhecimento, auto-estima e também dos demais participantes do grupo.

A TC foi desenvolvida segundo os seguintes pilares teóricos: pensamento sistêmico, antropologia cultural, teoria da comunicação, pedagogia de Paulo Freire e resiliência (Barreto, 2008). Estes fundamentos evidenciam que a base de sustentação da TC está ancorada na visão complexa dos fatos, no respeito à diversidade cultural, no resgate e valorização dos saberes adquiridos e na capacidade de superação das pessoas.

Para que a TC aconteça é necessária a presença de um terapeuta comunitário. Ele é responsável pela condução do grupo de acordo com os princípios e a sistemática da TC.

O terapeuta comunitário à medida que coordena possibilita que as histórias de vida dos participantes sejam valorizadas, assim como seus recursos culturais. É um processo que favorece o resgate da identidade individual e coletiva, da auto-estima, da confiança em si, da ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução (Senad, 2006).

Pesquisa realizada em 2005/2006 com base em 12.000 rodas de terapia comunitária identificou vários benefícios propiciados pela participação nos grupos. Destacou-se dentre os dados levantados que das situações problema trazidas pelos participantes apenas 11,5% necessitaram encaminhamento para serviços especializados, ou seja, 88,5% encontraram resolutividade na própria TC e nos recursos locais como grupos de ajuda-mútua, vizinhos, entre outros, evidenciando a força de auto-cuidado existente na própria comunidade (Barreto, 2008).

A pesquisa mostrou que os grupos sociais têm iniciativa nos seus processos de cuidado, não ficando a cargo somente de serviços especializados. Outra reflexão que reforça a concepção da capacidade de auto-cuidado dos grupos é a constatação de que a promoção de redes sociais que resultem em vínculos de solidariedade entre as pessoas constitui-se num fator de promoção à saúde individual, familiar e coletiva.

A Terapia Comunitária nas políticas públicas

Os resultados demonstrados ao longo dos anos têm chamado a atenção de autoridades governamentais que reconhecem a contribuição da TC na promoção da qualidade de vida das pessoas. Estes benefícios fundamentaram o posicionamento da TC como uma política pública em várias áreas como a educação, saúde, segurança pública, justiça e ação social.

O baixo custo, a alta efetividade, o empoderamento das comunidades e a busca de soluções participativas alicerçam a TC como uma política pública adequada no atendimento das diversas e complexas demandas presentes no contexto social brasileiro.

Outro dado relevante que favoreceu o apoio governamental diz respeito à grande capilaridade do movimento da TC no Brasil. A rede da TC é ampla, contando com 12000 terapeutas comunitários que atuam em suas comunidades como voluntários ou associando a TC à sua atuação profissional (pública ou privada). A formação e o acompanhamento dos grupos também encontram-se estruturados. Todas as regiões brasileiras possuem Pólos de Formação, num total de 36, e os terapeutas comunitários estão organizados pela Associação Brasileira de Terapia Comunitária ? ABRATECOM .

A seguir serão apresentados alguns exemplos de validação oficial da TC no âmbito das políticas públicas. A TC é reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma política pública de saúde na atenção básica às famílias. O Ministério da Saúde está investindo na capacitação de profissionais do Programa Saúde da Família em Terapia Comunitária. O objetivo é que a prática da TC seja incorporada às ações do PSF com uma estratégia de saúde da família.

A Secretaria Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas da Presidência da República também valida a TC como uma política pública que contribui na prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e familiares de dependentes de drogas. Investiu na capacitação de 800 profissionais e lideranças comunitárias nos anos de 2005 e 2006 para ampliar e fortalecer a rede de atenção relacionada à atenção na área de drogas.

Outro exemplo de destaque é o reconhecimento da TC pela Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. No momento atual integra as ações da rede de saúde primária do município.

A TC faz parte hoje das políticas públicas de saúde e de prevenção e atenção na área de drogas. Estes são exemplos significativos à medida que evidenciam um percurso que foi construído e consolidado a muitas mãos, com especial ênfase na participação comunitária.

A experiência trilhada pela TC para a validação como política pública é notória. Foram necessários anos de saberes acumulados, persistência diante de inúmeros obstáculos, permanência e aprimoramento da ação, articulação entre pessoas e instituições do país, participação das comunidades envolvidas e validação por pesquisa.

Vemos, desta forma, a caminhada iniciada há mais de 20 anos pelo Dr. Adalberto e os moradores do Pirambu consolidando-se e aprimorando-se ainda mais, contribuindo para a grande rede de atuação comunitária existente no país que busca efetivamente colaborar para que as pessoas possam viver bem, com qualidade. O princípio da solidariedade, base de sustentação da TC, é reforçado pela importância da articulação entre governo e sociedade e entre os próprios movimentos sociais existentes. O objetivo é comum a todos: contribuir para o bem estar social. O reconhecimento desta rede é fundamental para que este objetivo possa ser alcançado.

A TC reconhece-se como um elo importante neste tecido social e busca, da melhor forma possível, contribuir nos contextos onde atua. Consciente de que um elo é tão mais forte quanto a força da rede que integra. É como diz a canção ?um mais um é sempre mais que dois?.

Referências bibliográficas

BARRETO, A. (2008) Terapia Comunitária Passo a Passo. Fortaleza, Grática LCR, 2005. p.335.

CAMAROTTI, M.H.. GOMES, D. O (2008) Terapia Comunitária: circularidade nas relações sociais. In Osório, L. C. e Valle,M. E. P. Manual de Terapia Familiar.ArtMed. RS

SENAD. (2006) A Prevenção do Uso de Drogas e a Terapia Comunitária. Brasília, 2006.

Por Doralice Oliveira Gomes
doralice32@hotmail.com

Doralice Oliveira Gomes. Psicóloga, terapeuta comunitária, coordenadora administrativa da implantação da Terapia Comunitária na Rede SUS, coordenadora pedagógica da implantação da Terapia Comunitária nas comunidades indígenas, consultora de projetos governamentais, não governamentais e de organismos internacionais, ex-coordenadora geral de prevenção da Secretaria Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

2010 - UM NOVO ANO

Á Rede, teia da vida, círculo de amorosidades...

Um profundo pensar nos traz a revisão dos acontecimentos...
Tudo que já se passou, dentro do mesmo ano, em quatro estações...

Veio o sol, o calor, o frio, o vento, as folhas caíram, os frutos nasceram...

Descemos e subimos quantas vezes?

Criamos e recriamos. Desejamos, falecemos, renascemos..
Construímos, desconstruímos, reconstruímos...
Amamos, sofremos, crescemos....

Que em 2010, façamos primaveras em nossas vidas, que nossos PROJETOS sejam regados de sol, terra e amor mais uma vez;
Que o guerreiro reencontre o seu caminho;
Os poetas continuem a pincelar seus versos de vida;
Os pintores, a escrever as cores no seu cotidiano;
Que nosso caminhar, seja sereno e firme;

Que sejamos mais uma vez, lembrados pelo que somos e não pelo que fazemos..
Que este ano, seja o ano da transmutação, da transformação alquímica ...

Que possamos dar as mãos e cantar juntos em direção a um ano novo de possibilidades...

Estes, são os votos do MITCO para os amigos e cirandeiros-aventureiros da vida...
um renascer constante, em busca do sol...